quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O QUE O PARKINSON E A FORÇA DE MINHA AVÓ ME ENSINARAM SOBRE A VIDA


“Meus cadernos de poesia, por favor.” Todas as manhãs, em mantra diário, minha avó faz o pedido à minha tia. Lorna cumpre o ritual. Busca os escritos, os coloca sobre o colo de minha avó e a ajuda a folhear as páginas amareladas preenchidas à mão com versos de Drummond, Augusto dos Anjos, Casimiro de Abreu… algumas vezes recitam juntas, em emoção pujante, a genialidade das rimas que clareiam a alma. Outras tantas, apenas silêncio. Minha avó olha os cadernos, certifica-se de que estão em bom estado e se acalma na certeza de que ali, em folhas empoeiradas, permanece intacta a ponte que a liga a um passado menos duro que os dias atuais. Sem conseguir escrever mais, ela respira um pouco de saudade, revive um pouco de beleza.

Há duas maneiras de se encarar o fim. Uma é morrendo. A outra é recusando a primeira. Minha avó escolheu a recusa e tem bancado a escolha. Há 20 anos minha família se viu obrigada a conviver com a palavra “degeneração”. A nós, no entanto, foi destinada a parcela menos severa do problema. Minha avó foi forçada a aceitar a convivência de fato dolorosa. E aceitou. Não se trata de resignação. Esse termo não combina com quem resolveu lutar todos os dias pela vida, como se esta ainda fosse uma opção divertida. Mas até em gente assim, que consegue animar a mente enquanto o corpo dá adeus, o Parkinson é avassalador.
O mundo, então, começou a tremer. Cortar a carne, segurar o copo, abotoar a camisa… as tarefas mais triviais foram interrompidas. Tudo começou a cair. Os objetos das mãos, o corpo diante do primeiro obstáculo mais rígido que seus movimentos. Eu vi a mulher vigorosa, que aos 60 anos jogava vôlei comigo, curvada na cama, pele agarrada aos ossos, pernas pedindo ajuda para encontrar uma posição que amenizasse a dor. Rapidamente falar também se tornou um desafio. O mais penoso para a outrora oradora da turma, mãe comunicativa, amante incorrigível do deboche propalado em alto e bom som. A batalha passou a ser o esforço constante para abrir a garganta, desenrolar a língua.
Mas se o Parkinson lhe roubou o paladar, o ritmo e o equilíbrio, por favor, que não lhe roube a fala. E isso vó Cida não tem permitido. Como conversa! E como ri… de si, dos outros, da vida, mesmo quando tudo está na contramão. Às vezes canta: “reconhece a queda e não desanima. Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”. Malabarista na corda bamba das dores físicas e emocionais, dribla o peso que o destino impôs ao optar pela leveza do humor frouxo. Com unhas pintadas e lenço colorido no pescoço, pede para passear. Durante o trajeto — de um quarto ao outro na cadeira de rodas — acena com mãos trêmulas a quem estiver no caminho, feliz por sair do sofá. Feliz por ser quem é e estar onde está dentro das possibilidades presentes.
Às vezes chora, em expressão inevitável das angústias que sente. Mas, na maior parte do tempo, extrai do que sobrou o melhor que consegue, sendo autora e não refém da própria história e nos fazendo entender que a vida é escolha. Sem força para levar comida à própria boca, sempre repete que quando eu for visitá-la fará meu doce preferido. Também diz que vai comprar um cachorro e cuidar dele. Para mim, não há sinais de insanidade nos anseios que ela alimenta, incompatíveis com sua condição física. Para mim, são exatamente eles que configuram a vontade que ela tem de viver, agarrada a suas referências afetivas mais preciosas.
Sabemos que as dores têm aumentado e o Parkinson — ainda sem cura — piorado. Isso levando-se em conta o que se sabe. Muito provavelmente o que sente de pior minha vó guarda em segredo altruísta. E entre abraços nos netos, palavras de afeto, piadas, poemas e entusiasmo contagiante, ela tem salvado nossos dias azedados pela ineficiência que temos em lidar com nossas limitações mais bestas. Com sua força, ela tem nos ensinado a ser mais fortes também.
Certa vez, tremendo muito, minutos depois de sentir uma forte dor nos braços, minha vó me perguntou como eu estava. Eu disse: “estou ótima”. “Pois então estamos quites”, ela emendou, de forma sincera. Não por se esquecer da doença ou da peleja diária que o Parkinson impõe. Não por ser imune ao drama de perder autonomia e liberdade enquanto a degeneração avança. Mas por conseguir, com sabedoria rara, desfrutar da felicidade acessível antes de lamentar a que escapou das mãos.

Terroristas Islâmicos não são Pobres e Analfabetos, são Ricos e Educados


  • "Quanto mais os jovens estiverem integrados maior a chance deles se radicalizarem. Esta hipótese é sustentada por uma série de evidências". — De um relatório realizado por pesquisadores da Universidade Erasmus em Roterdã.
  • "A proporção de administradores (do Estado Islâmico) e também de combatentes suicidas aumenta com o grau educacional", segundo o relatório do Banco Mundial. "Além disso, aqueles que se propunham se tornar homens-bomba se situavam, em média, no ranking do grupo mais educado".
  • O MI5 da Grã-Bretanha revelou que "dois terços dos suspeitos britânicos têm um perfil de classe média e aqueles que querem se tornar homens-bomba são muitas vezes os mais educados".
  • Os pesquisadores descobriram que "quanto mais ricos forem os países maior a probabilidade deles fornecerem mais recrutas estrangeiros ao grupo terrorista (ISIS)".
  • O Ocidente parece ter dificuldade em aceitar que os terroristas não são movidos pela desigualdade e sim pelo ódio à civilização ocidental e aos valores judaico-cristãos do Ocidente.
  • Para os nazistas a "raça inferior" (judeus) não merecia existir, para os stalinistas os "inimigos do povo" não tinham direito de continuar vivendo, para os islamistas é o próprio Ocidente que não merece existir.
  • Foi o antissemitismo, não a pobreza, que levou a Autoridade Palestina a dar o nome de Abu Daoud, arquiteto do massacre de atletas israelenses nas Olimpíadas de Munique, a uma escola.
"Há uma convicção preconcebida de que os jovens da Europa que deixam o continente para irem para a Síria são vítimas de uma sociedade que não os aceita e não lhes oferece suficientes oportunidades... Outra convicção preconcebida muito comum em curso na Bélgica é a de que, apesar das pesquisas que refutam isso, a radicalização ainda é muito frequentemente, de forma equivocada, interpretada como um processo resultante da malograda integração... Por esta razão, ouso dizer que quanto mais os jovens estiverem integrados, maior a chance deles se radicalizarem. Esta hipótese é sustentada por uma série de evidências".
Esse foi o resultado de uma pesquisa holandesa, de extrema importância, conduzida por um grupo de acadêmicos da Universidade Erasmus, em Roterdã. Os terroristas parecem ser modelos de integração bem sucedida, por exemplo: Mohammed Bouyeri, o terrorista marroquino-holandês que em 2004 baleou e matou o cineasta Theo van Gogh e em seguida o esfaqueou e cortou sua garganta. "Ele (Bouyeri) era um cara educado, com boas perspectivas de vida", salientou Job Cohen, prefeito do Partido Trabalhista de Amsterdã.
Os terroristas parecem ser modelos de integração bem sucedida Mohammed Bouyeri (esquerda), o terrorista marroquino-holandês que em 2004 baleou e matou o cineasta Theo van Gogh (direita) e em seguida o esfaqueou e cortou sua garganta. "Bouyeri era um cara educado, com boas perspectivas de vida", salientou Job Cohen, prefeito do Partido Trabalhista de Amsterdã.
O levantamento holandês foi seguido por outro realizado na França, aumentando ainda mais as evidências que sustentam a tese que vai contra a crença liberal segundo a qual para derrotar o terrorismo a Europa precisa investir em oportunidades econômicas e em integração social. Dounia Bouzar, diretora do Centro de Prevenção, Desradicalização e Acompanhamento Individualizado (CPDSI), uma organização francesa especializada em radicalismo islâmico, estudou os casos de 160 famílias cujos filhos tinham deixado a França para lutar na Síria. Dois terços pertenciam à classe média.
Estas constatações desmantelam o mito do proletariado do terror. De acordo com um novo relatório do Banco Mundial "recrutas do Estado islâmico são mais educados do que seus compatriotas".
Pobreza e privação não são, segundo ressaltou John Kerry, "as causas fundamentais do terrorismo". Estudando os perfis de 331 recrutas de um banco de dados do Estado Islâmico, o Banco Mundial constatou que 69% pelo menos concluíram o ensino médio, ao passo que um quarto é formado em uma faculdade. A grande maioria desses terroristas tinha um emprego ou profissão antes de se juntar à organização islamista. "A proporção de administradores e também de combatentes suicidas aumenta com o grau educacional", segundo o relatório do Banco Mundial. "Além disso, aqueles que se propunham se tornar homens-bomba se situavam, em média, no ranking do grupo mais educado".
Menos de 2% dos terroristas são analfabetos. O estudo também aponta para os países que abastecem o ISIS com o maior número de recrutas: Arábia Saudita, Tunísia, Marrocos, Turquia e Egito. Ao analisar a situação econômica desses países, os pesquisadores descobriram que "quanto mais ricos forem os países maior a probabilidade deles fornecerem mais recrutas estrangeiros ao grupo terrorista".
Outro relatório explica que "os países mais pobres do mundo não têm níveis excepcionais de terrorismo".
Apesar das evidências, um mantra progressivo vive repetindo que o terrorismo islâmico é o resultado da injustiça, miséria, depressão econômica e agitação social. Esta afirmação não tem absolutamente nada a ver com a realidade. A tese de que a miséria gera terrorismo é muito difundida hoje no Ocidente, desde o economista francês Thomas Piketty ao Papa Francisco. Ela é provavelmente tão popular porque cai como uma luva no sentimento coletivo de culpa do Ocidente, buscando racionalizar o que o Ocidente parece ter dificuldade em aceitar: que os terroristas não são movidos pela desigualdade e sim pelo ódio à civilização ocidental e aos valores judaico-cristãos do Ocidente. Quanto a Israel isso significa: o que os judeus estão fazendo na terra que - embora por 3.000 anos vem sendo chamada Judeia - nós achamos deve ser dada aos terroristas palestinos? Os terroristas provavelmente perguntam a si mesmos porque deveriam negociar se podem ter tudo o que quiserem sem oferecer nada em troca.
Para os nazistas a "raça inferior" (judeus) não merecia existir, mas devia ser morta nas câmaras de gás, para os stalinistas os "inimigos do povo" não tinham direito de continuar vivendo e tinham que morrer no trabalho forçado e frio do Gulag, para os islamistas é o próprio Ocidente que não merece existir e tem que ser explodido.
Foi o antissemitismo, não a pobreza, que levou a Autoridade Palestina a dar o nome de Abu Daoud , arquiteto do massacre de atletas israelenses nas Olimpíadas de Munique, a uma escola.
Os atentados de Paris, cujo aniversário foi lembrado há poucos dias na França, foi um golpe desencadeado por uma ideologia que não procura lutar contra a pobreza e sim conquistar o poder através do terrorismo. É a mesma ideologia islamista que massacrou os jornalistas da revista Charlie Hebdo e policiais que estavam em serviço para protegê-los, que forçou o escritor britânico Salman Rushdie a se esconder por uma década, que cortou a garganta do Padre Jacques Hamel, que massacrou passageiros em Londres, Bruxelas e Madrid, que assassinou centenas de judeus israelenses em ônibus e restaurantes, que matou 3.000 pessoas nos Estados Unidos no 11 de setembro, que assassinou Theo Van Gogh em uma rua de Amsterdã por ele ter feito um filme, que cometeu estupros em massa na Europa e massacres nas cidades e desertos da Síria e do Iraque, que explodiu 132 crianças em Peshawar e que mata normalmente tantos nigerianos que ninguém mais presta nenhuma atenção a isso.
É a ideologia islamista que impulsiona o terrorismo, não a pobreza, a corrupção ou o desespero. São eles (terroristas), não nós.
Toda a história do terror político é marcada por fanáticos com educação avançada que declararam guerra contra suas próprias sociedades. O genocídio comunista do Khmer Vermelho no Camboja saiu das salas de aula da Sorbonne em Paris, onde seu líder Pol Pot, estudou os textos dos comunistas europeus. As Brigadas Vermelhas na Itália eram um projeto de meninas e meninos privilegiados e ricos da classe média. Entre 1969 e 1985 o terrorismo na Itália matou 428 pessoas. Fusako Shigenobu, o líder do grupo terrorista japonês Exército Vermelho, tinha um elevado nível de formação em literatura. Abimael Guzman, Fundador do Sendero Luminoso no Peru, um dos grupos guerrilheiros mais cruéis da história, lecionou na Universidade de Ayacucho onde concebeu uma guerra contra "a democracia das barrigas vazias." "Carlos, o Chacal, "o terrorista mais famoso da década de 1970, era filho de um dos advogados mais ricos da Venezuela, José Altagracia Ramirez. Mikel Albizu Iriarte, líder dos terroristas bascos do ETA, veio de uma família rica de San Sebastián. Sabri al-Banna, o terrorista palestino conhecido mundialmente como "Abu Nidal", era filho de um rico comerciante natural de Jaffa.
Alguns dos terroristas britânicos que se juntaram ao Estado Islâmico vêm de famílias ricas e estudaram nas escolas de maior prestígio do Reino Unido. Abdul Waheed Majid fez a longa viagem desde a cidade inglesa de Crawley à Aleppo, na Síria, onde detonou uma bomba presa ao corpo. Ahmed Omar Saeed Sheikh, arquiteto do sequestro e assassinato do jornalista americano Daniel Pearl, era graduado pela London School of Economics. Kafeel Ahmed que entrou com um jipe repleto de explosivos no aeroporto de Glasgow, havia sido presidente da Sociedade Islâmica da Queen's University. Faisal Shahzad, o terrorista fracassado de Times Square, em Nova Iorque, era filho de um alto funcionário do exército paquistanês. Zacarias Moussaoui, o vigésimo homem dos ataques do 11 de setembro, era Ph.D em Economia Internacional da Universidade de South Bank de Londres. Saajid Badat, que queria explodir um voo comercial, estudou optometria na Universidade de Londres. Azahari Husin, o terrorista que preparou as bombas em Bali, estudou na Universidade de Reading.
MI5 da Grã-Bretanha revelou que "dois terços dos suspeitos britânicos têm perfil de classe média e aqueles que querem se tornar homens-bomba são muitas vezes os mais educados". A maioria dos terroristas britânicos também tinha esposa e filhos, ridicularizando a falsidade de outro mito, o de que terroristas são vítimas da sociedade. Mohammad Sidique Khan, um dos homens-bomba do 7 de julho de 2005, estudou na Leeds Metropolitan University. Omar Khan Sharif tinha uma bolsa de estudos no King's College antes de realizar um atentado suicida no calçadão da orla marítima de Tel Aviv em 2003. Sharif não estava procurando redenção econômica e sim o massacre do maior número de judeus possível.
Praticamente todos os chefes de grupos terroristas internacionais são filhos do privilégio, que levaram vidas douradas antes de se juntarem às fileiras terroristas. Quinze dos dezenove terroristas suicidas do 11 de Setembro vieram de famílias proeminentes do Oriente Médio. Mohammed Atta era filho de um advogado no Cairo. Ziad Jarrah, que derrubou o voo 93 na Pensilvânia, pertencia a uma das famílias libaneses mais ricas do país.
Nasra Hassan, que retratou um brilhante perfil dos homens-bomba palestinos para a revista The New Yorker, explicou que "dos 250 homens-bomba nenhum era analfabeto, miserável ou deprimido". Os desempregados, ao que parece, são sempre os menos propensos a apoiarem ataques terroristas.
A Europa e os Estados Unidos deram tudo a estes terroristas: oportunidades de educação e emprego, entretenimento popular e prazeres sexuais, salários e bem-estar social e liberdade religiosa. Esses terroristas, como o "homem-bomba da cueca", Umar Farouk Abulmutallab, filho de um banqueiro, não viu um dia de pobreza em sua vida. Os terroristas de Paris rejeitaram os valores seculares de Liberté, Egalité, Fraternité, os jihadistas britânicos que cometeram atentados em Londres e agora combatem ao lado do Califado rejeitaram o multiculturalismo, o islamista que matou Theo van Gogh em Amsterdã repudiou o relativismo holandês e Omar Mateen o soldado do ISIS que transformou o Pulse Club de Orlando em um matadouro, disse que queria purgar o que ele achava ser libertinagem e, ao que tudo indica, seus próprios desejos homofóbicos.
Se o Ocidente não entender a verdadeira origem desse ódio e sucumbir a falsos pretextos como a pobreza, não irá vencer essa guerra que está sendo travada contra nós.
Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano
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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

A sagrada localização do Templo


27/06/15 Posted by Coisas Judaicas
A sagrada localização do Templo
A sagrada localização do Templo

Vista de Jerusalém Oriental, no reinado de Salomão.

O rei Salomão herdou de seu pai, David, inúmeras riquezas e, graças à sabedoria que lhe era peculiar, soube fazê-las prosperar. Cada um de seus projetos era sempre realizado com sucesso e sua glória se espalhou pelo mundo. "De que me servem todos esses tesouros se os anos estão passando sem que eu possa cumprir a promessa que fiz a meu pai?", perguntava-se amargamente o monarca.


Mandei construir dezenas de palácios, mas ainda não consegui erguer o Templo em louvor à glória de D'us. O Senhor é Testemunha de que não é má vontade de minha parte se ainda não iniciei tão nobre construção. No entanto, não sei como reconhecer o local mais apropriado. Toda a Terra de Israel é sagrada, mas o solo no qual serão levantados os muros do Templo, deverá ser o mais precioso ao Criador".

Uma noite, Salomão meditava novamente sobre o local em que deveria construir o Templo; sua promessa ainda por cumprir o incomodava e, em vão, lutava contra o sono. À meia-noite, não tendo ainda conseguido adormecer, decidiu sair para caminhar. Vestiu-se rápida e silenciosamente para não ser visto pelos serviçais e saiu do palácio.

Andou por uma Jerusalém adormecida, passando perto de grandes jardins e bosques, acompanhado somente pelo agradável ruído das folhas que farfalhavam ao vento, até que finalmente chegou ao Monte Moriá. A colheita recém terminara e do lado sul da montanha já estavam dispostos feixes de trigo cortados. Salomão apoiou-se em um tronco de oliveira, fechou os olhos e em sua mente começaram a desfilar as mais diversas localidades de seu reinado. Reviu colinas, vales, bosques que lhe pareciam destinados ao Templo e dezenas de outros locais por onde havia passado cheio de esperança, mas dos quais saíra decepcionado.

Repentinamente, o rei Salomão ouve passos. Abre os olhos e vê um homem carregando em seus braços um feixe de trigo. Um ladrão – pensou, rápido. Estava prestes a sair de seu esconderijo sob a árvore, mas conteve-se no último momento. "Esperemos para ver o que esse homem está tramando".

O visitante noturno trabalhava rapidamente e sem ruído. Ele colocou o feixe de trigo no terreno vizinho, depois voltou para buscar outros e assim continuou até levar 50 feixes. Depois, olhou preocupado, em seu redor, como que para se certificar de que ninguém o havia visto e partiu. "Gentil vizinho", pensou Salomão. "O proprietário do terreno não deve saber por que sua colheita diminui durante a noite..."

Mal teve tempo de refletir sobre como punir o ladrão, pois logo a seguir, outro homem apareceu. Prudente, o homem circundou os dois terrenos e, acreditando estar só, pegou um feixe de trigo de um terreno e o levou para o outro. Fez exatamente o que o outro fizera, só que levando o trigo no sentido inverso. Assim, ele fez com mais outros 50 feixes de trigo, partindo, depois, em silêncio.

" Esses vizinhos se merecem ...", pensou Salomão. "Imaginei que só havia um ladrão mas, de fato, o próprio ladrão acaba sendo, ele mesmo, roubado". Sem delongas, no dia seguinte, Salomão convocou os dois proprietários dos terrenos. Deixou o mais velho esperando em uma sala, enquanto interrogava o mais jovem, com severidade:

" Diga-me, com que direito você pega o trigo do terreno de seu vizinho? "

O homem olha surpreso para Salomão e fica vermelho de vergonha. "Senhor", responde-lhe, "eu jamais faria uma coisa dessas. O trigo que eu transporto me pertence e eu o coloco no campo de meu irmão. Gostaria de manter isso em segredo, mas já que fui apanhado, direi a verdade. Meu irmão e eu herdamos de nosso pai um campo que foi dividido em duas partes iguais, apesar de ele ser casado e ter três filhos, enquanto eu vivo só. Meu irmão precisa de mais fermento que eu, mas não aceita que eu lhe dê. É por isso que levo os feixes para ele, secretamente. Para mim, eles não fazem falta, enquanto que ele deles necessita".

Salomão levou o homem para outra sala e chamou o proprietário do segundo campo:

" Por que você rouba o teu vizinho", perguntou asperamente. "Sei que você se apossa do trigo dele, durante a noite."

" D'us me livre de fazer uma coisa dessas", protestou o homem, horrorizado. Na verdade, ocorre o contrário. Meu irmão e eu herdamos de nosso pai duas partes iguais de um terreno, mas eu, em meu trabalho, conto com a ajuda de minha esposa e meus três filhos, enquanto ele está só. Ele precisa chamar o ceifeiro, o debulhador, de forma que ele gasta mais dinheiro que eu e logo estará passando necessidade...Ele não quer aceitar um único grão de trigo de minha parte, e por isso eu levo para ele pelo menos alguns feixes, em segredo. Para mim não fazem falta, enquanto que ele os necessita".

Então, o rei Salomão chamou novamente o primeiro homem e, emocionado, abraçou os dois irmãos e disse: "Vi muitas coisas em minha vida, mas jamais encontrei dois irmãos tão honestamente despreendidos como vocês. Durante anos vocês foram de uma bondade imensa e recíproca – e o que é mais importante – em segredo. Faço questão de lhes expressar toda minha admiração e peço que me perdoem por haver suspeitado que fossem ladrões, quando na verdade são os homens mais nobres da terra. Agora, tenho que lhes pedir um favor. Vendam-me seus terrenos para que eu construa o Templo Divino sobre esse solo santificado pelo amor fraterno de vocês dois. Nenhum local é mais digno do que esse, em nenhum outro local o Templo encontrará fundamentos mais sólidos."

Os irmãos concordaram, de bom grado, com o pedido de Salomão. Deram-lhe o campo e o rei de Israel os recompensou fartamente. Em troca, deu-lhes terras mais vastas e mais férteis e fez anunciar, por todo o país, que o local sagrado para o Templo de D'us finalmente fora encontrado!


"Toda a Terra de Israel é sagrada, mas o solo no qual serão levantados os muros do Templo, deverá ser o mais precioso ao Criador"


Fonte:
Contes Juifs, Racontés par Leo Pavlát, Gründ.

A FRENTE PARLAMENTAR DO CRIME E A ELEIÇÃO DE 2018


Percival Puggina – 17.11.2016

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Percival Puggina

 Enquanto transcorria a campanha eleitoral de 2014 eu apostava na possibilidade de um upgrade qualitativo no Congresso Nacional. A lei da ficha limpa, embora alcançando figuras menores, já afastava alguns do jogo político. A boa cobertura da mídia à operação Lava Jato e as denúncias das grandes revistas de circulação nacional sinalizavam o nível de comprometimento de vários personagens da cena política e de seus partidos. “O eleitor haverá de estar mais atento e seletivo ao digitar algo válido na urna eletrônica”, pensava eu. Mas não foi assim, como se constata à medida que as investigações da força-tarefa da Lava Jato e as delações a ela feitas mostram a extensão das facções criminosas que continuaram operando dentro do Congresso.

Embora aquela eleição tenha proporcionado renovação de 43% na Câmara dos Deputados, grande parte dos que buscaram conservar suas cadeiras foi bem sucedida. Em números absolutos: dos 513 deputados, 122 não se candidataram, 391 disputaram e 290 se reelegeram. Taxa de insucesso de apenas 25%. Certamente, entre os reeleitos, estão quase todos aqueles cujos fundos de campanha foram previamente abastecidos por meios escusos para enfrentar os custos envolvidos. Onde a política vira negócio, investir é parte dele.

Opera no Congresso Nacional uma numerosa bancada suprapartidária que poderia ser denominada Frente Parlamentar do Crime. É dela que procedem todas as tentativas de esvaziar a Lava Jato e de buscar anistias. É ela que costura as propostas para conter e constranger o Ministério Público, a Polícia Federal e o Poder Judiciário. É ela que se opõe às medidas legislativas sugeridas para o combate à corrupção. E não hesito em afirmar que essa frente parlamentar é, também, mais numerosa que qualquer das bancadas da Casa.

Quem é da taba conhece a indiada, dizemos aqui no Rio Grande do Sul, de onde escrevo. Dentro do Congresso, talvez apenas alguns novatos não consigam elaborar uma lista quase completa com os nomes e as áreas de atuação desse “colegiado” cujos ramos se estendem pelos poderes de Estado. Conheço o constrangimento que os bons experimentam nesse convívio com o que deveria ser população carcerária. Com a sobrenatural proteção do foro privilegiado, essa turma já é conhecida, também, dos senhores ministros do STF. No entanto, seus crimes desfrutam de sepulcral silêncio, próprio dos processos que dormem nas prateleiras do Supremo Tribunal Federal. É para lá que vão todos a partir do momento que qualquer investigação ou delação envolva autoridade com prerrogativa de foro. Para muitos é, realmente, uma última jornada. “Requescate in pace!”, como proclamam os sepultamentos em latim desejando paz aos mortos. Levantamento da Folha de São Paulo, há poucos dias, relatava que um terço das ações penais contra congressistas com foro no STF fora arquivado por prescrição.

Será que toda a monumental tarefa da operação Lava Jato e tudo mais que venha a ser documentalmente comprovado pelas múltiplas delações da Odebrecht será inútil para expurgar da vida pública a Frente Parlamentar do Crime? Mais ainda, a impunidade e a prescrição continuarão a suscitar “vocações políticas” entre criminosos interessados em agasalhar-se com o privilégio de foro? Nossas instituições dormem sossegadas com a perspectiva de que tal situação perdure para a eleição de 2018 e mantenha a Frente Parlamentar do Crime operante até o bicentenário da Independência, lá em 2022?


* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site http://www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

A VERDADE HISTÓRICA E ARQUEOLÓGICA DA JERUSALÉM JUDAICA Os Judeus e o Monte do Templo


 
Zachi Dvira*
Description: http://cdn.timesofisrael.com/blogs/uploads/2016/10/1templeimg_0347.jpg 
Modelo do Segundo Templo no Museu Israel
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) adotou, na quinta-feira (13 de outubro), uma resolução tendenciosa e política que desconsidera a histórica ligação do judaísmo com o Monte do Templo, lança dúvidas sobre a conexão dos judeus com o Muro das Lamentações e protesta contra as tentativas da Autoridade de Antiguidades de Israel (AAI) de fiscalizar as obras sobre e ao redor do Monte do Templo a fim de preservar antiguidades e outros dados arqueológicos.
Essa é uma resolução puramente política que foi formulada por funcionários palestinos e que foi aceita pela Unesco exatamente como foi escrita. Ela busca apenas presevar a herança do Islã e, mesmo que isso seja importante, a Unesco não deve fazê-lo às custas do patrimônio cultural judaico e cristão. Essa resolução não reconhece a realidade diária de Jerusalém e do Monte do Templo. E sua agenda política se opõe à carta e à missão da própria Unesco de proteger e promover a ciência, a cultura, a educação e o patrimônio cultural.
Os eventos nas últimas décadas provam que as autoridades muçulmanas que atuam no Monte do Templo através da Waqf, que estão oficialmente sob os auspícios da Jordânia, mas, na prática, são controlados pela Autoridade Palestina e pelo Hamas, não se importam em preservar nem mesmo seu próprio patrimônio arqueológico ou promover a educação, a ciência e a cultura no local.
Em 1999, as autoridades muçulmanas escavaram um gigantesco poço na área sudeste do Monte do Templo, usando retroescavadeiras e removendo 400 caminhões de terra. Isso foi feito sem nenhum controle ou supervisão arqueológica. Consequentemente, nós estabelecemos o Temple Mount Sifting Project (Projeto de Peneiração do Monte do Templo) para salvar, preservar e estudar a vasta quantidade de artefatos arqueológicos que foi enterrada nesse solo e descartada. Nós recuperamos centenas de milhares de artefatos desse solo escavado, datando dos períodos do Primeiro e do Segundo Templos e de depois deles, incluindo artefatos das eras cristã e muçulmana que foram descartados.
Um artefato muçulmano muito interessante que foi achado, datado do século XVIII, é o selo de um proeminente Qafi(juíz) muçulmano, que também serviu como vice-Mufti de Jerusalém. Seu nome era Xeque ‘Abd al-Fattah al-Tamimi. O atual administrador da Waqf, Xeque Mohammed Azzam al-khatib al-Tamimi, é da mesma família e pode ser um de seus descendentes. É irônimo que arqueólogos judeus são quem preservam a herança da Waqf islâmica que foi negligenciada e descartada pela própria Waqf.
Description: 18th Century seal of Sheick ‘Abd al-Fattah al-Tamimi 
O selo do século XVIII do Xeque ‘Abd al-Fattah al-Tamimi
A existência de Templos Judaicos está acima de qualquer dúvida. Há evidências substanciais nas numerosas fontes históricas que os viram, incluindo historiadores pagãos que não foram influenciados pela tradição judaica-cristã, como Beroso (século III A.C.), Menandro de Eféso (século II A.C.), Hecateu de Abdera (cerca de 300 A.C.), Mmaseas de Patara (cerca de 200 A.C.), Deodoro da Sicília (século I A.C.), Strabo (século I A.C.), Tácito (século I A.C.) e muitos outros.
Mesmo que não seja possível, em meio ao atual clima político, conduzir uma excavação arqueológica adequada no Monte do Templo, há muitos achados arqueológicos que apoiam o fato que é quase universalmente aceito: ele é o local dos Templos Judaicos. Muitos dos artefatos vêm do Temple Mount Sifting Project e muitos outros podem ou ser observados até hoje no Monte do Templo, foram encontrados acidentalmente durante restaurações ou foram achados em escavações arqueológicas dos sítios adjacentes.
Abaixo, exemplos de artefatos dentre muitos outros:
Description: 4temple

Inscrição de alerta do Templo
 – Em 1981, o arqueólogo francês Clermont-Ganneau encontrou uma inscrição grega de alerta a gentios para que não entrassem nos aposentos internos no complexo do Templo. Esse tipo de inscrição também foi testemunhada pelo historiador Flávio Josefo, do século I 
(Guerra 5, v, 2; Guerra 6, ii, 4; Antiguidades 15, xi, 5).
Description: http://cdn.timesofisrael.com/blogs/uploads/2016/10/5temple.jpg
A inscrição de Beit Hatkiá – O professor de arqueologia Benjamin Mazzar encontrou, em 1972, essa inscrição em hebraico que tinha caído do canto sudeste inferior do Monte do Templo e foi achado nos escombros que estavam sendo escavados por arqueólogos nas proximidades. A pedra contém a inscrição “lebeit hatkiá lehachriz”, que quer dizer “à casa do tocar da trombeta para anunciar”. Historiadores judeus e fontes rabínicas descrevem o costume de tocar trombetas do Monte do Templo para anunciar a hora do shabat (o sábado judaico) e dos dias santos (Sucá 5: 5; Talmud Shabat babilônio 35: 2; Tosefta Sucá 4; Guerras IV, X, 12).
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Selo DKA LYH – Em 2011, o arqueólogo Eli Shukrun encontrou um pequeno objeto de barro cozido carimbado com as letras hebraicas: ??? ??? (“DKA LYH” or ”Deka Leyah”). O objeto foi achado num túnel de drenagem no sopé do extremo sul do Muro das Lamentações. O estudioso talmúdico Shlomo Naeh mostrou convincentemente que esse é um objeto único que era usado como uma ficha/voucher que permitia aos sacerdotes do Templo controlar o comércio relacionado às ofertas de sacrifício realizadas no local. Essa prática é documentada na Mishná, o primeiro documento escrito da Lei Oral Judaica, datada de cerca de 200 D.C. (Shekalim 5: 3-5). A inscrição sobre o selo marca o tipo de sacrifício: “Dechar” (carneiro), “Aleph” (primeiro dia da semana) e “Yehoryariv” (uma das 24 famílias sacerdotais que trabalhavam em turnos no Templo).
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Sino dourado do Sumo Sacerdote  Na mesma escavação de Eli Shukrun no túnel de drenagem, um sino dourado foi encontrado, datando do período do Segundo Templo. Não há precedente para esse artefato em nenhuma escavação em Israel. Nosso único conhecimento de tal objeto é da descrição bíblica dos sinos costurados ao traje vestido pelo sumo sacerdote (Ex. 28:33-34).
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Mikvaot – Numerosas mikvaot (banheiras rituais judaicas de imersão para purificação) foram encontradas nas áreas em torno do Monte do Templo. Há também cavidades subterrâneas documentadas sobre o Monte do Templo que foram inspecionadas por exploradores no século XIX. Uma cisterna menos conhecida que está localizada diretamente debaixo da mesquita de Al-Aqsa foi encontrada pelo Departamento de Antiguidades do Mandato Britânico nos anos 40 do século XX, mas não foi publicada. Nós encontramos a documentação dessa mikve nos arquivos do Departamento de Antiguidades Britânico e publicado em 2008.
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Arquitetura Herodiana – Diversas localidades sobre o Monte do Templo, especialmente os saguões de entrada do Portão Duplo sob a mesquita de Al-Aksa, preservam até hoje um dos melhores exemplos da arte herodiana gravada em pedra. Muitos portões do Monte do Templo atual ainda preservam residuos dos portões do período final do Segundo Templo.
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Seção do Muro Oriental do período do Primeiro Templo – As pedras mais baixas ao norte e ao sul do Portão Dourado do muro oriental são datadas por pesquisadores do Monte do Templo do período do Primeiro Templo (ver Leen Riymeyer, A Busca 2006). A elaboração dessas pedras se assemelha a pedras de alvenaria de muros em outros locais datados do período do Primeiro Templo.

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Depósito de lixo no período do Primeiro Templo nas encostas orientais do Monte do Templo – Em 2009, nós encontramos um depósito de lixo antigo nas encostas orientais do Monte do Templo que revelou um rico material arqueológico datado do século 10 A.C. (o tempo do Rei Salomão) até o século VII A.C. Os achados incluem uma rara impressão de selo com uma inscrição que descreve uma taxa que foi dada ao rei da cidade de Gibe’on. De acordo com as descrições bíblicas, a casa do rei também era situada no Monte do Templo.
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Coleção do período do Primeiro Templo encontrada na vala de fios elétricos da Waqf – Durante a escavação de uma vala da Waqf, em 2007, supervisionada pela Autoridade de Antiguidades de Israel, uma rica coleção de artefatos do Primeiro Templo foi encontrada ao sudoeste do platô elevado do Monte do Templo. Ela incluia cerâmicas, ossos e fragmentos de estatuetas que datam do século VI A.C., os últimos dias do período do Primeiro Templo.
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Uma cisterna de água no canto sudeste do platô elevado – Uma grande cisterna de água subterrânea documentada por pesquisadores do século XIX foi recentemente datada, pelo arqueólogo Tzvika Tzuk, como sendo do período do Primeiro Templo, de acordo com cisternas de água descobertas em outros sítios semelhantes em forma.
Artefatos do solo descartado do Monte do Templo
Os objetos abaixo foram encontrados peloTemple Mount Sifting Project:
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Impressão de selo Immer – A mais direta evidência já encontrada do Primeiro Templo vem de uma pequena impressão de selo feita de argila que foi originalmente anexada a um saco de tecido, possivelmente contendo prata ou ouro. No selo há a inscrição: “(Pertencente a)... […]lyahu (filho de) Immer”. A família Immer foi uma família sacerdotal muito conhecida no período final do Primeiro Templo, por volta dos séculos VII e VI A.C. “Pashur filho de Immer” é mencionado na Bíblia como “Diretor da Casa de Deus” (Jer. 20:1). Pode-se supor que esse objeto selou alguns dos preciosos produtos que eram mantidos no tesouro do Templo, que era administrado pelos sacerdores. Esse selo é a primeira evidência de escrita hebraica antiga do Monte do Templo e da atividade administrativa que acontecia no Primeiro Templo.
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Artefatos do tempo do Rei Salomão – Alguns dos artefatos encontrados pelo Sifting Project datam dos séculos X e IX A.C., o tempo do Rei Salomão, construtor do Primeiro Templo, e de seus sucessores. Esses artefatos são raros em Jerusalém e eles trazem à tona evidência crítica no intenso debate sobre o tamanho de Jerusalém nesse período. Alguns estudiosos, no passado, duvidaram de que o Monte do Templo era anexado a Jerusalém durante o século X A.C. Eles sugeriram que Jerusalém não era uma cidade capital, mas sim um pequeno vilarejo. Esses artefatos contradizem essa afirmação minimalista e confirmam o relato bíblico sobre Jerusalém nesse período. Esses achados incluem cacos de cerâmica, um raro selo de pedra e um rara ponta de flecha.
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Moeda de meio shekel de prata – Do período do Segundo Templo, o Sifting Project recuperou mais de 800 moedas judaicas. Muitas dessas moedas do fim do período do Segundo Templo parecem ter sido queimadas, provavelmente como resultado do incêndio que levou à destruição do Templo. Uma descoberta particularmente emocionante é uma rara moeda de prata cunhada durante o primeiro ano da Grande Revolta Judaica contra Roma (66/67 D.C.). A moeda mostra um ramo com três romãs e uma inscrição em hebraico antigo que diz “Jerusalém sagrada” (?????? ????). O outro lado da moeda mostra vasos do Templo com a inscrição “meio shekel” (??? ????).
Essas moedas de meio-shekel eram usadas para pagar a taxa do Templo durante a Grande Revolta, substituindo o shekel Tiriano usado previamente. Parece que essas moedas de meio-shekel foram cunhadas pelas autoridades do Templo no próprio Monte do Templo. Essa taxa de meio-shekel para o santuário, mencionada no Livro do Êxodus (30:13-15), era paga por todo homem ao Templo Sagrado uma vez por ano. Nossa moeada de meio-shekel é bem preservada mas mostra cicatrizes do incêndio que destruiu o Segundo Templo em 70 D.C.
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Cacos de Menorá — Um caco com um símbolo que se assemelha à menorá do Templo foi encontrado na peneiração. Baseado em seu tipo de cerâmica e textura, o cado data do período do domínio Bizantino sobre Jerusalém, de 324 a 640, ou do começo do período islâmico (séculos VII e VIII), mostrando que até mesmo nessa época havia uma ligação com o Templo judaico que foi destruído.

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Rica pavimentação dos pátios do Templo de Herodes – Dezenas de azulejos de pedra opus sectile (intársia de pedra) foram encontrados pelo projeto de peneiração. Opus sectile (em latim: “trabalho cortado”) é a técnica de pavimentação de pisos em ricos padrões geométricos usando azulejos coloridos meticulosamente cortados e polidos. Muitos dos azulejos foram datados do final do período do Segundo Templo com base em azulejos semelhantes encontrados em palácios de Herodes. Suas dimensões são baseadas em fracções do pé romano (cerca de 29,6 cm). O historiador Flávio Josefo, escrevendo sobre os pátios abertos ao redor do Templo, disse: “Esses pátios inteiros que eram expostos ao céu eram cobertos por pedras de todos os tipos” (Guerra dos Judeus 5:2). Ultimamente, temos conseguido reconstruir alguns dos padrões desses pisos especiais usando princípios geométicos e através de semelhanças encontradas em desenhos de pisos usados por Herodes em o utros locais.
Ligação judaica com o Monte do Templo depois da destruição do Templo – 

As fontes rabínicas judaicas indicam que o local era foco de orações e pensamentos dos judeus durante todos os séculos depois da destruição do Segundo Templo (70 D.C.). Além disso, muitas inscrições (grafites) foram encontradas dentro do Monte do Templo, feitas por peregrinos judeus durante os períodos medievais. Isso apesar das dificuldades e do banimento à visitação e à moradia de judeus em Jerusalém. Essas inscrições indicam uma ligação contínua do Povo Judeu com seu local mais sagrado.
Documentos que foram encontrados na Guenizá do Cairo nos falam de residentes judeus de Jerusalém durante o começo do período islâmico que tinham o costume de rodear o Monte do Templo e rezar em frente ao portão do Monte do Templo. Um dos mais proeminentes rabinos judaicos na Era Medieval, o Rambam, escreveu que ele entrava no Monte do Templo e fazia um jejum privado anual por essa ocasião.
Sumário
Como mencionado acima, de acordo com fontes históricas abrangentes e tradições judaicas, cristãs e muçulmanas sobre o Monte do Templo, não há necessidade de evidência arqueológica para provar a existência do Templo Judaico sobre o Monte do Templo. Infelizmente, a ideologia de Negação do Templo, que foi criada 20 anos atrás e promovida por políticos e líderes religiosos palestinos, conseguiu se expandir para alguns pesquisadores árabes e, aparentemente, também foi adotada agora pela Unesco. Já que eles alegam que nunca foram encontrados artefatos arqueológicos provando a existência dos Templos judaicos sobre o Monte do Templo, é importante mostrar esses artefatos muito reais ao público em geral.
* Zachi Dvira (Zweig) é um arqueólogo e um dos diretores do Temple Mount Sifting Project, juntamente com Gabriel Barkay. Dvira é também ativo na luta para evitar a destruição de antiguidades sobre o Monte do Templo.