quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A ANTA - by Miranda Sá



MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Um deputado idiota propôs a criação do “Dia do Saci” e outro, tanto ou mais, apresentou o projeto para comemorar a data com caráter xenófobo, querendo confrontá-la com a festa do Halloween importada dos EUA.
Dá para imaginar a origem deste besteirol: A proposta foi de Aldo Rebelo (PCdoB) e o projeto elaborado por Chico Alencar (PSOL) e Ângela Guadagnin (PT), uma trinca extraterrestre que acredita enfrentar dessa maneira o “imperialismo”. Desconhecem que o Halloween tem uma origem muitas vezes secular, de origem celta.
A mania dessas efemérides também ocorre nas ONGs World Land Trust Rainforest Trust, que criaram o Dia da Anta, comemorado no próximo dia 31 de outubro. Com a defesa das baleias desgastada, os “ambientalistas” gringos prometem preservar as antas ameaçadas de extinção.
Yes, nós temos anta!  O mamífero brasileiro da família Tapiridae, Tapirus terrestris. O engraçado é que os tupis chamavam-na de “tapir”, derivado do original tapi'ira, e assim entrou na classificação zoológica. Entretanto,  adotamos o termo “anta” que vem do árabe “lamta”. E assim o “imperialismo lingüístico” se firmou...
O corpo da anta brasileira tem o formato parecido com os porcos, o que nos leva à “Revolução dos Bichos”, de George Orwell, de onde parece que derivou o apelido de “Anta” conferido à presidente Dilma.
Alcunhas são tradicionalmente atribuídas a presidentes brasileiros. Lembro que Getúlio Vargas era chamado de “Gêgê”; Eurico Dutra, “Caneco”; Juscelino Kubistchek, “Pé de Valsa”; Itamar Franco, Topetão”; e, José Sarney, “Madre Superiora”... Dos militares, desconheço, por que ficaram restritos à caserna.
No caso de Dilma, parece que veio do seu modo de andar desajeitado, mesmo agora que emagreceu; dizem, porém que nasceu do alheamento igual ao do animal homônimo, conforme registram os caçadores.
Os gozadores intelectualizados das redes sociais garantem que é mesmo uma alusão aos porcos humanizados de Orwell que traíram a revolução, como fez o Partido dos Trabalhadores cujo programa original se degenerou ao chegar ao poder.
Prefiro a primeira versão, o tédio de Dilma pela coisa pública. É notável a sua alienação nos problemas políticos e econômicos, uma indiferença por tudo que lhe cerca como as tenebrosas transações urdidas na Casa Civil, ao lado de seu gabinete.
Para reforçar a distração dos tapires, atribuem a Dilma presunção de inocência nos escândalos criminosos da Petrobras, quando, presidente do Conselho, assinou a compra da Refinaria de Pasadena e, como ministra, fazendo nomeações nada ortodoxas.
Sinceramente, nesta selva em que o Brasil se transformou na Era Lulo-Petista, vemos muitas cobras e lagartos; e não é difícil descobrir também camaleões mudando de cor conforme as circunstâncias...
Vivendo infelizmente no matagal da pelegagem, ouvi o comentário de um vizinho referindo-se aos bons tempos do Rio, sem violência, sem sujeira nas ruas, com assistência de saúde e escolas públicas de qualidade. Ele disse que tinha saudade dos “tempos do onça”, expressão que há muito tempo não ouvia... Lembrei-me até de um frevo (acho que do Capiba) que cantava “Soltaram a Onça, corre todo mundo”...
Na verdade, o “Tempo do Onça” é mais antigo, do início do século 18. “Onça” era o apelido dado ao governador do Rio de Janeiro, Luiz Vahia Monteiro, que governou com improbidade e rigoroso cumprimento das leis, sendo por isto respeitado pelo povo.
Os sucessores de Luiz Vahia não herdaram suas qualidades, e a população revoltou-se diante da falta de honradez, a insegurança e o abandono da capital, suspirando nos quatro cantos do Rio: “Ah, no tempo do Onça é que era bom!”.
No nosso caso não e lamentação, é revolta. Está insuportável ver-se o País no abandono, entregue a uma organização criminosa e uma governanta desacreditada, levando até nos discursos pronunciados na ONU suas mentiras compulsivas. Em vez de manifestar mágoa, temos ódio, queremos esquecer em breve “o tempo da Anta”!

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