terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Nova disciplina escolar no Congresso, por Ateneia Feijó



Acabara de pagar minhas compras no supermercado e já estava fora da loja, quando um rapaz me avisou que a moça da caixa estava me chamando. Eu pagara com o cartão. Teria havido algum problema? Voltei. Sorrindo, apontando para um cantinho do balcão ela falou: “A senhora esqueceu seu celular.”
O celular não era meu. Então, a jovem chamou o gerente passando-lhe o objeto esquecido. Não quis se aproveitar de uma situação prejudicando outra pessoa e tampouco se apoderar do que não lhe pertencia. Ela foi ética ou honesta? Ética e honesta!
A recompensa? Sentir-se prazerosamente bem (mesmo inconscientemente), colaborando para um mundo com mais confiança. Por quê? A moça respondeu quando um homem lhe deu os parabéns por sua atitude: “Lá em casa a gente foi criada assim.”
A história é verdadeira. A maioria das pessoas ainda consegue discernir o que é certo do que é errado. Acredito que essa jovem dificilmente seria corrompida ou tentaria corromper alguém.
Haveria alguma câmara filmadora por perto? Ah, para quem estivesse a fim de afanar o celular naquele cantinho seria fácil driblar o alcance da lente.
O hábito de agir corretamente se aprende praticando em família, creches, sindicatos, partidos políticos, delegacias policiais, gabinetes de governo e clubes esportivos. Sem dispensar alegria, brincadeira, bom humor. E cidadania, com garantia de direitos e desempenho de deveres.
Está para ser votado na Câmara de Deputados o projeto de lei do senador Sérgio Souza (PMDB-PR) propondo mais uma modificação na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996. Desta vez, para incluir Cidadania Moral e Ética como disciplina obrigatória no ensino fundamental. E, no médio, Ética Social e Política.
A intenção pode até ser boa. Mas para que sobrecarregar as crianças com essas matérias? É impossível lhes dar qualquer formação ética, social e política apenas com abstrações em sala de aula. Seria necessário citar modelos sociais e políticos existentes; e adotados no país. De exemplos de práticas na presidência da República, no Senado, na Câmara de Deputados...
Uma tremenda saia justa para os professores. Qualquer dia vão querer que lecionem Honestidade como disciplina escolar. Em contrapartida, há quem sugira uma espécie de Enem para os períodos pré-eleitorais. Durante as provas os candidatos ficariam sujeitos a aprovação, reprovação ou punição por malfeitos.
Vou entrar de férias. Retorno dia 21 de janeiro de 2013. Feliz Ano Novo!

Ateneia Feijó é jornalista

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