As sequelas da Segunda Guerra Mundial, o Holocausto, as bombas de Hiroshima e Nagasaki, a Guerra Fria que dividia o mundo em dois campos inimigos, também impuseram sua marca nas Artes. Na Escultura, assim como na Literatura, havia um sentimento que a Arte deveria retornar às origens da cultura, às origens pré-racionais, e se reinventar.
Jean Paul Sartre, em Nova York, num discurso que fez na inauguração de uma exposição de Alberto Giacometti, um dos grandes escultores modernos, falou “no início e no fim da História”, advogando uma filosofia que retornasse ao início, para depois recomeçar.
Da mesma forma, Henry Moore, levado pelo sentimento de ver a sua Inglaterra emergir invicta do terrível assédio que sofreu, achou que devia criar obras que falassem da resistência e do sentimento de continuidade do Homem.
Pelos seus bronzes, em escala monumental, ele se dedicara à moldagem e contratara auxiliares para ajudá-lo a produzir as imensas formas baseadas nas maquetes em gesso ou argila, usando a técnica da “cera perdida” para transformar a obra em bronze.
As maquetes, que começavam sempre pequenas, feitas pelas mãos do artista, só depois ganhavam as dimensões necessárias à criação que ele tinha em mente. São elas que dão à obra de Henry Moore essa qualidade orgânica: percebemos que foi um homem quem as criou.
Durante algumas décadas Henry Moore foi a voz da escultura britânica e muitos jovens escultores eram constantemente comparados com ele, o que provocou, como sempre aconteceu desde que o mundo é mundo, a reação dos novos.
Nada disso impediu que ele fosse agraciado com todas as honras oficiais que poderia receber. Essas distinções, além de fazer justiça ao grande artista que ele foi, demonstraram a extensão da aceitação, pela elite intelectual britânica, da Arte Moderna e, ao mesmo tempo, a força da roda que faz o mundo girar: o artista que começou como um contestador, acabava como símbolo maior do “establishment”.
Henry Moore nasceu em Castleford, Yorkshire e faleceu aos 88 anos em Hertfordshire, no dia 31 de agosto de 1986.
A imagem de hoje mostra a obra que fez de Moore um escultor popular na Alemanha. Instalada nos jardins da Chancelaria, em Bonn, em 1979, quando aquela cidade ainda era a capital da República Federal da Alemanha, seu nome é Large Two Forms.
‘Duas Grandes Formas’ é escultura para ser observada de longe e apreciada de perto, pois podemos passear à sua volta e passar por entre as duas formas. As duas peças que se sobrepõem podem ser interpretadas como macho e fêmea prestes a se fundir num abraço erótico de alta intensidade.
Em bronze, mede 360 x 610 x 435 cm.
Acervo da municipalidade de Bonn, Alemanha
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