252018
Essa situação que estamos enfrentando com a greve dos caminhoneiros, me leva a uma questão: O que é inviável, a Petrobrás ou as transportadoras?
Vivemos num país que tem problemas em 3D, de leste a oeste e de norte a sul, de cima para baixo e de baixo para cima. Se os caminhoneiros não podem pagar pelo combustível tão caro, a Petrobrás também não pode trabalhar como trabalhou no passado recente, vendendo mais barato do que comprava. Entre eles está a bocarra do Tesouro que cobra impostos exagerados dos dois lados.
Apesar da carga tributária enorme, isso não chega para os gastos descontrolados e crescentes do nosso Estado. Todo ano temos necessidade de aumentar um pouco mais o endividamento para cobrir o déficit. Quando o país começa a botar a cabeça de fora, vamos crescer depois de três anos sem crescimento econômico, quando a inflação não ameaça mais, os juros ficam menos pesados nas contas públicas. Quando o cidadão acredita que agora vai! Surge essa ameaça que sabemos como está começando, mas não sabemos como e quando pode acabar. Um golpe fulminante na nossa vida.
Fui ao mercado para comprar frutas e verduras e fiquei surpreso ao me deparar com uma imagem que estamos acostumados a ver nos noticiários da TV quando falam da situação da Venezuela. Prateleiras vazias, sem nenhuma verdura, poucas frutas, quase nada de ovos. Assustador. Ficou evidente a inconveniente dependência de um serviço mais do que essencial para o funcionamento do Brasil. O caminhão na estrada é vital (hoje mortal) para nós. Sempre soubemos que o trabalho dessa categoria era importante, mas foi a greve que mostrou a verdadeira dimensão dessa ameaçadora dependência.
Se não temos alternativas ao transporte rodoviário, também não temos alternativa ao monopólio obsoleto da Petrobrás. Falta concorrência em tudo nesse nosso país. Competição ao invés de proteção é o que faz a humanidade progredir. Porém não vemos ações concretas para facilitar a vida das empresas e estimular novos investimentos. As concessões e privatizações tão necessárias para a modernização ficam apenas como promessas. Se o Governo não tem poupança (nem competência) para investir que permita o setor privado fazer os investimentos. Precisamos dos serviços, não necessariamente que sejam estatais.
Vivemos num país por construir, numa época onde o capital está atrás de oportunidades, mas não oferecemos condições estáveis economicamente e confiáveis do ponto de vista legal, para grandes investimentos. Nem brasileiros, nem estrangeiros sentem-se seguros para injetar capital em projetos de longa maturação. Nossa fotografia que já não está bonita pode piorar ainda mais. Estamos às vésperas de uma eleição que tem chances de aumentar muito a incerteza. Temos dois candidatos que parecem misseis com ogiva nuclear desorientados, navegando para um alvo desconhecido. Duas balas perdidas. Aqueles que são previsíveis representam a continuidade desse quadro triste.
E agora? Ronald Reagan é quem tinha razão: Governo não é a solução, é o problema.