Cesar Ramos
Uma equipe de futebol exige disciplina, preparação física, psicológica, e tática de atuação. Nenhum treinador escapa dessas tarefas a serem ministradas ao elenco. Os melhores, os treinadores campeões são aqueles que conseguem harmonizar essas características dentro do grupo. Mano Meneses se alinha entre os cinco mais competentes treinadores com atuação no Brasil. Até a pouco estava à serviço da CBF. O clube que lhe contratar, com certeza, tem na personalidade um passaporte às maiores conquistas.
Diversamente dos treinadores de clubes, sempre limitados à capacidade dos contratantes, o da seleção brasileira pode escolher entre aqueles que entende mais perto da perfeição. Com raríssimas exceções, esses jogadores já chegam consagrados por suas performances nos correspondentes campeonatos.
O técnico do selecionado recebe o jogador já preparado por treinadores muitas vezes até mais competentes do que ele próprio. Ele pode escolher o de melhor drible, o mais rápido, melhor lançamento, o mais eficiente na defesa, o de melhor forma, o que entende com inteligência acima da média, o maior goleador, o que reúne a maior quantidade desses atributos, enfim, formar uma esquadra de fazer inveja a qualquer colega clubístico.
Os jogadores selecionados assim o são justamente pelo alto grau de preparo que apresentam. Quando um treinador de seleção quer mudar as características do jogador, seja querendo aperfeiçoar seu desempenho atlético, técnico, ou tático, ou mesmo inventar alguma estratégia diferente, corre o risco não apenas de estragar o atleta, como principalmente contar com sua antipatia. Nesta perpectiva lembro das raras exceções – Cláudio Coutinho, que apresentou ao mundo o genial overla0pping, e um estrangeiro, Rinus Michel, que ofereceu o Carrossel Holandês. Nenhum desses capacitados coaches, todavia, logrou a Jules Rimet.
Vicente Feola foi o primeiro treinador brasileiro campeão do mundo. Dormia no banco. Coube ao Enciclopédia Nilton Santos e ao magistral Didi escalarem Pelé e Garrincha. Feola sequer conhecia Garrincha.
Aymoré Moreira somente veio a ser o treinador campeão de 1962 graças à seu irmão Zezé Moreira, este sim um profissional já testado nos campos brasileiros. Aymoré não era acostumado a treinar time algum. Pegou o time pronto de 58, e confirmou a supremacia sem maior esforço.
Quando Feola voltou, em 66, requisitou quarenta atletas para colocar no jogo aqueles que obedecessem ao padrão necessário. Maior fiasco não se viu.
Ao sortudo Zagallo recaiu as Feras de Saldanha. Mandou-lhes jogarem.
Parreira aprendeu o dobrado, e apenas sorria
Já presumivelmente testados, e aprovados, numa seleção brasileira, são os craques as grandes estrelas, Se qualquer treinador almejar brilho maior do que os protagonistas, neste momento tenderá ser apagado. E, ainda que dono da maior competência, denodo e conduta ilibada, merecidamente.
Arrisco até a afirmar: a seleção brasileira nem deveria ter treinador, mas apenas um técnico, expert em identificar os verdadeiros craques. Luxemburgo tem bom faro, e sabe tratar “cavalos de raça”. Tite emparelha.
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