domingo, 4 de outubro de 2015

O DESEMBARGADOR QUE GANHA 100 MIL POR MÊS, EM CASA, SOB SUSPEITA DE LIGAÇÃO COM OS NARCOS - LEUDO COSTA


by Leudo Costa

Afastado de suas funções por suspeita de vender sentenças a facções criminosas, Otávio Henrique de Sousa Lima continua recebendo salário, que ultrapassa R$ 100 mil...  -Raul Montenegro (raul.montenegro@istoe.com.br)
O que leva um magistrado que ganha mais de R$ 100 mil mensais a associar seu nome ao crime organizado? Essa é uma das perguntas que duas investigações, conduzidas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e pela Procuradoria-Geral de Justiça do Estado, tentam responder. O suspeito é o desembargador Otávio Henrique de Sousa Lima, 67 anos, que foi afastado no fim de setembro de suas funções no TJ por liberar Welinton Xavier dos Santos, o “Capuava”, considerado o maior traficante do estado de São Paulo. A conexão entre o desembargador e o bandido foi detectada após a polícia paulista fazer a maior apreensão de entorpecentes do ano, em julho. Foram 1,6 tonelada de cocaína achada num sítio que servia como refinaria na cidade de Santa Isabel. Também foi encontrado no local um extenso aparato para produção de drogas e um arsenal contendo uma pistola e quatro fuzis de calibre pesado, capazes de derrubar até helicópteros. Cinco pessoas foram presas, entre elas Capuava. Diante das evidências, não seria de se espantar se os envolvidos fossem condenados e ficassem na cadeia por muito tempo, mas menos de 20 dias depois Sousa Lima aprovou um habeas corpus permitindo que o suspeito respondesse às acusações em liberdade. A decisão foi revertida depois, mas o traficante já havia fugido. De acordo com o Órgão Especial do TJ, o desembargador não justificou adequadamente sua decisão, está envolvido em outras liberações contestáveis de traficantes e recebeu a liminar através de um número falso, o que indica a existência de um esquema envolvendo funcionários da corte. “Não vamos julgar com corporativismo. Cortaremos na própria carne se necessário”, diz Hamilton Elliot Akel, Corregedor-Geral da Justiça paulista e membro do Órgão Especial que cuidará do caso. Apesar do afastamento e da investigação em vários órgãos, Sousa Lima continua recebendo seu gordo salário. Em agosto, foi de R$ 97 mil.

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