Hoje é dia de carta no Antagonista. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou uma carta aos seus colegas do Ministério Público Federal, cuja íntegra reproduziremos a seguir. Na nossa avaliação, Rodrigo Janot, os procuradores da Lava Jato e o juiz Sergio Moro merecem confiança pelo trabalho que vêm realizando. Não fosse por eles, jamais teria sido desvendada a lambança monstruosa que fez a maior empresa brasileira ficar de joelhos. Não fosse por eles, seria ficção pura a possibilidade de abrir um processo de impeachment contra Dilma Rousseff.
É importante lembrar que a Operação Lava Jato ainda está longe de chegar ao fim. Na semana que vem, por exemplo, Rodrigo Janot fornecerá outra lista de políticos ao STF. É importante enfatizar que as tentativas de interromper o trabalho dos procuradores e do juiz Sergio Moro têm grande contribuição daqueles que berram que tudo terminou em pizza e, ao mesmo tempo, que as prisões preventivas dos empreiteiros são "abusivas". Para não falar da ideia estapafúrdia de Dilma Rousseff comandar um governo de "notáveis". Os entregadores de pizza estão a um passo de transformar-se, eles próprios, em pizzaiolos. Devemos, enfim, ter cuidado com a estridência neste momento e valorizar os que, na Justiça, exercem a sua função exemplarmente.
Eis a carta de Rodrigo Janot aos integrantes do Ministério Público Federal:
Abro uma necessária pausa em meio às tribulações próprias do cargo de procurador-geral para dirigir a todos os membros do Ministério Público brasileiro uma palavra de confiança.
Sou grato por ter, no inverno da minha longa carreira pública, a ocasião de servir ao meu país e, especialmente, à sociedade brasileira, na qualidade de procurador-geral da República. Quis o destino, também, que eu estivesse à frente do Ministério Público Federal no momento de um dos seus maiores desafios institucionais.
A chamada Operação Lava-Jato chega a um momento crucial. Encaminhei, na noite de ontem (terça-feira), pedidos de investigação e promoções de arquivamento em relação a diversas autoridades que possuem prerrogativa de foro.
Com o inestimável auxílio de colegas do grupo de trabalho baseado em Brasília, da força-tarefa sediada em Curitiba e da assessoria do meu gabinete, examinei cuidadosamente todas as particularidades que envolvem este caso e estabeleci um critério técnico e objetivo para adotar as medidas necessárias à cabal apuração dos fatos.
Diante das inúmeras e naturais variáveis decorrentes de uma investigação de tamanha complexidade, fiz uma opção clara e firme pela técnica jurídica. Afastei, desde logo, qualquer outro caminho, ainda que parecesse fácil ou sedutor, de modo que busquei incessantemente pautar minha conduta com o norte inafastável das missões constitucionais do Ministério Público brasileiro.
Estou certo que, uma vez levantado o sigilo do caso pelo ministro Teori Zavascki, o trabalho até este momento realizado será esquadrinhado e submetido aos mais duros testes de coerência.
E assim ocorrerá porque é um valor central da democracia e do princípio republicano a submissão de qualquer autoridade pública ao crivo dos cidadãos brasileiros. Entendo, desde sempre, que essa lição deve ser acatada, com ainda maior naturalidade, por todos os membros da nossa instituição.
Não espero a unanimidade nem a terei. Desejo e confio, sim, nesse momento singular do país e, particularmente, do Ministério Público brasileiro, que cada um dos meus colegas tenha a certeza de que realizei meu trabalho em direção aos fatos investigados, independentemente dos envolvidos, dos seus matizes partidários ou dos cargos públicos que ocupam ou ocuparam.
Busco inspiração, com essas minhas breves palavras, na unidade do Ministério Público brasileiro, sabedor que os esforços de todos os integrantes da nossa Instituição igualam-se na disposição de servir.
Não guardo o dom de prever o futuro, mas possuo experiência bastante para compreender como a parte disfuncional do sistema político comporta-se ao enfrentar uma atuação vigorosa do Ministério Público no combate à corrupção.
Não acredito que esses dias de turbulência política fomentarão investidas que busquem diminuir o Ministério Público brasileiro, desnaturar o seu trabalho ou desqualificar os seus membros. Mas devemos estar unidos e fortes.
Ao longo de sua extraordinária história, o Ministério Público brasileiro deu mostras de sua têmpera e de sua capacidade de superar qualquer obstáculo que venha a se interpor no caminho reto a ser seguido. Guardo-me, assim, na paz de quem cumpre um dever e na certeza de que temos instituições sólidas e democráticas. Integramos uma delas.
Estejamos unidos. Sigamos o nosso caminho. Sejamos fiéis ao nosso país.
Paciência e confiança!
Forte abraço,
Rodrigo Janot
A chamada Operação Lava-Jato chega a um momento crucial. Encaminhei, na noite de ontem (terça-feira), pedidos de investigação e promoções de arquivamento em relação a diversas autoridades que possuem prerrogativa de foro.
Com o inestimável auxílio de colegas do grupo de trabalho baseado em Brasília, da força-tarefa sediada em Curitiba e da assessoria do meu gabinete, examinei cuidadosamente todas as particularidades que envolvem este caso e estabeleci um critério técnico e objetivo para adotar as medidas necessárias à cabal apuração dos fatos.
Diante das inúmeras e naturais variáveis decorrentes de uma investigação de tamanha complexidade, fiz uma opção clara e firme pela técnica jurídica. Afastei, desde logo, qualquer outro caminho, ainda que parecesse fácil ou sedutor, de modo que busquei incessantemente pautar minha conduta com o norte inafastável das missões constitucionais do Ministério Público brasileiro.
Estou certo que, uma vez levantado o sigilo do caso pelo ministro Teori Zavascki, o trabalho até este momento realizado será esquadrinhado e submetido aos mais duros testes de coerência.
E assim ocorrerá porque é um valor central da democracia e do princípio republicano a submissão de qualquer autoridade pública ao crivo dos cidadãos brasileiros. Entendo, desde sempre, que essa lição deve ser acatada, com ainda maior naturalidade, por todos os membros da nossa instituição.
Não espero a unanimidade nem a terei. Desejo e confio, sim, nesse momento singular do país e, particularmente, do Ministério Público brasileiro, que cada um dos meus colegas tenha a certeza de que realizei meu trabalho em direção aos fatos investigados, independentemente dos envolvidos, dos seus matizes partidários ou dos cargos públicos que ocupam ou ocuparam.
Busco inspiração, com essas minhas breves palavras, na unidade do Ministério Público brasileiro, sabedor que os esforços de todos os integrantes da nossa Instituição igualam-se na disposição de servir.
Não guardo o dom de prever o futuro, mas possuo experiência bastante para compreender como a parte disfuncional do sistema político comporta-se ao enfrentar uma atuação vigorosa do Ministério Público no combate à corrupção.
Não acredito que esses dias de turbulência política fomentarão investidas que busquem diminuir o Ministério Público brasileiro, desnaturar o seu trabalho ou desqualificar os seus membros. Mas devemos estar unidos e fortes.
Ao longo de sua extraordinária história, o Ministério Público brasileiro deu mostras de sua têmpera e de sua capacidade de superar qualquer obstáculo que venha a se interpor no caminho reto a ser seguido. Guardo-me, assim, na paz de quem cumpre um dever e na certeza de que temos instituições sólidas e democráticas. Integramos uma delas.
Estejamos unidos. Sigamos o nosso caminho. Sejamos fiéis ao nosso país.
Paciência e confiança!
Forte abraço,
Rodrigo Janot
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