sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

O Idoso - by Carlos I. S. Azambuja



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja

Desconheço o autor deste texto:

Eu nunca trocaria os meus amigos surpreendentes, a minha vida maravilhosa, por menos cabelo branco ou uma barria mais lisa.
    
Enquanto fui envelhecendo tornei-me mais amável para mim e menos crítico de mim mesmo. Tornei-me o meu próprio amigo. Eu não me censuro por comer um cozido à portuguesa ou alguns biscoitos extras, ou por não fazer a minha cama, ou para a compra de algo supérfluo que não precisava.
    
Eu tenho direito de ser desarrumado, extravagante e livre.
    
Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento.
    
Quem vai me censurar se eu resolver ficar lendo ou jogando no computador até as 4 horas da manhã e depois dormir até o meio-dia?
    
Eu dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 e 70, e se eu, ao mesmo tempo, desejar chorar por um amor perdido. Eu vou.
    
Vou andar na praia com um calção excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulhar nas ondas com abandono, se eu quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros, no Jet-sky. Eles também vão envelhecer...
    
Eu sei que às vezes esqueço algumas coisas. Mas há mais algumas coisas na vida que devem ser esquecidas. Eu me recordo das coisas importantes. Claro, ao longo dos anos meu coração foi quebrado. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril, e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.
    
Eu sou abençoado por ter vivido o suficiente para ter meus cabelos grisalhos, e ter os risos da juventude gravados para sempre, em sulcos profundos, no meu rosto.  Muitos nunca riram e muitos morreram antes de seus cabelos virarem prata.
    
Conforme Você envelhece, é mais fácil ser positivo. Você se preocupa menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais. Eu ganhei o direito de estar errado. Eu gosto de ser idoso.
    
A idade me libertou. Eu gosto da pessoa que me tornei. Eu não vou viver para sempre, mas enquanto eu ainda estiver aqui, não vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido e não foi, ou me preocupar com o que será. E vou comer sobremesa todos os dias. 

Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

FONTE - http://www.alertatotal.net/2017/01/o-idoso.html

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