Marina celebrou o ataque dele. Ninguém sabe a cara da nova política – e todos conhecem a velha
RUTH DE AQUINO
19/09/2014 21h02 - Atualizado em 20/09/2014 10h35
Não será o retrato do Brasil atual que elegerá Dilma, Marina ou Aécio. Cada candidato extrairá da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) os números que melhor sustentam seus discursos.
Não será o beijo de Chico Buarque na mão de Dilma que a reelegerá. Não será o beijo de Gilberto Gil na testa de Marina que elegerá aquela que passou fome na infância e se desgarrou do PT. Não será o apaixonado apoio das socialites que elegerá o tucano Aécio.
Não são os programas de governo que decidirão tampouco, porque, até sexta-feira, nem Dilma nem Aécio haviam tido a coragem de expor suas propostas. Não serão os evangélicos, os católicos ou os ateus que elegerão o novo presidente. Não serão os gays. Nem os héteros. Não serão as mulheres pró ou contra o direito ao aborto. Não serão os ambientalistas ou os devastadores da floresta. Não serão os banqueiros – esses então, nunca! Mesmo que seus lucros tenham batido recordes nos 12 anos de PT, os banqueiros são os piores cabos eleitorais neste Brasil hoje estagnado e com algumas bombas-relógio armadas por Dilma.
Não serão, claro, os jornalistas que elegerão o próximo presidente, num país que continua com 13 milhões de analfabetos, além dos 30 milhões de analfabetos funcionais, com dificuldade para interpretar um texto. O PT e os militantes totalitários que acusam a imprensa de “fascismo” esquecem que Lula foi incensado pelos mesmos jornais que estão aí hoje, ao ser eleito em 2002. Havia, na imprensa, a rejeição da estratégia falaciosa do medo – a mesma que Dilma usa hoje contra sua maior adversária, Marina.
Lula encarnava uma imensa esperança de o Brasil se tornar mais ético, com uma “nova política”, ancorada na ética e na honestidade. A palavra ética desapareceu para sempre dos programas e das bandeiras do PT. É muito improvável que figure no programa de Dilma. Cara de pau tem limite.
O eleitor, com fé e razão, esperava com o PT um Brasil que investisse pesado em educação, saúde, transporte, segurança e infraestrutura. Um Brasil cujo governo não escondesse dólares na cueca, na bolsa, no banco do carro, na valise. Um Brasil em que a roubalheira não se tornasse institucionalizada, e os desvios de verba pública não se tornassem tão corriqueiros, enlameando até a Petrobras.
Um Brasil que valorizasse a meritocracia, em vez de criar uma casta de “sindicalistas aspones” milionários. Um Brasil que não transformasse corruptos em conselheiros do Poder. Que não criasse mais de 30 Ministérios e mais de 20 mil cargos comissionados na administração direta. Esperávamos um Brasil que não trocasse projeto de governo por projeto de poder, em que o fim justifica os meios.
Será que, como diz Dilma, se Marina for eleita, “banqueiros” farão desaparecer a comida da mesa dos brasileiros? Dilma apoiou a autonomia do Banco Central em 2010 e já percebeu que exagerou ao transformar Marina na “exterminadora do futuro”. Onde está a Comissão da Verdade?
Nesse vendaval de mentiras, só engolidas pelos desinformados ou de má-fé, apareceu, nas hostes do governo, o maior cabo eleitoral de Marina até agora: José Sarney. “Dona Marina, com essa cara de santinha, mas (não tem) ninguém mais radical, mais raivosa, mais com vontade de ódio do que ela. Quando ela fala em diálogo, o que ela chama de diálogo é converter você.” Sarney estava em São Luís, no palanque de Lobão Filho (PMDB), filho do ministro Edison Lobão, candidato ao governo do Maranhão com seu apoio e de sua filha Roseana.
Sarney foi chamado por Lula, em 1986, de “grileiro do Maranhão” e, em 1987, de “o maior ladrão da Nova República” – perto de Sarney, Maluf não passava de “um trombadinha”. Com Lula eleito, viraram irmãos de sangue, prontos a duelar um pelo outro. Sarney sobreviveu incólume a acusações de improbidade, em três mandatos do PT, com a bênção e o beija-mão de Lula e Dilma. Tornou-se o coronel da Casa Grande de Brasília, o “homem incomum”. Imagino como Marina comemorou a declaração de Sarney.
Ninguém sabe direito a cara da nova política, mas todo mundo conhece a cara da velha. O mínimo que se pede ao novo presidente é honestidade. Dilma deve implorar a Collor que não a defenda em público e não ataque Marina. É que pega mal. Já chega o Sarney.
Não será o beijo de Chico Buarque na mão de Dilma que a reelegerá. Não será o beijo de Gilberto Gil na testa de Marina que elegerá aquela que passou fome na infância e se desgarrou do PT. Não será o apaixonado apoio das socialites que elegerá o tucano Aécio.
Não são os programas de governo que decidirão tampouco, porque, até sexta-feira, nem Dilma nem Aécio haviam tido a coragem de expor suas propostas. Não serão os evangélicos, os católicos ou os ateus que elegerão o novo presidente. Não serão os gays. Nem os héteros. Não serão as mulheres pró ou contra o direito ao aborto. Não serão os ambientalistas ou os devastadores da floresta. Não serão os banqueiros – esses então, nunca! Mesmo que seus lucros tenham batido recordes nos 12 anos de PT, os banqueiros são os piores cabos eleitorais neste Brasil hoje estagnado e com algumas bombas-relógio armadas por Dilma.
Não serão, claro, os jornalistas que elegerão o próximo presidente, num país que continua com 13 milhões de analfabetos, além dos 30 milhões de analfabetos funcionais, com dificuldade para interpretar um texto. O PT e os militantes totalitários que acusam a imprensa de “fascismo” esquecem que Lula foi incensado pelos mesmos jornais que estão aí hoje, ao ser eleito em 2002. Havia, na imprensa, a rejeição da estratégia falaciosa do medo – a mesma que Dilma usa hoje contra sua maior adversária, Marina.
Lula encarnava uma imensa esperança de o Brasil se tornar mais ético, com uma “nova política”, ancorada na ética e na honestidade. A palavra ética desapareceu para sempre dos programas e das bandeiras do PT. É muito improvável que figure no programa de Dilma. Cara de pau tem limite.
O eleitor, com fé e razão, esperava com o PT um Brasil que investisse pesado em educação, saúde, transporte, segurança e infraestrutura. Um Brasil cujo governo não escondesse dólares na cueca, na bolsa, no banco do carro, na valise. Um Brasil em que a roubalheira não se tornasse institucionalizada, e os desvios de verba pública não se tornassem tão corriqueiros, enlameando até a Petrobras.
Um Brasil que valorizasse a meritocracia, em vez de criar uma casta de “sindicalistas aspones” milionários. Um Brasil que não transformasse corruptos em conselheiros do Poder. Que não criasse mais de 30 Ministérios e mais de 20 mil cargos comissionados na administração direta. Esperávamos um Brasil que não trocasse projeto de governo por projeto de poder, em que o fim justifica os meios.
Será que, como diz Dilma, se Marina for eleita, “banqueiros” farão desaparecer a comida da mesa dos brasileiros? Dilma apoiou a autonomia do Banco Central em 2010 e já percebeu que exagerou ao transformar Marina na “exterminadora do futuro”. Onde está a Comissão da Verdade?
Nesse vendaval de mentiras, só engolidas pelos desinformados ou de má-fé, apareceu, nas hostes do governo, o maior cabo eleitoral de Marina até agora: José Sarney. “Dona Marina, com essa cara de santinha, mas (não tem) ninguém mais radical, mais raivosa, mais com vontade de ódio do que ela. Quando ela fala em diálogo, o que ela chama de diálogo é converter você.” Sarney estava em São Luís, no palanque de Lobão Filho (PMDB), filho do ministro Edison Lobão, candidato ao governo do Maranhão com seu apoio e de sua filha Roseana.
Sarney foi chamado por Lula, em 1986, de “grileiro do Maranhão” e, em 1987, de “o maior ladrão da Nova República” – perto de Sarney, Maluf não passava de “um trombadinha”. Com Lula eleito, viraram irmãos de sangue, prontos a duelar um pelo outro. Sarney sobreviveu incólume a acusações de improbidade, em três mandatos do PT, com a bênção e o beija-mão de Lula e Dilma. Tornou-se o coronel da Casa Grande de Brasília, o “homem incomum”. Imagino como Marina comemorou a declaração de Sarney.
Ninguém sabe direito a cara da nova política, mas todo mundo conhece a cara da velha. O mínimo que se pede ao novo presidente é honestidade. Dilma deve implorar a Collor que não a defenda em público e não ataque Marina. É que pega mal. Já chega o Sarney.
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