Confesso que não me lembro se a regra vale para toda a Europa, mas pelo menos aqui na Inglaterra, viajar de trem pode ser bem mais agradável do que pegar um avião.
Tudo por causa dos populares, e cada vez mais procurados, “quiet coaches”, vagões separados para aqueles passageiros que querem viajar sossegados, sem ouvir a conversa dos outros; sem toque de celular... ou música “vazando” dos fones de ouvido do vizinho.
Aqueles que têm filho pequeno, e pelo menos um pouco de bom senso, não devem escolher um “quiet coach” para acomodar-se, mas é preciso deixar claro que a presença de crianças por lá não é oficialmente proibida.
Diante do sucesso da iniciativa dos gestores da malha ferroviária, as companhias aéreas querem agora fazer o mesmo, e separar um lugar especial (e até mesmo um avião inteiro) para quem quiser assegurar uma viagem tranquila.
Só que, dessa vez, a presença de crianças será expressamente proibida.
A briga é grande, porque a gente sabe que mexer com o filho dos outros é sempre um problema. Grupos de pais já começam a articular-se para barrar a ideia, mas já se sabe que a maioria dos ingleses apoia a iniciativa.
A pesquisa, feita pela Jetcost.co.uk, mostrou que cerca de 53% dos adultos britânicos são a favor dos voos sem passageiros mirins.
Sem dúvida nenhuma, é um passo ainda mais ousado do que aquele dado pela Malaysian Airlines, que já proíbe a presença de crianças no andar superior do seu A380.
Um ato de coragem, esse da Malasyan Airlines, porque depois da medida foi um tal de defende/acusa... Uma crucifixão daqueles que detestam crianças, uma exaltação dos pais que viajam com as crias.
Isso sem falar das piadinhas que inundaram o site da companhia. “Deviam banir igualmente aqueles que falam demais”; “Também não quero viajar ao lado de quem dorme! Assim não posso ir ao banheiro!”
Meu filho está com 1 ano e 8 meses, e acabamos de fazer uma viagem longa, de mais de 9 horas. Foi um dos momentos mais angustiantes da minha vida; juro que, se pudesse, desceria do avião na primeira crise de choro do pestinha…
Parece que as companhias vão cobrar bem caro pela comodidade de quem quiser viajar longe de mim e do Fabrício.
Agora, é rezar para que não comecem a cobrar dos pais taxa extra por choro, porque aí seria outro crash no mundo… Vocês não acham?
em tempo: esse não é o Fabrício...
Mariana Caminha é formada em Letras pela UnB e em jornalismo pelo UniCEUB. Fez mestrado em Televisão na Nottingham Trent University, Inglaterra. Casada, mora em Londres, de onde passa a escrever para o Blog do Noblat sempre às segundas-feiras. Publicou, em 2007, o livro Mari na Inglaterra - Como estudar na ilha...e se divertir
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