MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
Como zeloso camareiro da História do Brasil, o sociólogo Chico de Oliveira – um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores – despiu o rei da pelegagem, Lula da Silva, arrancando-lhe o manto da seriedade e do caráter no programa Roda Viva, da TV-Cultura.
O respeitável professor, que emprestou seu prestígio ao projeto obreirista da intelligentsia esquerdista da USP, guarda na mesma gaveta das decepções a radiografia de corpo inteiro do trêfego líder petista… E poucas pessoas conhecem Lula como ele.
Também é o que penso. Lula teria inspirado Mário de Andrade, o criador de Macunaíma: para os que cultuam a sua personalidade é um príncipe lindo, e numa metamorfose ambulante, é um índio negro, vira branco, inseto, peixe e até mesmo um pato, dependendo das circunstâncias.
Herói sem nenhum caráter, falso socialista, armou-se fraudulentamente com a lança do sindicalismo e o escudo do esquerdismo rumo à aventura política. Foi pelego da Volkswagen e aproximou-se dos militares em plena ditadura.
Pela Volkswagen fez um Curso de Sindicalismo na Johns Hopkins University, em Baltimore, nos EUA, onde aprendeu e adotou as teses da ALF-CIO, no seu carreirismo desenfreado que os metalúrgicos do ABC seguiram, graças ao inegável carisma e a palavra fácil.
Através do empresário Paulo Villares, das Indústrias Villares, chegou ao todo poderoso general Golbery do Couto e Silva, estrategista do sistema militar implantado de 1964, que lhe presenteou com um partido para impedir a influência do PCB e do PTB quando da redemocratização.
Com uma memória implacável, outro estudioso da História do Brasil, Mario Garnero, revela o apoio que Lula recebeu de Golbery com a colaboração da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Golbery queria isolar as lideranças políticas dos comunistas e trabalhistas, e a FIESP livrar-se do pelego Joaquinzão, dirigente do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT).
Assim, militares e empresários modelaram o monstro que conquistou as massas sebastianistas, representando a mágica de um operário nordestino, sobrevivente das agruras de uma família camponesa, que chegou para salvar a Pátria…
O certo é que não salvou, nem sequer melhorou. Desfigurou o sindicalismo, enxovalhou a representação popular no Congresso, interveio aeticamente na Justiça e aproveitando-se de ignorante e encabrestada popularidade, impingiu um poste na presidência da República. Literalmente um poste.
Do passado, está no livro de Mário Garnero “Jogo Duro”, ainda encontrado nas livrarias; no presente, está n’ “O Chefe” de Ivo Patarra, e o mais recente perfil de bilionário na revista Forbes. Todos sem desmentidos.
Entre suas mentiras compulsivas, Lula vende a imagem de semi-analfabeto, o que na realidade não é. Os cursos que fez (fora do SESI), tanto em Baltimore, na Johns Hopkins University, já citada, estudou também no Instituto Americano de Desenvolvimento do Sindicalismo Livre (IADESIL).
Como dá para entender, seu aprendizado é a negação do ‘esquerdismo’ auto-assumido, pois os dois institutos norte-americanos preparam contra-revolucionários de liderança sindical. A ‘contra-revolução’ assimilada, talvez explique o solapamento das instituições, como o desprezo pela educação universitária.
Lula sabe que a Universidade é o relé e o rotor da formação humana, contestando o poder, questionando os postulados, programas, doutrinas e ideologias de qualquer espécie. Chico Oliveira é o exemplo da cultura universitária, do conhecimento das contradições sociais e da resistência ao status quo.
Sobre a Universidade, nada melhor que acompanhar a justa greve das faculdades federais, unindo professores, alunos e auxiliares de todos os níveis. Eles reivindicam salários equânimes e mais verbas para pesquisa, formação e hospitais universitários.
A área econômica lulo-petista do Executivo nega os pedidos dos grevistas, e essa negativa é um veto ao futuro soberano da Nação Brasileira. Descobre-se aí o DNA do Pelego.
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