O petistaço José Sérgio Gabrielli é liso como um bagre. Presidente da Petrobras no período em que a empresa abrigou uma quadrilha nos postos mais importantes de comando, ele, até agora, flana por aí… Aqui e ali seu nome aparece, mas, até onde se sabe, não como protagonista. É um homem realmente notável. Entre outras delicadezas, ele negou, em depoimento à Justiça Federal, que tenha havido superfaturamento nas obras de Abreu e Lima. Depôs, no caso, apenas como testemunha. Todos se lembram de qual era seu estilo à frente da empresa. Metaforicamente falando, andava sempre com uma garrucha na mão: arrogante, malcriado, autoritário. Se ladrão não for, a exemplo de alguns ex-subordinados seus, então é de uma espantosa incompetência. E não que essas duas coisas não possam andar juntas por aí. Todas as vezes que surgiram evidências de irregularidades na Petrobras e que a imprensa se interessou pelo assunto, ele armou uma operação de guerra, com jagunços virtuais encarregados de desmoralizar as investigações. Na campanha eleitoral de 2010, teve a cara de pau de afirmar que Fernando Henrique Cardoso tentara privatizar a Petrobras. Era coisa de pistoleiro político. Ele sabia tratar-se de uma mentira. Demitido da empresa, Jaques Wagner, agora ministro da Defesa, deu-lhe abrigo no governo da Bahia. Pois bem… O ex-czar da Petrobras teve seus sigilos fiscal e bancário quebrados pela Justiça do Rio de Janeiro. Junto com ele nessa ação estão réus da Operação Lava-Jato, como o também petista Renato Duque, ex-diretor de Serviços, e Pedro Barusco, o gerente da área, que topou devolver, sozinho, a bagatela de US$ 97 milhões. Os bens de todos os acusados também foram bloqueados. O caso que motivou a ação é a investigação de um suposto superfaturamento de R$ 31,4 milhões em obras do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes), na Ilha do Fundão, executada pela Andrade Gutierrez. A construtora também teve seus sigilos quebrados. Nota: na Petrobras, o encarregado por essa obra era Duque. Orçada inicialmente em R$ 1 bilhão, custou R$ 2,5 bilhões. Como informa VEJA.com, “a decisão é da juíza Roseli Nalim, da 5ª Vara da Fazenda Pública, que acolheu pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro feito em dezembro do ano passado, em ação civil pública. A investigação reúne quatro inquéritos civis da promotoria do Rio”. A origem da ação é um levantamento feito pelo Tribunal de Contas da União que constatou que as obras foram realizadas com “valores superiores aos praticados no mercado, além de firmados por preços superiores aos valores orçados pela própria estatal que, por sua vez, já traziam embutidos os sobrepreços”. O tribunal apontou ainda que “a ausência de publicidade e observância do devido processo licitatório subtraiu da estatal a oportunidade de selecionar a melhor proposta”. O festival de contas secretas no Exterior reveladas pela Operação Lava-Jato, indica que a quebra de sigilos fiscal e bancário, embora necessária, pode não ser assim tão eficaz. Vamos ver. Esse caso está fora da Operação Lava-Jato. Eu continuo fascinado com o fato de o chefão da Petrobras no período do grande descalabro ter saído, até agora ao menos, ileso. E olhem que ele é um homem ousado, capaz de negar até que tenha havido superfaturamento em Abreu e Lima, aquela refinaria orçada em US$ 2,5 bilhões e que já custou US$ 19 bilhões.
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