O Teatro La Fenice merece o título de obra-prima quatro vezes! Sua acústica é perfeita e por seu palco passa óperas, concertos, balés, peças. É um teatro tecnicamente moderno e sua beleza, apesar de ser cópia de cópias, merece o título de obra-prima arquitetônica por sua história.
Assistir um espetáculo no La Fenice é inesquecível. Aqui vai um pouquinho de sua epopeia.
Em 1º de novembro de 1789 um grupo de amantes da ópera se reuniu e fez publicar o edital de convocação da construção do La Fenice, o célebre teatro de Veneza. Convocava arquitetos italianos ou estrangeiros para enviar plantas e desenhos que propusessem um teatro que fosse o mais satisfatório para os olhos e para os ouvidos.
O novo teatro iria substituir o San Benedetto, que durante mais de 40 anos fora a mais importante Casa de Óperas de Veneza e que sofrera um incêndio devastador, que arrasara completamente todo o prédio.
Os trabalhos começaram em 1790 e em 1792 o novo teatro estava pronto. Recebeu o nome de La Fenice (A Fênix), a lendária ave que renasce das cinzas.
A primeira apresentação foi com Os Jogos de Agrigento, de Giovanni Paisiello, com libreto de Alessandro Pepoli. Pouco a pouco adquire renome e acolhe músicos como Rossini, Bellini, Donizetti.
Em 1832 sofre um incêndio e é inteiramente destruído. Outra vez os venezianos se unem para reerguê-lo. E em 1837 lhe dão o mesmo nome, La Fenice.
La Fenice, 1937: desenho cujo original está no Museu Correr
Volta a ser o templo de boa música para os apaixonados por ópera. Foi no La Fenice que estrearam, de Giuseppe Verdi, as óperas Hernani (1844), Attila (1846); Rigoletto(1851); La Traviata (1853); Simon Boccanegra (1857); e de Ruggero Leoncavallo, La Bohème, em 1897.
A II Guerra Mundial interrompe seu curso, mas novamente o La Fenice renasce e chega a apresentar obras modernas como as de Stravinski e Britten. Novamente a fênix renasce em toda sua glória.
Mas eis que em 1996 dois incendiários, dois criminosos, ateiam fogo àquela joia arquitetônica e musical. Todo o interior foi destruído, somente as paredes externas ficaram de pé.
Outra vez a cidade de Veneza teve garra e coração e ajudada pelo Estado italiano e pela comunidade internacional, comovida com o trágico destino de um lugar que só difunde música e beleza, reergueu seu teatro, ao qual deu o mesmo nome.
Foi devolvido ao público em 2003.
A saga do La Fenice e seu nome me fizeram compreender porque sou, e reconheço que sou, teimosa... Está no DNA vêneto.
Teatro La Fenice, Campo San Fantin, Veneza
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