quarta-feira, 25 de abril de 2012

Cabritos tomando conta da horta: quase todos os conselheiros do Tribunal de Contas do Amapá afastados por suspeita de roubalheira


Ricardo Setti - Revista VEJA 24/04/2012
 às 17:23 

Ainda bem que, com críticas que lhes fazemos e tudo, ainda temos um Judiciário — e um Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Mas é absolutamente desalentador saber que foi necessária uma decisão enércia do STJ para afastar “por tempo determinado” nada menos do que 5 dos 7 conselheiros do Tribunal de Contas do Amapá (quase todo o tribunal), suspeitos de envolvimento no desvio de 100 milhões de reais. Eles permanecerão nessa situação, e proibidos sequer de ingressar na sede do TC, enquanto o STJ analisa as provas fornecidas pelo Ministério Público, autor da denúncia.
O ex-presidente do tribunal, Miranda Coelho, tinha carrões de luxo, como este Ferrari, e até um jato executivo (Foto: DPF)
Vejam bem: trata-se de conselheiros do Tribunal de Contas — ou sejam, aquelas autoridades que, supõe-se, devem zelar pelo correto andamento das contas públicas.
Cabritos tomando conta da horta!
Os conselheiros afastados são o presidente do tribunal, Reginaldo Wanderley Salomão, o corregedor Manoel Antônio Dias — o corregedor, amigos leitores, aquele que tem por obrigação cuidar da lisura do trabalho dos demais conselheiros — e mais José Júlio Miranda Coelho, Margarete Salomão de Santana Ferreira e Amiraldo da Silva Favacho.
Segundo o Ministério Público, o desvio teria ocorrido por meio da emissão de cheques e saques da conta do tribunal diretamente na boca do caixa e mediante essa brasileiríssima invenção de pagamentos a funcionários fantasmas.
O relator do caso, ministro João Otávio de Noronha, considerou as suspeitas como “extremamente graves” e refletem “uma situação de desmandos” no Amapá — Estado que o ex-presidente José Sarney representa há 21 anos no Senado.
O pior é que o TC do Amapá é reincidente: há dois anos, descobriu-se uma série de bandalheiras, que começavam com a do ex-presidente da corte, José Júlio de Miranda Coelho, cujas subtrações dos cofres públicos lhe propiciaram uma frota de carros de luxo, começando por uma Ferrari, e um jato executivo Cessna, apreendidos e levados posteriormente a leilão.

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