Carlos Frederico Alverga
Pela primeira vez na história do Brasil, políticos poderosos são considerados culpados de ilegalidades praticadas com dinheiro público. A Polícia Federal investigou e concluiu o inquérito, que foi enviado ao Ministério Público, que redigiu a peça acusatória remetida ao Poder Judiciário, representado pelo Supremo Tribunal Federal, que a acolheu e, no presente momento, a está julgando, assegurado o direito à ampla defesa dos réus, cujos direitos constitucionais foram devidamente respeitados.
O problema é que o Judiciário, como instituição, só funcionou efetivamente no caso do Mensalão do PT. Somente nesse caso específico é que o Poder Judiciário teve atuação plena e completa, exercendo na plenitude a sua função típica jurisdicional, de dizer o Direito no caso concreto. Faltou funcionar no caso do mensalão do PSDB em Minas Gerais em 98, envolvendo o ex-governador, ex-senador e atual deputado federal por MG, Eduardo Azeredo, esquema que também tinha como braço operacional o Marcos Valério.
O Judiciário deveria ter funcionado, mas não o fez, no caso do Mensalão do DEM/Arruda no Distrito Federal, no caso da compra de votos promovida por FHC/PSDB para aprovação da emenda da reeleição em 97 e, finalmente, no caso Serra/privatizações.
No final das contas, funcionou efetivamente somente contra Lula e o PT. Entretanto, antes isso do que nada. Não é porque não funcionou no que se refere ao PSDB e ao DEM que o Judiciário não deveria ter funcionado contra o PT. Um erro não justifica o outro. Porém, é estranho que tenha funcionado somente contra o PT e Lula e não tenha ocorrido o mesmo contra FHC/PSDB/Tucanos/Eduardo Azeredo e, também, contra Serra/família/privatizações, denunciado pelo livro “A privataria tucana”.
Entretanto, a Justiça não funcionou, também, no que se refere ao esquema de corrupção das prefeituras do PT no ABC paulista, o qual era abastecido por contribuições das empresas concessionárias de linhas de ônibus e por empresas contratadas para fazer a coleta do lixo urbano das cidades dessa região.
O problema central que envolve quase todos os casos supracitados é o do financiamento das campanhas políticas. Enquanto isso não for resolvido, nada mudará. O tema é importante, vamos voltar a ele.
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