CHOQUE DE REALIDADE
A coluna de Rapphael Curvo
Raphael Curvo
O Brasil está nu. Caiu o último manto que escondia a realidade que se encontra o País. O futebol foi colocado como arma política e estratégia de governo para iludir o povo com o marketing de obras e sucesso administrativo. Não faço parte dos “pessimistas” ou dos que não são patriotas, mas sim, incorporo o pensamento daqueles que tem o patriotismo como atitude de defender o Brasil das péssimas políticas governamentais que sujeitam a população a crenças ilusionistas de que tudo está bem e que o Brasil é um cenário paradisíaco. Ser patriota é lutar por educação de qualidade, saúde decente, estradas que não matam pelos defeitos e buracos. É lutar contra a corrupção e a indecência que se tornou a relação promíscua entre governo e partidos políticos. É valorizar o nosso sistema jurídico e respeitar as leis, isso é ser patriótico e não fazer de lágrimas e brados em estádios de futebol algo de supremo patriotismo. Talvez até, estes brados tenham sido um sinal de carência, de desamparo e de frustração ao longo dos anos.
A população está tomando, mesmo que lentamente, a noção de que estamos longe daquilo que a máquina governamental propaga nos intervalos dessas indecentes novelas, fonte de desestruturação de famílias e jovens. É em um cenário virtual que o Brasil vive. Estamos em descompasso da realidade do mundo globalizado e ainda vivemos de expectativas de que caudilhos ou líderes populistas venham nos apresentar ao novo mundo, o mundo do bem estar e qualidade de vida que hoje vive boa parte das Nações civilizadas. O povo começa a perceber que tudo aquilo que lhe é “dado”, e não construído pelo mérito, tem alto preço a pagar. As faturas estão ficando cada vez maiores ante a redução do poder salarial.
O brasileiro está percebendo que o que lhe ofereceram não foi bem assim como pensavam. Ao comprar o carro, como exemplo, não o avisaram dos custos que vinham amarrados no para-choque traseiro em várias cordinhas. Entraram na aventura de que o valor da prestação cabia no salário, só que este não acompanha o custo de vida. Assim, partiram para a compra em 72 prestações, ou seis anos, para pagar. Agora, estarrecido, descobre que aos 24 meses de pagamento, o carro já está aos pedaços e sem preço no mercado e o que ele tem a pagar é duas vezes maior que o valor de venda do veículo. Descobre que o seu salário, corroído, já não dá mais para manter em dia o seguro, IPVA e a manutenção do veículo. Fica então entre a opção de manter o carro ou manter a casa.
Por não ter sido preparado educacionalmente ou mesmo não ter qualificação, uma gigantesca massa de trabalhadores vê seu limite salarial atingir o teto e seus compromissos financeiros ultrapassarem em muito aquele assumido anteriormente dado os aumentos constantes do custo de vida. Pela propaganda escabrosa na TV, transmite-se a população um mar de sucessos e crescimento, como se tudo estivesse solucionado e resolvido, assim como na campanha do presidente da FIESP, candidato ao governo de São Paulo, Paulo Skaff. Transmite ao povo a falsa imagem de que é um realizador, esconde com isso a sua falta de liderança empresarial e atitude em exigir do governo federal investimentos básicos para o suporte e crescimento da economia brasileira. A sua postura foi e ainda é, midiática. O mesmo acontece na esfera federal com a presidente Dillma. Propaga o que não pode, por incompetência, oferecer.
A verdade veio à tona e não há mais alternativas à “propaganda” ilusionista. A incapacidade de governo não terá o manto da Copa para ser escondida. Os sete gols dos alemães foram, no fundo, um salvo conduto ao povo brasileiro e, quem sabe, a extirpação dessa engenhosa máquina de mentiras e falsidades contidas no “bolivarianismo” que nem mesmo eles sabem o que significa a não ser como forma de mascarar a democracia e estabelecer um controle vitalício do Estado. É algo surgido, não do movimento de classes, mas de uma degeneração mental e política de dominação de massa por populistas que são, na verdade, verdadeiros tiranos. Assim, como no futebol, o brasileiro está tomando um choque de realidade.
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