sexta-feira, 10 de abril de 2015
Com medo de que dissidentes políticos ganhassem voz no Panamá durante a VII Cúpula das Américas, a ditadura dos irmãos Castro enviou ao país grupos de repressão. Em Cuba, eles são conhecidos pelo nome de Brigadas de Resposta Rápida. São os mesmos que atacam os cubanos que ameaçam fazer demonstrações pacíficas na ilha. No Panamá, eles agrediram cubanos e pessoas de outros países, como Nicarágua e Argentina, que se dispuseram a participar das mesas de trabalho com os dissidentes. "Os grupos de discussão foram desmontados por grupos violentos do governo cubano e venezuelano. Eles começaram a gritar e a dizer que não haveria reunião. Eram umas vinte pessoas", diz a dissidente Rosa Maria Payá, que participava de uma mesa de trabalho sobre Participação Cidadã. Rosa é filha do opositor Oswaldo Payá, que morreu há dois anos em um atentado perpetrado pela ditadura em Havana. Rosa e os demais participantes tentaram encontrar outro lugar para seguir o trabalho. "Não foi fácil. Eles parecem ter acesso a todas as salas. Ou a segurança simplesmente os deixou passar. Eles não se moviam", diz Rosa. Segundo ela, os baderneiros enviados pelo governo bateram em todos que tentavam entrar nos fóruns, inclusive nas mulheres. A violência contra os dissidentes não aconteceu apenas a portas fechadas. Na quarta-feira, 8, castristas dispersaram a pancadas uma manifestação pacífica do grupo opositor Aliança da Resistência Cubana em frente ao busto de José Martí, próximo à embaixada de Cuba. Após alguns minutos, enquanto gritavam palavras como "liberdade" e "Cuba livre", foram confrontados por apoiadores do regime cubano, que já esperavam à espreita. Testemunhas afirmam que o governo panamenho compactua com a repressão. Todos os doze detidos no conflito de quarta-feira eram dissidentes. Ao chegar ao Panamá, opositores de Havana foram identificados, interrogados e ameaçados. Ao aterrissar, Rosa foi detida por agentes da imigração que a ameaçaram de deportação caso ela participasse de manifestações ou levasse algum tipo de banner. O mesmo aconteceu com pelo menos outros cinco dissidentes cubanos. "Isso é um exemplo do que se vê nas ruas de Havana. Cuba começou a exportar o regime da repressão até para países democráticos como o Panamá", diz a cubana especialista em direitos humanos Maria Werlau, diretora da ONG Cuba Archive, nos Estados Unidos.
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