terça-feira, 9 de setembro de 2014

ABREU E LIMA - MIRANDA SÁ


by Miranda Sá

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Um dos livros de história romanceada do Brasil que mais me comoveu foi “Dezessete” do jornalista, escritor e poeta paraibano Eudes Barros. Por ele passam a exploração colonial portuguesa e os heróis nordestinos lutando pela liberdade.
Descreve a Revolução de 1817 cujo motivo é semelhante à saga de Tiradentes nas Minas Gerais: A derrama, na região das minas; e os pesados impostos sobre a exportação do algodão produzido nos estados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Para encher os cofres da corte de João VI, transmigrada para o Brasil por causa das guerras napoleônicas, os ruralistas foram achacados, na melhor expressão do termo.
Assim, organizaram-se com os cidadãos de Olinda e Recife para uma reação independentista, que eclodiu em março de 1817. A Igreja teve uma grande importância no movimento, pregando as idéias iluministas de igualdade e liberdade nascidas da revolução francesa e conquistaram a Europa.
José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, que largou a batina para casar-se, continuou sendo chamado de Padre Roma, e foi um dos chefes da revolução de 1817. Esta, fracassada, levou-o à prisão e à morte. Deixou um filho, um jovem militar de nome Abreu e Lima que, perseguido pelo poder dominante, foi obrigado a abandonar o País.
Abreu e Lima alistou-se como capitão nas tropas de Bolívar, que lutava pela independência dos países andinos. Esteve nas vitórias que libertaram a Colômbia e a Venezuela, e nesses países é reconhecido como um herói.
Nos sombrios dias do narco-populismo que atravessamos, seu nome foi conspurcado numa repugnante parceria de Lula da Silva e o finado Hugo Chávez, que inventaram a instalação de uma refinaria em Pernambuco, com seu patronímico.
O projeto da Refinaria Abreu e Lima é um típico conto-do-vigário. Chávez prometeu investir nele não-sei-quantos bilhões de dólares, e Lula, através do BNDES outros tantos. O dinheiro da PDVESA – Petróleo de Venezuela S.A., nunca chegou ao Brasil e o BNDES esfarelou o investimento na peneira da corrupção que se instalou na Petrobras.
A Refinaria Abreu e Lima custará três vezes mais do que qualquer projeto semelhante em qualquer lugar do mundo, graças a roubalheira desenfreada dos pelegos que privatizaram a Petrobras para o lulo-petismo.
Muitas denúncias caíram no vazio até o último 7 de setembro, o Dia da Pátria, quando estourou como uma bomba o pedido de delação premiada do ex-diretor da estatal, Paulo Roberto da Costa. Os estilhaços causaram polvorosa nos círculos governamentais. E Costa tornou-se um arquivo vivo de um esquema de corrupção jamais visto no País.
Tudo começou na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que revolveu as relações do doleiro Yousseff, com hierarcas do PT e Paulo Roberto da Costa. Descobriu-se um oligopólio das maiores empreiteiras do País, comprovadamente corruptoras, pagando propinas milionárias ao PT, governadores e parlamentares seus aliados.
Envolvidas nas acusações estão às construtoras Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS e Mendes Júnior antigas e generosas doadoras de campanhas eleitorais. E a Refinaria Abreu e Lima representou um ponto de convergência do escândalo, pois o delator era responsável por ela, indicado por Lula da Silva.
Como ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, Costa foi responsável pela obra da refinaria pernambucana, campeã em esgotamento de verbas. Ele documentou e sabe de tudo que se passou ali, razão pela qual deixou Lula desesperado, viajando às pressas para participar em Brasília de uma “reunião de emergência” convocada pela presidente Dilma Rousseff. Coincidentemente, usou um jatinho da empreiteira Andrade Gutierrez.
Com as manhas da pelegagem, Lula propôs a adoção de uma linha ofensiva de discurso, e mesmo com Dilma constrangida, chamar urgentemente a amiga Graça Foster para propor-lhe o costumeiro “pedido para sair” da presidência da Petrobras. Ainda há muitas coisas por vir, sacudindo e desmistificando a já combalida Era Lula.
Desse turbilhão de criminalidade lulo-petista, resta aos patriotas brasileiros dignificarem Abreu e Lima, herói de três pátrias, varrendo para sempre, pelo voto, os que enlamearam seu nome.

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