quinta-feira, 1 de março de 2012

Casas flutuantes: adaptação às mudanças climáticas na Holanda



Posted: 29 Feb 2012 05:33 PM PST
Ao longo de toda a sua história, os holandeses conviveram com esforços para se proteger do mar e ampliar o seu território, construindo comportas e fazendo aterros.  Utilizaram moinhos de vento para bombear a água continuamente para fora, e assim criaram espaços para novas cidades e até mesmo para pastagem de seu gado bem como para a agricultura.  Sem esses essas iniciativas de muito longo prazo e sistemas, metade do território da Holanda estaria submerso.
Ainda assim, em 1953 mais de 1.800 pessoas morreram em decorrência de grandes inundações no sul da Holanda, lá chamadas de dilúvio.  Essas inundações ficaram na memória do país como ‘”o desastre”.  O resultado foi a construção de uma mega-barragem que pode ser vista na foto acima
Não se tem notícias de que durante essa mega-obra ativistas do Greenpeace – organização sediada na Holanda – tenham aparecido lá para protestar contra os impactos sobre a vida marinha ou a paisagem, e ainda menos que tenham invadido o parlamento para se algemar a cadeiras e mesas.Na década passada, duas novas inundações ocorreram, em 1993 e em 1995, causando prejuízos de bilhões de dólares.  Isso alertou ainda mais a consciência dos holandeses para os riscos das mudanças climáticas e, considerando-as inevitáveis, as autoridades passaram ao planejamento de longo prazo, com programas de décadas – a principal diferença entre os países sérios e os países periféricos.
As iniciativas locais também se multiplicaram e lá começaram a surgir casas flutuantes ou casas-embarcações, uma forma de aprender a conviver com as mudanças climáticas.  Não é algo de se espantar, pois que a maioria dos barcos ancorados nos canais de Amsterdam já são mesmo residências.  A grande diferença está na arquitetura e nos níveis de conforto.  Tais casas são construídas em terra firme e estão sendo desenhadas para flutuar quando o nível das águas subir, ainda que por um ciclo.
Sem fundações, as casas ficam atadas por cordas a pontos de fixação e têm os seus sistemas de eletricidade, abastecimento de água e esgotamento sanitário feitos através de tubulações mais longas e flexíveis.Na verdade, vilarejos inteiros estão sendo assim projetados, tendo Maasbommel sido o primeiro – é fácil copiar e colar o nome no software de busca do computador e ver imagens como a de abaixo.
Vilarejos flutuantes existem na Ásia há muito tempo como uma forma de adaptação às enchentes periódicas, e também é possível encontrar um grande número de casas flutuantes em toda a Amazônia.  Mas essa abordagem feita por um país altamente desenvolvido não deixa de ser muito interessante.Agora, vá alguém sugerir algo semelhante nas áreas mais sujeitas aos impactos das mudanças climáticas no litoral do Brasil ou mesmo nos grandes afluentes do rio Amazonas, onde isso já ocorre sob a forma de favelas flutuantes, para ver a reação da turma que tenta transformar as amarrações do Código Florestal  em sinal do fim dos tempos.  O primeiro argumento seria logo o usual blá-blá-blá sobre a ocupação da faixa marginal de proteção, sem qualquer outra consideração especificidades locais, incluindo o grau de erosão dos solos, para não falar da engenharia hidráulica e de contenção, tradições culturais (a Pastoral da Terra tem levantado o problema das populações ribeirinhas) e outras questões relevantes.

FONTE: Portal do Meio Ambiente

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