Planalto comanda defesa do ex-presidente, após avaliação de que oposição quer desconstruir sua imagem para enfraquecer campanha à reeleição; ao mesmo tempo, partido tenta conter insatisfeitos que podem trazer a público novas denúncias
15 de dezembro de 2012 | 16h 20
Vera Rosa - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Na tentativa de conter o desgaste na seara política, a presidente Dilma Rousseff usará o pronunciamento de fim de ano para fazer um balanço otimista da primeira metade de seu mandato, apesar do fiasco na economia, e destacar que o País criou alicerces para o crescimento. Dilma avalia que a oposição só está empenhada em desconstruir a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para enfraquecê-la na disputa pela reeleição, em 2014, e quer mostrar que o Brasil vive hoje uma “nova fase”.
O pronunciamento de Dilma,em rede nacional de rádio e TV, ocorrerá perto do Natal, como de praxe, e será gravado nesta semana. No momento em que a economia tem desempenho pífio, o PT é alvejado pelo julgamento do mensalão e Lula fica na berlinda, denunciado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, o marqueteiro João Santana alertou o governo sobre a necessidade de jogar os holofotes sobre as conquistas da gestão Dilma.
Ao mesmo tempo, emissários do PT tentam acalmar petistas revoltados, como Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência, em São Paulo, Freud Godoy, ex-assessor de Lula, e Paulo Vieira, ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA). Todos foram flagrados em escândalos, perderam os seus cargos e fazem ameaças veladas de envolver integrantes do governo nas operações irregulares.
A estratégia do Palácio do Planalto para conter o que o PT define como tentativa da oposição de “matar” Lula para atingir Dilma tem várias frentes. Uma delas é a defesa do legado lulista. A outra consiste em tirar projetos parados do papel e criar uma agenda para mostrar que o terceiro ano de governo é sempre melhor. A tática prevê, ainda, o apoio à criação de uma CPI para investigar a “privataria tucana”, em 2013.
O objetivo declarado da CPI,ainda não aprovada, é vasculhar o processo de privatização de estatais no governo Fernando Henrique (1995-2002). Na prática, porém, o PT está dando o troco à ofensiva liderada pelo PSDB, DEM e PPS, que pedem investigação contra Lula na Procuradoria-Geral da República. A representação foi feita depois que Marcos Valério, operador do mensalão, disse ao Ministério Público, em depoimento divulgado pelo Estado,que o esquema da compra de votos parlamentares ajudou a bancar despesas de Lula.
Bandejão.“Parece que ele (Marcos Valério) pegou uma série de fatos e fez um bandejão para ver se colava, mas não há prova de nada”, disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “Trata-se de uma tentativa desesperada de alguém condenado a 40 anos de prisão, no julgamento do Supremo Tribunal Federal, para conseguir pena menor.”
Em viagem internacional, Dilma enviou recado pedindo a ministros, parlamentares e governadores do PT que saíssem em apoio a Lula, como ela própria fez, ao considerar “lamentáveis” as tentativas de desgastar o ex-presidente. No Planalto, auxiliares da presidente afirmam que Lula “é como um gato, que tem sete vidas” e não será acuado por um réu “sem credibilidade”.
O ambiente hostil entre governo e oposição antecipa a briga pela Presidência, daqui a dois anos. “Vamos deixar que o Brasil julgue e avalie se Marcos Valério tem ou não credibilidade”, provocou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato tucano à cadeira de Dilma. “O que eu vejo é que esse empresário assusta, e assusta muito, grande parte do PT, que manteve com ele relações muito íntima.”
Enquanto petistas passaram os últimos dias apontando o dedo para o “mensalão tucano”, com origem em Minas, o PSDB explorou os escândalos que chegaram até o escritório da Presidência, em São Paulo. Nomeada por Lula, Rosemary foi demitida por Dilma, mas a máfia dos pareceres fraudulentos desvendada pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, pode ter ramificações que vão além das agências reguladoras e da Advocacia-Geral da União.
“É preciso um freio de arrumação na política do País e do governo”, afirmou o senador Jorge Viana (PT-AC). “Com tanta coisa que temos para fazer, consumir o tempo com esse enfrentamento estéril não leva a nada.”
Para Viana, Dilma deve aproveitar sua popularidade e andar mais pelo País, em 2013, assim como Lula, que pretende reeditar as “caravanas” feitas nas campanhas.“Ela precisa adotar uma posição firme e dizer a todos que virem essa página do confronto político, para a gente poder trabalhar”, insistiu o senador, que é ex-governador do Acre e tem bom relacionamento com o PSDB.
Nesta semana, porém, uma nova batalha entrará em campo no Congresso, quando a oposição tentará, mais uma vez, pôr o PT na defensiva e aprovar as convocações de Marcos Valério, de Rosemary e do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.
“Estamos numa guerra onde quem bate, leva”, admitiu o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). Futuro secretário de Transportes da Prefeitura de São Paulo,Tatto foi criticado até no PT pela iniciativa de propor a convocação de Fernando Henrique, que acabou aprovada. “Eu confesso que a capacidade do PT de produzir uma agenda negativa é maior do que nossa capacidade de enfrentá-la”, ironizou Aécio.
O pronunciamento de Dilma,em rede nacional de rádio e TV, ocorrerá perto do Natal, como de praxe, e será gravado nesta semana. No momento em que a economia tem desempenho pífio, o PT é alvejado pelo julgamento do mensalão e Lula fica na berlinda, denunciado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, o marqueteiro João Santana alertou o governo sobre a necessidade de jogar os holofotes sobre as conquistas da gestão Dilma.
Ao mesmo tempo, emissários do PT tentam acalmar petistas revoltados, como Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência, em São Paulo, Freud Godoy, ex-assessor de Lula, e Paulo Vieira, ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA). Todos foram flagrados em escândalos, perderam os seus cargos e fazem ameaças veladas de envolver integrantes do governo nas operações irregulares.
A estratégia do Palácio do Planalto para conter o que o PT define como tentativa da oposição de “matar” Lula para atingir Dilma tem várias frentes. Uma delas é a defesa do legado lulista. A outra consiste em tirar projetos parados do papel e criar uma agenda para mostrar que o terceiro ano de governo é sempre melhor. A tática prevê, ainda, o apoio à criação de uma CPI para investigar a “privataria tucana”, em 2013.
O objetivo declarado da CPI,ainda não aprovada, é vasculhar o processo de privatização de estatais no governo Fernando Henrique (1995-2002). Na prática, porém, o PT está dando o troco à ofensiva liderada pelo PSDB, DEM e PPS, que pedem investigação contra Lula na Procuradoria-Geral da República. A representação foi feita depois que Marcos Valério, operador do mensalão, disse ao Ministério Público, em depoimento divulgado pelo Estado,que o esquema da compra de votos parlamentares ajudou a bancar despesas de Lula.
Bandejão.“Parece que ele (Marcos Valério) pegou uma série de fatos e fez um bandejão para ver se colava, mas não há prova de nada”, disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “Trata-se de uma tentativa desesperada de alguém condenado a 40 anos de prisão, no julgamento do Supremo Tribunal Federal, para conseguir pena menor.”
Em viagem internacional, Dilma enviou recado pedindo a ministros, parlamentares e governadores do PT que saíssem em apoio a Lula, como ela própria fez, ao considerar “lamentáveis” as tentativas de desgastar o ex-presidente. No Planalto, auxiliares da presidente afirmam que Lula “é como um gato, que tem sete vidas” e não será acuado por um réu “sem credibilidade”.
O ambiente hostil entre governo e oposição antecipa a briga pela Presidência, daqui a dois anos. “Vamos deixar que o Brasil julgue e avalie se Marcos Valério tem ou não credibilidade”, provocou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato tucano à cadeira de Dilma. “O que eu vejo é que esse empresário assusta, e assusta muito, grande parte do PT, que manteve com ele relações muito íntima.”
Enquanto petistas passaram os últimos dias apontando o dedo para o “mensalão tucano”, com origem em Minas, o PSDB explorou os escândalos que chegaram até o escritório da Presidência, em São Paulo. Nomeada por Lula, Rosemary foi demitida por Dilma, mas a máfia dos pareceres fraudulentos desvendada pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, pode ter ramificações que vão além das agências reguladoras e da Advocacia-Geral da União.
“É preciso um freio de arrumação na política do País e do governo”, afirmou o senador Jorge Viana (PT-AC). “Com tanta coisa que temos para fazer, consumir o tempo com esse enfrentamento estéril não leva a nada.”
Para Viana, Dilma deve aproveitar sua popularidade e andar mais pelo País, em 2013, assim como Lula, que pretende reeditar as “caravanas” feitas nas campanhas.“Ela precisa adotar uma posição firme e dizer a todos que virem essa página do confronto político, para a gente poder trabalhar”, insistiu o senador, que é ex-governador do Acre e tem bom relacionamento com o PSDB.
Nesta semana, porém, uma nova batalha entrará em campo no Congresso, quando a oposição tentará, mais uma vez, pôr o PT na defensiva e aprovar as convocações de Marcos Valério, de Rosemary e do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.
“Estamos numa guerra onde quem bate, leva”, admitiu o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). Futuro secretário de Transportes da Prefeitura de São Paulo,Tatto foi criticado até no PT pela iniciativa de propor a convocação de Fernando Henrique, que acabou aprovada. “Eu confesso que a capacidade do PT de produzir uma agenda negativa é maior do que nossa capacidade de enfrentá-la”, ironizou Aécio.
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