25 de maio de 2017
De 7 de março quando Joésley gravou a conversa fatídica no Jaburu até 17 de maio quando a Globo a despejou sobre o Brasil transcorreram 71 dias. O que aconteceu entre uma coisa e outra é uma enorme interrogação. Entre as dúvidas que ainda estão no ar, destaco as seguintes:
1 – Como tudo isso começou? Os ésleys procuram Janot ou é o contrário? Em que data?
2 – Apresentaram-se a Janot com a gravação em mãos junto com seus advogados ou sozinhos? Apostaram no escuro que Janot aceitaria essa “sua ideia”? Que crime ficaria caracterizado se isso tivesse ocorrido ao contrário e Janot tivesse instruído essa gravação?
3 – O que Janot fez nos 70 dias subsequentes? Confiou só na memória depois de ouvir a fita? Gravou tudo em outro aparelho sabendo que isso invalidaria a prova? Porque deixou o “Gravador 1” com os ésleys até dois ou tres dias depois do seu conteudo ter sido apresentado à Globo, primeiro, e à nação por último, e o “Gravador 2” voltar com eles para NY até ter sua existência admitida uma semana depois?
4 – Os ésleys já ofereceram seu grampo contra a anistia total e absoluta para todos os seus crimes? Janot não “regateou” nada? Quando começou e quanto tempo levou essa parte da negociação março adentro?
5 – Como organizaram a lista de quem da JBS iria depor? De que crime era acusado cada depoente? Janot acreditou na palavra dos ésleys para isso ou esses depoentes já estava sendo processados? Cada um deles negociou o perdão de seu crime ou foram todos perdoados de cambulhada na “conta de ganhos e perdas para o Brasil” do Janot?
6 – Quanto tempo toma cada depoimento? Em que data ocorreu e quantas horas dura cada gravação? Alguém entrou na lista de delatores em “2a chamada” ou nada do que os procuradores de Brasília foram ouvindo lhes sugeriu que alguem mais tivesse de ser ouvido além dos nomes que os ésleys indicaram?
7 – Quando os ésleys e seus funcionários tiveram aquele “treinamento de 15 dias” que a PGR já admitiu ter-lhes dado para as demais “ações controladas”? A partir de que data e até que data? O treinamento foi dado a todos juntos ou a cada um em separado? Confiou-se que não haveria vazamentos?
8 – Os alvos das “ações controladas” foram definidos a priori ou com base no que foi revelado nos depoimentos? Os ésleys também foram treinados? Foram instruídos para o encaminhamento das conversas com cada alvo visado? Ou o treinamento foi só para ações filmadas? A essa altura a quantas anda o timing a partir do grampo de 7 de março + negociações + depoimentos + quinzena de instruções + ensaios de equipes PF/JBS?
9 – De que data é cada uma das demais gravações com os alvos visados (Aécio e outros)? Em cada uma, quem faz a ligação, Joésley ou o alvo?
10 – Porque a PGR perdeu a oportunidade de pedir a Joésley que chamasse Lula e Dilma para gravar uma conversa bem orientada com os padrinhos dos “campeões nacionais” hoje “campeões mundiais”? Porque nem mesmo Mantega, a quem se atribui toda a relação entre eles e o BNDES nos depoimentos foi provocado e gravado para caracterização de uma “confissão“, como ocorreu com outros alvos das “ações controladas“? E Luciano Coutinho, do BNDES sócio dos ésleys, é chamado ao telefone a pedido de Janot? Foi grampeado? Porque não?
11 – Em que momento Rodrigo Janot envolve Luiz Edson Fachin nessa história?
12 – Fachin teve quantos dias para ouvir todas as delações gravadas para avaliar e chancelar a anistia? De quantas horas de gravações estamos falando?
13 – Alguem mais no STF ficou sabendo que essa operação estava acontecendo? Os demais ministros tiveram alguma participação no “veredicto” que liberou os ésleys? Um único juiz tem poder para decidir isso sozinho? Quem mais votou pela a anistia total?
14 – Quais os limites de cima e de baixo para acordos de leniência? Isso está previsto na lei? Tem critérios de “dosimetria” definidos ou o juiz pode fazer o que quiser?
15 – Onde está Marcelo Miller, ex-procurador da equipe de Janot? Quem é ele? Qual a participação que teve nos grampos com que Sérgio Machado pegou meio PMDB e se livrou do “paredón” e com que Bernardo Cerveró, filho de Nestor, “fuzilou” Delcidio Amaral? Em que dia deixou a equipe da Lava Jato de Brasilia? Quando foi contratado por Trench, Rossi & Watanabe Advogados, escritório que negociou com Janot a leniência em nome dos ésleys e da JBS? Em que dia começou a trabalhar no seu novo emprego? Pretende fazer uma nova carreira de advogado? Porque estava insatisfeito com a de procurador do MP federal?
16 – Qual a diferença entre a Lava Jato de Curitiba e a Lava Jato de Brasilia? Existe alguma regra para dividirem o trabalho? Quem a Lava Jato de Brasilia tinha processado antes dos ésleys? O que definiu que os ésleys fossem para Brasilia e todos os demais para Curitiba? Tem alguma regra pra isso ou foi só por acaso.
17 – Sérgio Moro estava sabendo dessas negociações/investigações com os ésleys? Foi consultado sobre a extensão dessa leniência?
18 – Descontado todo o resto da operação, coleta de provas, fim dos depoimentos, etc. em que dia começa negociação de leniência? Em que dia termina? Porque Sérgio Moro demora tanto nas suas negociações de leniência e Janot anda tão rápido? Quem dos dois esta fazendo a coisa errada? Quanto tempo demoraram as negociações precedentes de Sérgio Moro? E a dos ésleys?
19 – Em que dia os ésleys vendem as ações de sua própria companhia? O que já tinha acontecido na Lava Jato de Brasilia até esse momento? Em que dia e hora fazem sua posição em dólares? A anistia geral já estava decidida? Porque não foi anunciada à nação assim que decidida?
20 – Qual a pendência dos ésleys com o Departamento de Justiça dos EUA? Como era o programa do IPO deles por lá? Poderia ser barrado em função das regras americanas para corrupção alem fronteiras se não tivessem o perdão total de Janot? Pode ser barrado agora? Como fica a facção americana da empresa com a lei anticorrupção no exterior deles?
FONTE - https://vespeiro.com/2017/05/25/mais-20-perguntas-sobre-janot-e-os-esleys/
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