O uso de cajados, ou bastões, vem de longe. Da antiguidade. O objetivo inicial era ajudar na caminhada e no pastoreio. Com o correr do tempo foi se transformando e ao passar a ser usado pelos moradores das cidades, foi deixando de ser rude, foi ficando mais parecido com as roupas de suas usuários e com a vida que levavam.
Nunca perdeu a utilidade de ajudar na caminhada, no entanto, pois as cidades, muitas vezes, ofereciam tantos perigos quanto o campo.
A grande mudança ocorreu lá pelos séculos 18 ou 19 quando passou a ser encarado como um item do guarda-roupa de um elegante, um símbolo do status de seu proprietário. E até mudou de nome. Passou a ser referido como walking stick ou caneem inglês, por ser feito, na maioria das vezes, de cana-da-índia. Em francês, de baston. Em português, bastões de caminhada ou bengala.
Acredita-se que na Rússia de Pedro, O Grande, dado seu conhecimento da vida diária na Europa e das coleções dos museus europeus, o interesse se desenvolveu mais rapidamente já que a corte de São Petersburgo se inspirava nas demais cortes europeias em assuntos de gosto e refinamento.
Considerado o pai da Rússia moderna, Pedro nasceu em Moscou no dia 9 de Junho de 1672 e faleceu em São Petersburgo, no dia 8 de Fevereiro de 1725. Ei-lo acima em toda a sua pompa, em um quadro que faz parte do acervo do Hermitage.
Grande colecionador, inicio a semana com algumas das bengalas de sua coleção:
Da esquerda para a direita:
1) A bengala feita de junco espanhol, oco, tem o cabo em marfim. O cabo pode ser desatarraxado e dentro estão guardados alguns instrumentos de medição. Pedro, O Grande usava esses instrumentos quando visitava prédios em construção ou estaleiros.
Origem: Russia, início do século 18, mede 90 cm
Origem: Russia, início do século 18, mede 90 cm
2) Feita em marfim e belissimamente esculpida com se fosse um galho de loureiro. O cabo tem o formato de um cubo encimado por uma coroa.
Russia, século 18, mede 92 cm
Russia, século 18, mede 92 cm
3) Uma bengala feita com junco muito claro tendo o cabo decorado com anéis de prata. No cabo está montado um pequeno óculo.
Russia, início do século 18, mede 101,5cm
Russia, início do século 18, mede 101,5cm
4) A presa de uma baleia do Ártico, muito rara, é o corpo dessa bengala. Qualquer coisa feita com esse osso é considerada uma raridade, com um valor muito alto, além de extremamente prezada por seus donos. Pedro, O Grande tinha especial apreço por essa bengala. O cabo é em madeira, com anéis de prata. A mim me parece que essa é a bengala que ele tem na mão direita no quadro acima.
Russia, inìcio do século 18, mede 86 cm
Russia, inìcio do século 18, mede 86 cm
5) Essa bengala-óculo é feita de junco espanhol, oco. Tem um cabo em marfim e uma ponteira de cobre para proteger as lentes, que estão intactas.
Russia, início do século 18, mede 91.5 cm.
Russia, início do século 18, mede 91.5 cm.
Acervo Museu Hermitage, São Petersburgo
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