Ana Carolina Peliz
Uma amiga parisiense me convidou, na quarta-feira, para ver uma exposição no Museu d’Orsay que, segundo ela, tinha recebido ótimas críticas. O dia estava maravilhoso, então eu resolvi fugir das minhas obrigações e me permitir um pouco de turismo.
Tudo correu às mil maravilhas, até chegar a hora do almoço. Como tínhamos apenas duas horas para ver a exposição e comer, eu tive a infeliz ideia de sugerir o Café Campana, a cafeteria do museu recentemente reformada pelos irmãos brasileiros de mesmo nome.
Minha decepção foi enorme quando observei que a decoração se resumia a lustres, cadeiras e umas cestas onde só cabiam dois pequenos pães.
Decepção que se repetiu no prato. Eu tive que perguntar para a garçonete se o micro-ondas utilizado para descongelar a comida, uns pobres macarrões ultra-cozidos que nadavam em um molho pálido, também tinha sido concebido pelos tão famosos designers. A única coisa bem temperada foi a conta, que veio inclusive com muito sal.
Ao sair da exposição, ainda estávamos com fome e decidimos entrar em um café chamado Paris Orsay, onde me serviram uma crepe que posso comprar em qualquer supermercado por 1 euro o pacote com 10, mas tive que pagar 10 euros por uma. Vi que dois turistas brasileiros entravam no lugar e disse que se salvassem enquanto podiam e se abrigassem em algum restaurante seguro e de preferência, bem longe dali.
Este é um grande problema em Paris: a cidade é conhecida pela gastronomia, mas se você estiver perto do Museu do Louvre, da Torre Eiffel ou de qualquer outro ponto turístico, vai ter que andar alguns quilômetros para encontrar um bom lugar para comer sem se arruinar.
O problema nem é só comer mal, mas pagar caro por uma comida de péssima qualidade, enquanto você poderia comer pratos caseiros, com bons preços, em outros lugares. E não é só a comida que é cara. Em Saint Germain, centro da vida turística parisiense, você pode chegar a pagar até 3 euros por um café que normalmente custa pouco mais de 1 euro duas paradas de metrô mais longe.
Eu tenho alguns endereços que costumo indicar para meus amigos que visitam Paris, mas é preciso andar um pouco e conseguir encontrar. Além disso, não garanto a qualidade da comida, apenas o preço.
O problema é que é difícil até para quem mora em Paris, já que normalmente fugimos destes lugares. Como saber onde comer bem nas proximidades dos lugares turísticos sem pagar caro? Esta pergunta nem eu nem minha amiga que cresceu em Paris sabemos responder. Aceitamos sugestões.
Ana Carolina Peliz é jornalista, mora em Paris há cinco anos onde faz um doutorado em Ciências da Informação e da Comunicação na Universidade Sorbonne Paris IV
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