02/07/2013
Anhangüera
Antônio Machado de Carvalho é professor na Universidade Federal de Minas Gerais. Escreveu um belo artigo que divido com os nossos leitores. Ele faz citações de Luis de Camões e de Lewis Carroll, especialmente deste último, onde a rainha de copas é a reinante no País das Maravilhas, equiparando-a à nossa “presidenta”. A referência à biruta se prende ao segundo significado do dicionário: Aparelho capaz de mostrar a direção do vento. Quanto ao primeiro significado: pessoa doida, sem juízo, desligada do mundo real, fica a critério de cada leitor.
Antônio Machado de Carvalho é professor na Universidade Federal de Minas Gerais. Escreveu um belo artigo que divido com os nossos leitores. Ele faz citações de Luis de Camões e de Lewis Carroll, especialmente deste último, onde a rainha de copas é a reinante no País das Maravilhas, equiparando-a à nossa “presidenta”. A referência à biruta se prende ao segundo significado do dicionário: Aparelho capaz de mostrar a direção do vento. Quanto ao primeiro significado: pessoa doida, sem juízo, desligada do mundo real, fica a critério de cada leitor.
“Há pouco tempo, dona Dilma se propôs o desafio de censurar os críticos que verberam seu desgoverno. Sacou do fundo do baú a imagem do velho do Restelo, personagem dos Lusíadas que representa no poema o chamado à razão. O alerta contra os riscos e custos da aventura portuguesa na conquista das Índias foi comparado, por ela, aos justos questionamentos que vêm se acumulando contra a maneira brasileira de fazer política na última década. A presidente quis associar a epopeia daqueles navegadores audazes com a medíocre obra de seu desgoverno, como se os seus críticos não passassem de uma paródia de ressentidos imitadores do velho do Restelo.
O castigo, no entanto, veio a cavalo. Na primeira semana da Copa das Federações, a voz rouca das ruas fez dona Dilma engolir suas palavras. Frente às vaias e protestos populares, a madame revelou sua estatura: a real, não a aparente. Não dispondo de capacidade própria nem de interlocutores que a ajudassem a enfrentar a crise posta no seu colo (sua equipe de palacianos se presta apenas à mera bajulação), restou-lhe fugir do seu palácio, às pressas, para dar um pulo a São Paulo e receber as devidas ordens do verdadeiro criador do quadro que se instituiu no país.
O triste papel de Dilma merece, porém, ser lido sob a ótica camoniana. No famoso episódio Inês de Castro consta o verso imortal – o fraco rei faz fraca a forte gente – antecipando profeticamente em alguns séculos a presente situação nacional. Ao sair sorrateira de Brasília para encontro com o co-presidente numa saleta reservada nos fundos do aeroporto de Congonhas, a presidente mostrou o quanto lhe falta de condições de liderança para arrostar as adversidades. Fraca, enfim.
A paralisia e incompetência do governo da república são visíveis. Qual uma biruta, não sabe nem o que fazer nem para onde ir. Fecha-se em copas, a rainha das copas, reduzindo o ato de governar à distribuição de bolsas: bolsa vovô, bolsa vovó, bolsa bebê, bolsa sofá e outras bolsas mais de nomes impublicáveis.
O governo Dilma não governa. O governo só pensa naquilo: as próximas eleições. Seus ministros estão mais preocupados com conchavos visando 2014 do que em resolver os problemas sob suas responsabilidades. Nisso guardam coerência e fidelidade às posturas da presidente que, também, só age movida pelo mais reles espírito eleitoreiro. A verdade pura e simples é que a população se encheu de, entre inúmeras causas, ver tantas obras inúteis e faraônicas, fontes evidentemente de futuras contribuições de empreiteiros para o custeio de campanhas governamentais. Desmandos, preguiça, burrice e corrupção em todos os setores configuram o ambiente social e político que a população está a questionar com razões mais que suficientes. Vistosas e caríssimas propagandas marteladas, incessantemente, não conseguiram, contudo, abafar nem a verdade nem a realidade. Não precisa fazer plebiscito. Já está feito.”
O castigo, no entanto, veio a cavalo. Na primeira semana da Copa das Federações, a voz rouca das ruas fez dona Dilma engolir suas palavras. Frente às vaias e protestos populares, a madame revelou sua estatura: a real, não a aparente. Não dispondo de capacidade própria nem de interlocutores que a ajudassem a enfrentar a crise posta no seu colo (sua equipe de palacianos se presta apenas à mera bajulação), restou-lhe fugir do seu palácio, às pressas, para dar um pulo a São Paulo e receber as devidas ordens do verdadeiro criador do quadro que se instituiu no país.
O triste papel de Dilma merece, porém, ser lido sob a ótica camoniana. No famoso episódio Inês de Castro consta o verso imortal – o fraco rei faz fraca a forte gente – antecipando profeticamente em alguns séculos a presente situação nacional. Ao sair sorrateira de Brasília para encontro com o co-presidente numa saleta reservada nos fundos do aeroporto de Congonhas, a presidente mostrou o quanto lhe falta de condições de liderança para arrostar as adversidades. Fraca, enfim.
A paralisia e incompetência do governo da república são visíveis. Qual uma biruta, não sabe nem o que fazer nem para onde ir. Fecha-se em copas, a rainha das copas, reduzindo o ato de governar à distribuição de bolsas: bolsa vovô, bolsa vovó, bolsa bebê, bolsa sofá e outras bolsas mais de nomes impublicáveis.
O governo Dilma não governa. O governo só pensa naquilo: as próximas eleições. Seus ministros estão mais preocupados com conchavos visando 2014 do que em resolver os problemas sob suas responsabilidades. Nisso guardam coerência e fidelidade às posturas da presidente que, também, só age movida pelo mais reles espírito eleitoreiro. A verdade pura e simples é que a população se encheu de, entre inúmeras causas, ver tantas obras inúteis e faraônicas, fontes evidentemente de futuras contribuições de empreiteiros para o custeio de campanhas governamentais. Desmandos, preguiça, burrice e corrupção em todos os setores configuram o ambiente social e político que a população está a questionar com razões mais que suficientes. Vistosas e caríssimas propagandas marteladas, incessantemente, não conseguiram, contudo, abafar nem a verdade nem a realidade. Não precisa fazer plebiscito. Já está feito.”
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