sexta-feira, 25 de maio de 2012

Construtoras compram hotéis para demolir e fazer casas em Balneário Camboriú


Valorização dos terrenos e dificuldade nos negócios faz com que hotéis antigos de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, deem espaço a prédios residenciais

Entre os milhares de edifícios que se erguem na orla deBalneário Camboriú, em Santa Catarina, o mercado da construção civil parece ter encontrado um novo espaço para crescer. Nos últimos cinco anos, hotéis têm sido derrubados para dar lugar a residenciais. O fenômeno atinge a rede hoteleira mais antiga, que enfrenta um dilema: ou investe em modernização, apesar da sazonalidade das hospedagens, ou resiste ao apelo dos construtores.
O negócio mais recente envolveu o Hotel Camboriú Palace, com 45 anos de história, e a construtora Embraed. Desde o início do mês, o prédio vem sendo desocupado e os 32 empregados foram demitidos. Mário Sieverdt, ex-proprietário do hotel, diz que cansou do negócio. "De 20 anos para cá, surgiram hotéis demais. Há muita oferta, e a procura não é tão grande. Ter hotel não é mais tão rentável."
A falta de mão de obra e os custos com pagamento de impostos e manutenção estão entre os principais motivos que levam os proprietários a cederem às propostas dos construtores. Segundo o Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Sindisol), pelo menos oito hotéis deram lugar à construção civil nos últimos cinco anos.
Construído na década de 1950, o Hotel Fisher, na Avenida Atlântica, é um deles. O prédio, adquirido pelaConstrutora Procave, começou a ser demolido há cerca de 10 dias. "A valorização imobiliária em Balneário Camboriú é muito alta, diferente de qualquer outro lugar. Recebo propostas toda semana, inclusive do exterior", diz Dirce Fistarol, gerente de hospedagem do Sindisol e proprietária de um hotel.
Se para os hoteleiros a venda pode ser uma boa alternativa, para os construtores é a oportunidade de conseguir um terreno grande, bem localizado, e de proprietário único. "Sai mais caro porque não se compra só o terreno, mas o prédio. Muitas vezes é o hoteleiro quem procura o comprador", diz Carlos Haack, presidente doSindicato da Indústria da Construção Civil de Balneário Camboriú (Sinduscon).
Empresário defende investimento e renovaçãoRogério Rosa, proprietário da construtora Embraed, que nos últimos anos negociou três hotéis para transformá-los em residenciais, não pensa que a mudança na rede hoteleira impactue no turismo. Ele acredita na necessidade de renovação para manter a visitação na cidade.
"Balneário Camboriú assistiu nos últimos anos à morte silenciosa da figura do turista. Hoje temos veranistas, que têm apartamento na cidade. Para atrair os turistas precisamos de equipamento turístico e hotéis em locais aprazíveis", avalia.

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