sábado, 3 de outubro de 2015
A juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza — que foi agredida, na quinta-feira, por policiais bandidos presos do Batalhão Especial Prisional (BEP) durante uma inspeção — exerce a função há 13 anos. Ela é reconhecida como uma magistrada linha-dura. Diz que sempre foi “confuseira”, e a prova disso está no apelido que ganhou no Tribunal de Justiça: Kate Mahoney, nome da policial que protagonizava a série de TV “Dama de ouro’’, sucesso na década de 1980. Agitada, brinca com seu jeito de falar: “Se eu fosse locutora de corrida de cavalos, terminaria a narração antes da chegada do vencedor”. Antes de ingressar na magistratura, Daniela foi serventuária da Justiça, aprovada por concurso. Começou a carreira em vara de família e logo encarou a chefe do cartório, a quem acusou de receber propina de advogados para agilizar processos. Foi transferida para o gabinete da então juíza criminal Kátia Jangutta, sua referência profissional. Seu perfil durão a levou a ser convidada para atuar no Tribunal Regional Eleitoral, onde se tornou-se responsável pela cassação do ex-prefeito de Teresópolis Mário Tricano, que tinha mais de 20 anotações criminais e nunca havia sido condenado. Quando fraudou regras de campanha, ele bateu de frente com a juíza e ficou inelegível por abuso de poder econômico. Na Justiça criminal, Daniela colecionou decisões de grande repercussão. Entre elas, a condenação, em primeira instância, de Thor Batista, filho do empresário Eike Batista, pelo atropelamento que causou a morte do ciclista Wanderson dos Santos, em 2012. Ele, porém, acabou sendo absolvido em segunda instância por dois desembargadores. "Ela sempre foi uma juíza destemida, determinada. Demonstrou isso em vários episódios ao longo da carreira e agora, com sua atitude, deu exemplo novamente", disse o desembargador Rossidélio Lopes, presidente da Associação de Magistrados do Estado do Rio de Janeiro.
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