quarta-feira, 3 de outubro de 2012

7 motivos para amar uma cidade, por Ruth de Aquino



Ruth de Aquino, ÉPOCA
O que é uma cidade? Não existe definição ideal. A cidade sou eu, é você. Se é o lugar onde se dorme, acorda, trabalha, caminha e trafega, onde se ama, briga e morre, a cidade é bem mais que um amontoado de concreto e verde – é uma experiência de bem-estar ou mal-estar. Alguns se tornam reféns de sua cidade, sequestrados por circunstâncias profissionais, financeiras e familiares. Alguns vivem onde desejam. É aí que os defeitos da cidade incomodam como traições de mulher amada. Só nós podemos criticar – forasteiros não.
Cito dois pensadores visionários de cidades. Um é o inglês Ebenezer Howard (1850-1928), autor de Cidades-jardins de amanhã, em 1898. No século XIX, ele já se preocupava com ar fresco, água, superpopulação e migração do campo. Criou modelos de cidades utópicas, com vantagens urbanas e suburbanas, que significavam “uma nova esperança, uma nova vida, uma nova civilização”. Howard perguntava: “Para onde as pessoas irão?”. Uma questão mais atual que nunca.
Outro pensador é o americano Lewis Mumford (1895-1990), que publicou em 1961 A cidade na história. Seus maiores medos eram o império do automóvel e a megalópole. Para Mumford, a cidade gigante ameaçava a saúde, a dignidade, os valores comunitários, ambientais e espirituais da população. “Antigamente”, dizia ele, “a cidade era o mundo, hoje o mundo é uma cidade”.
Para esta edição especial de ÉPOCA, dedicada às cidades, busquei um professor apaixonado pelo centro urbano em seu sentido ancestral – servir o homem. O arquiteto e urbanista premiado Luiz Carlos Toledo listou “7 motivos para amar uma cidade”:
1. Amo as cidades que sabem se reinventar, como o Rio de Janeiro, que deixou de ser a sede tropical da corte portuguesa, capital do império e da república e, graças a Deus, capital cultural do Brasil, título careta e equivocado num país cuja diversidade cultural não respeita território e dispensa uma capital.
O Rio soube transformar uma decadente Lapa em polo de atração capaz de arrancar os jovens da Barra da Tijuca de seus condomínios para se divertir com outros jovens, do resto da cidade, nas rodas de samba e chorinho. Soube resgatar o carnaval de rua, fazendo do Centro e de cada bairro passarelas tão ou mais atraentes que o Sambódromo globalizado.
2. Amo as cidades que têm esquinas e, principalmente, quando ocupadas por padarias e botequins, para a gente ouvir pela manhã o balconista gritar: “Salta uma média no copo e um pão na chapa”. À noite, na volta para casa, uma rápida parada no boteco predileto, jogando conversa fora com um cara que você nunca viu antes, ouvimos deliciados e com sotaque lusitano: “Salta uma gelada que o freguês tem pressa”.
Leia a íntegra em 7 motivos para amar uma cidade

Arcos da Lapa, Centro, Rio

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