O “boom” de investidores de países emergentes como o Brasil no mercado imobiliário dos Estados Unidos, sobretudo a partir de 2011, desacelera ligeiramente com os sinais de recuperação da economia norte-americana e a valorização do dólar.
Segundo pesquisa da NAR (associação nacional dos corretores de imóveis dos Estados Unidos), em 2012, 3% das vendas para estrangeiros foram destinadas a brasileiros. Este número passou para 2% no primeiro semestre de 2013.Ainda conforme o levantamento, 44% dos corretores norte-americanos dizem acreditar que a alta do dólar terá impacto efetivo nas vendas de imóveis para estrangeiros.
Além do câmbio, a valorização dos imóveis norte-americanos também pesa na hora de investir. O preço médio do imóvel fechou 2012 em US$ 177 mil (cerca de R$ 395 mil), um crescimento de 16% em relação aos dois anos passados, segundo Leslie Smith, vice-presidente da NAR.
Para Martonio Pinto, 45, dono de uma empresa de vendas e locações de imóveis em Orlando, o mercado imobiliário, do ponto de vista de um bom investimento para os brasileiros, está “no limite”.
“Se houver um aumento de 10% a 20% no preço do imóvel, a menos que haja recuperação do aluguel, os lucros para investidores brasileiros não passarão de 3%”, estima.
Sidney Shauy, 47, analista de mercado em Nova York, relata que, só em julho deste ano, o imóvel na cidade valorizou 22%. “Se subir 2%, atingimos níveis pré-crise.” Mesmo assim, agentes do setor avaliam que os juros estão baixos (entre 4,5% e 5%) e, combinados com um mercado mais estabilizado, vão atrair compradores.
É nisso que aposta também Luís Claudio Sinelli, 45, um dos donos do condomínio Magic Village, em Orlando, feito “por brasileiros para brasileiros”. Em estilo resort, o empreendimento terá 180 casas com preço médio de US$ 350 mil (R$ 780 mil).
O projeto nasceu no ano passado. “Como reflexo da crise, ainda conseguimos ter um custo de construção menor do que no Brasil”, afirma Sinelli. Se, por um lado, a valorização do dólar pode inibir novos investidores, por outro ela estimula a venda.
“Já vemos pessoas que compraram imóveis entre 2009 e 2011, com o dólar em torno de R$ 1,60, revendendo”, diz Pinto.
INVESTIMENTO
A combinação do dólar enfraquecido com o preço baixo dos imóveis logo após a crise de 2008 atraiu clientes não mais em busca só de uma casa de veraneio, mas de um negócio.
Segundo Shauy, o investidor brasileiro é das classes A ou B, já investe no setor imobiliário brasileiro e busca empreendimentos de até US$ 300 mil (R$ 668 mil) nos EUA.
Por esse preço, fica difícil investir em Manhattan, onde o metro quadrado custa US$ 13 mil (R$ 29 mil). E ganham destaque Miami e, principalmente, Orlando, onde o valor pode cair para até US$ 1.200 (R$ 2.800).
Shauy estima que 70% dos brasileiros paguem à vista. Após a crise, ficou mais difícil financiamento para estrangeiros. “A maioria dos bancos, como os grandes JPMorgan e o Bank of America, não fazem”, diz Shauy.
A falta de informação é outra barreira. Muitos não sabem, por exemplo, que, se o imóvel for comprado para locação, 30% da renda bruta fica nos Estados Unidos.
“O conselho é abrir uma empresa aqui, porque o negócio é considerado norte-americano e o imposto passa a ser cobrado sobre a renda líquida”, diz Shauy, que mantém um blog sobre como investir nos Estados Unidos.
Fonte: Folha
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