Por Elisa Robson*
Encarecer artificialmente o custo de uma mão de obra, bloquear métodos legais, burocratizar os processos com licenças e inúmeras exigências são ingredientes poderosos para levar empreendedores que não sofrem restrições morais a atividades ilícitas. Ou seja, essa forma governamental de “administrar” é o que criminaliza o mercado (embora não seja a única).
Veja abaixo o exemplo prático disso.
A compra de cinco submarinos franceses por R$ 31 bilhões, durante o governo Lula, seguiu o mesmo modelo das negociatas investigadas na Operação Janus, da Policia Federal, onde o ex-presidente é suspeito de tráfico internacional de influência em favor da Odebrecht.
Segundo as investigações, Lula garantia financiamento do BNDES em conversas com dignitários de países, desde que a Odebrecht executasse a obra. Na compra dos submarinos, exigência idêntica foi feita aos franceses.
A estatal francesa DNSC subcontratou a Odebrecht por R$ 3,3 bilhões, por exigência do governo Lula, para construir uma base e um estaleiro. Para garantir obras à Odebrecht, Lula ofereceria a países financiados juros mínimos e generosa carência de 25 anos para começar a pagar. Segundo o colunista Cláudio Humberto, nem mesmo órgãos de controle como Tribunal de Contas da União tinham acesso a contratos de financiamentos do BNDES no exterior. O governo Lula alegava “sigilo bancário” nos financiamentos de obras lá fora e o caráter “secreto” dos acordos bilaterais com outros países.
Esse é precisamente um sistema que possui vantagens irresistíveis aos corruptores e aos empresários corrompidos. Ele inclui a chance de obter margens de lucro enormes, pois elas embutem todo o risco que um empresário honesto teria, como, por exemplo, o risco de ter sua carga confiscada ou uma obra interrompida pelo próprio governo. E essas altas margens de lucro tornam-se um atrativo fascinante, sobretudo quando não há possibilidades de uma empresa ascender por meios legais, uma vez que o próprio governo bloqueia todos os caminhos legítimos. Assim, o empreendimento criminal é muito sedutor porque opera com todas as facilidades que empreendedor natural não tem.
Foi por isso que Marcelo Odebrecht declarou há pouco tempo: “O governo sabia, eu sabia que o meu empresário, para atuar na Petrobras, de alguma maneira, tinha de atender aos interesses políticos daquela diretoria.”
Seu caso mostrou como a intervenção governamental corrupta, especialmente a petista, trabalhou para perpetuar a corrupção. Ou, como denominou o juiz Sergio Moro, torná-la “sistêmica”.
A venda de facilidades a grandes empresas e lobistas era o cerne de todo comportamento do governo Lula, concluiu o Ministério Público Federal.
Contudo, um aspecto primordial revela onde a desonestidade reside. Empresas privadas, que operam em um ambiente de genuína livre concorrência, sem receber subsídios, benefícios e proteções do governo, podem adquirir seus fundos apenas de consumidores satisfeitos e de investidores guiados pelo mecanismo de lucro e prejuízo. Já uma empresa beneficiada pela corrupção estatal pode adquirir seus fundos de acordo com a “vontade” dos políticos que estão no governo.
Ou seja, é como um circo.
Um circo é uma companhia que reúne artistas de diferentes especialidades, como malabarismo, palhaço, contorcionismo, equilibrismo, e, principalmente, ilusionismo.
E nesse sentido, o de iludir a plateia, Lula é um ás. Ele conseguiu humilhar todos os circos do mundo.
*Elisa Robson é jornalista.
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