17/09/2013
Não há segredo em economia. Quem tem dinheiro está bem, e quem consegue atrair ainda mais dinheiro está melhor ainda. À medida que os países ricos voltam a se tornar atraentes, sobram menos recursos financeiros para empréstimos e investimentos no resto do mundo. O fluxo de dinheiro para os países emergentes não secou – mas a saída cresceu (leia no mapa). No primeiro semestre, o volume de investimento vindo do exterior para fins produtivos no Brasil somou US$ 37,2 bilhões, um crescimento de 7% em comparação com o mesmo período de 2012. Não há como negar, porém, que os planos de criação de novos negócios ou instalações produtivas no Brasil serão afetados pelo novo cenário global.
Levando em conta todos os outros canais de entrada e saída de dinheiro, como empréstimos, aplicações financeiras e comércio, o saldo vem piorando. No saldo final, entre janeiro e junho saíram do Brasil US$ 43,5 bilhões – 73% a mais que em 2012. Por isso, os dólares tornam–se mais raros e caros. “O resultado virá sempre de duas forças – a influência do mercado externo e a capacidade de reação do mercado interno”, afirma Hugo Penteado, economista-chefe de administração de recursos do Banco Santander. O Brasil vem reagindo mal à mudança. Por isso, o real vem se desvalorizando mais fortemente que outras moedas. O cenário brasileiro reúne pouco crescimento, inflação alta, valor de exportações em queda e a incerteza típica de tempos pré-eleitorais. Pelas projeções de Penteado, a inflação aumentará entre 0,5 e 1 ponto percentual a partir de setembro, caso a cotação média do dólar se mantenha perto de R$ 2,30. O Brasil enfrentará as turbulências com menos sustos se empresas de todos os tamanhos aproveitarem para exportar mais bens e serviços (agora mais baratos), se os candidatos a presidente se comprometerem com a estabilidade da economia e, sobretudo, se o governo fizer seu papel: zelar pela moeda, gastar menos e investir melhor.
Fonte: Época, 26/08/2013
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