Augusto Nunes
E a CPI do Cachoeira?, andam uivando na internet as milícias escaladas para tentar poluir os blogs independentes com imundícies recolhidas na esgotosfera. No faroeste brasileiro, vilão brinca de xerife. Seja bem-vinda, retruca o Brasil decente. Mesmo se concebida para impedir que os quadrilheiros do mensalão ocupem sozinho o palco dos pecadores à espera de punição, qualquer investigação do gênero é bem-vinda. Gente honesta não tem bandidos de estimação, não acoberta criminosos e entende que todo fora-da-lei merece castigo. Quem tem medo da verdade é a turma acampada no coração do poder.
“As forças progressistas precisam agir de imediato, pois está em curso uma tentativa de acabar logo com o caso Demóstenes & Cachoeira”, viajou nesta terça-feira o secretário-geral do PT, Elói Pietá. “Para muitos, é incômodo discuti-lo. Vai atingir bastante gente por comissão ou omissão”. Se o recado foi endereçado à tíbia minoria oposicionista, houve um erro de destinatário. Quem decide o que deve ser investigado, esquecido ou engavetado no Congresso é a ampla maioria governista. Pietá que se entenda com seus companheiros e parceiros da base alugada.
Nesta segunda-feira, o senador Álvaro Dias, do PSDB paranaense, fez um pedagógico resumo da ópera. “O escândalo do Cachoeira não é de ontem, e não tem limites no estado de Goiás. Essa cachoeira também afoga Brasília. Que pessoas estariam sendo protegidas no caso Cachoeira? Que se instaure a CPI”. É isso. As mesmas águas malcheirosas que engoliram Demóstenes Torres e já cobriram parlamentares do PSDB e do PT vão atingindo a linha da cintura dos governadores Marconi Perillo e Agnelo Queiroz, chegaram ao Planalto e rondam o Judiciário.
Nenhum partido está fora do alcance da catarata de patifarias. Nenhum dos três Poderes ficará sem representantes na lista dos mortos por afogamento. Como avisa o texto publicado na seção História em Imagens, ninguém sabe como vai terminar uma CPI. Só é possível saber como começa. No caso da protagonizada pela maior caixa preta do Brasil, tem de começar pelo episódio que tornou nacionalmente conhecido o meliante goiano. Ninguém sabia quem era Carlinhos Cachoeira até 2004, quando foi divulgado pela TV o vídeo da conversa com Waldomiro Diniz, o vigarista promovido pelo amigo José Dirceu a assessor especial para assuntos parlamentares da Casa Civil. Waldomiro submergiu no jorro inaugural da cachoeira. Merece puxar a fila dos interrogados.
Que venha a CPI.
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