domingo, 25 de março de 2012

Previdência no Brasil é uma “bomba-relógio econômica”, diz revista



A Câmara dos Deputados aprovou, no último mês, o fim das aposentadorias integrais de servidores públicos, com o objetivo de diminuir o déficit do país na Previdência Social. No entanto, segundo a revista britância The Economist, a medida ainda não é suficiente, e a presidente Dilma Rousseff terá que usar seu poder de fogo para consertar o sistema previdenciário brasileiro.
Segundo especialistas, o Brasil passa por um momento de “bônus demográfico”: como as famílias estão tendo menos filhos, o país chegou a uma situação em que há mais pessoas na idade produtiva do que idosos, que depois de passar a vida inteira contribuindo, atingiram a idade em que passam a receber o benefício da aposentadoria. Coom um grande número de pessoas em idade de trabalho, o país vive um momento bom na economia, com a maior fatia de sua população produzindo e contribuindo para o sistema de Previdência.
Esse bonus demográfico, no entanto, não dura para sempre, e vai chegar o momento em que a população de idosos vai ultrapassar o número de pessoas na idade de trabalho. Essa tendência acontece na maioria dos países ricos, como os Estados Unidos e Europa, que hoje têm uma população idosa muito grande. Por isso que a revista diz que a Previdência é, no Brasil, uma “bomba-relógio” – chegará um momento em que a maior parcela da população será formada por idosos e crianças, que não produzem ou contribuem, e o país terá que arcar com um custo maior de aposentadorias.
No entanto, segundo a Economist, o Brasil já vive uma crise previdenciária.
O Brasil é um caso único entre as grande economias: um país jovem com o custo da aposentadoria de país velho. Para cada dez pessoas com mais de 65 anos, há cem pessoas com idade entre 15 e 64 anos, o menor número de idosos entre os países do G7. E no entanto, o Brasil gasta 13% de seu PIB com aposentadoria, mais do que quase todos os países do G7, com exceção da Itália – onde a porcentagem de pessoas acima de 65 anos é três vezes maior. De fato, tão poucos brasileiros pagam a previdência, e tantos recebem, que o país conta com 35 aposentados para cada 100 contribuintes, uma taxa maior do que a dos Estados Unidos. As aposentadorias brasileiras estão entre as mais generosas também, substituindo até 75% do salário.
A culpa seria das regras que permitem que um grande número de pessoas com menos de 65 anos se aposentem com benefícios relativamente altos, contribuindo menos para a Previdência e, consequentemente, demandando mais recursos públicos. Entre as brechas, a reportagem diz que é possível se aposentar com 54 anos, por exemplo, deixando de contribuir por dez anos. “Em um país jovem, o sistema deveria produzir excedentes, que poderiam ser investidos em infraestrutura e educação. No entanto, o Brasil já está em déficit”.
A Economist acerta ao dizer que a previdência social é uma bomba-relógio no Brasil, e pode causar problemas se não for resolvida logo. No entanto, poucos aposentados brasileiros poderiam concordar com a tese de que suas aposentadorias são “generosas”. Isso acontece porque a revista faz o cálculo de acordo com a PIB de cada país. Como a população brasileira é maior que a dos países europeus, isso significa que cada aposentado brasileiro recebe uma fatia menor do total. Em outras palavras, o benefício recebido pelos europeus é muito maior do que o recebido pelos brasileiros.
Bruno Calixto

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