Foto: Vitor SoranoAmpliar
Apartamento de um quarto meticulosamente decorado para seduzir compradores
O imóvel de 1 dormitório atrai o investidor pelo preço, a expectativa de valorização e (quase) certeza de locação, segundo representantes do setor. Com isso, é comum que o consumidor final seja minoria nos lançamentos desse tipo.
“A gente vê 70% de investidores, 30% usuário final. Temos tanto o que compra várias unidades, como aquele pequeno investidor que compra um para a aposentadoria”, diz Mirella Parpinelli, diretora de atendimento da Lopes. A percentagem varia, segundo ela, e a região é um dos fatores influentes nesse balanço.
Otávio Flores, gerente de negócios da Gafisa, aponta para o que ele chama de coração da zona sul. “Quanto mais próximo dali, você tem um pouco mais de investidor. Tenho um lançamento na Vila Mariana em que a grande maioria (dos compradores) foi investidor. No Brooklin e no Anália Franco, houve mais morador.”
O centro também parece estar sendo uma aposta de investimento, segundo corretores. “Aqui eu vendi 15 imóveis e só um foi para moradia. É igual mercado de ações. Ele (investidor) está muito focado no centro”, diz um consultor da Abyara que se identifica como Alejandro, sobre o empreendimento Downton São João, da Setin, em Santa Cecília.
“Hoje quem compra é classe média alta para jogar na locação”, diz Luís Lopes Batista, gerente comercial da Elísio Imóveis, na Bela Vista. “Estamos com escassez de imóveis. Os lançamentos estão sendo para quem tem dinheiro. Imóvel barato, só no Minhocão e na Baixada do Glicério (áreas mais degradadas da região central)”
Procurando também em Perdizes, Pompeia e Barra Funda – todos na zona oeste – o bancário Tiago Pugin, de 32 anos, está mais propenso a ficar com o que viu na Bela Vista. “Está valorizando muito o de 1 dormitório. Seis meses depois do lançamento já fica difícil achar a um preço razoável. Um ano depois é impossível.”
Para o aluguel
Fátima Rodrigues, diretora geral de vendas da Coelho da Fonseca, estima que metade dos compradores de 1 dormitório é investidor. “Ele está vendo esse tipo de produto para o mercado futuro de locação.”
É o perfil traçado também por Antonio Setin, presidente da Setin. “Temos um percentual importante de investidores, mas mais importante é aquela pessoa que compra para ele ou o filho usar. Ou para alugar.” Entre as vantagens está a maior facilidade para alugar, em comparação com imóveis maiores, e para negociar um reajuste ou a saída do inquilino individual, em comparação com uma família.
João Crestana, ex-presidente do Secovi, aposta nessa demanda por aluguel como um freio à especulação. “Com a queda dos juros, muito investidor comprou para alugar e também pensando na especulação. Mas é uma quantidade pequena.”
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