O juiz e poeta mineiro Afonso Henriques da Costa Guimaraens (1870-1921), que adotou o nome de Alphonsus de Guimaraens, é considerado o mais místico dos poetas simbolistas, tendo em sua poesia as características marcantes dessa escola literária: o misticismo, a sugestividade, a musicalidade, os aspectos vagos e nebulosos, a sonoridade, a espiritualidade.
Entre seus temas preferidos figuram a morte da mulher amada, o amor, a morte, a solidão e a melancolia como no poema “Ismália”, escrito em honra a sua falecida ex-noiva e prima Constança.
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ISMÁLIA
ISMÁLIA
Alphonsus de Guimaraens
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…
E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…
(Colaboração enviada pelo poeta Paulo Peres – site Poemas & Canções)
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