domingo, 26 de maio de 2013

Cartas de Seattle: Porco com maconha, por Melissa de Andrade


Se um animal come planta de maconha, a carne fica com gosto diferente? O açougueiro William von Schneidau diz que sim. “Fica mais saborosa”, garante. O depoimento ajuda e muito no marketing. Schneidau está criando zunzunzum ao vender carne suína feita de porcos alimentados, em parte, por caules, folhas e raízes de planta de maconha.
Para quem perdeu a notícia, a maconha é legal no estado de Washington desde o fim do ano passado, embora os detalhes da regulamentação ainda estejam sendo definidos.
A nova iguaria vendida no famoso mercado público de Seattle, Pike Place Market, fez tanto sucesso que o açougueiro vai começar a produzir presunto.
Não, comer presunto de porco alimentado de caule de maconha aparentemente não dá barato. Mas a verdade é que não se sabe se os porcos sentem alguma coisa devido à presença da erva na ração. Ou mesmo se alguma substância que afete humanos possa passar para a carne.
Uma coisa é certa: os porcos que receberam o suplemento engordaram de 10 a 15 quilos a mais que os demais da mesma criação. Será que era larica?
Os Pot Pigs surgiram de uma solução para a crise. Com a ração animal está ficando cada vez mais cara, os produtores começaram a se associar para reaproveitar o resto da produção alheia. O desperdício de um é a alternativa financeira de outro.


BB Ranch, de William von Schneidau, fez acordo com uma clínica que adota maconha como tratamento. O aproveitamento de partes da planta não usadas para uso medicinal ou recreativo é um mercado novo, pelo menos oficialmente.
Por enquanto, a curiosidade está garantindo as vendas do “Pot Pork”. Se a novidade vai continuar no gosto popular, só o tempo vai dizer.

Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.

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