sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O Tempo e a Paciência


MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Tolstoi: “O tempo e a paciência são dois eternos beligerantes.”
A mitologia grega nos oferece o melhor exemplo da guerra entre a paciência e o tempo com o mito do rebelde Sísifo, que desafiou os deuses. Conta a saga da velha Grécia que Sísifo foi o mais astuto dos mortais, enrolando vários deuses.O maioral do Olimpo, Zeus, jamais perdou-o pela habilidade que tinha de iludir, seduzir e enganar. Quis puní-lo pela malícia atrevida que desmoralizava o poder divino.
Por um raro contra-senso na Mitologia, Sísifo morreu de velhice; inconformado, Zeus resolveu castigar a sua alma, condenando-a a rolar uma grande pedra com as mãos até o cume de uma montanha, sendo que quando chegava ao pico, a pedra descia montanha abaixo, para que a cena se repetisse eterna e pacientemente..
Assim nasceu a expressão “trabalho de Sísifo”, que inspirou Albert Camus a criar uma metáfora sobre os modernos prestadores de serviço cumprindo diariamente as mesmas tarefas. Quando fui bancário conscientizei-me desta situação, a enfadonha (e revoltante) rotina.
O pensar da vida vai de um átimo à eternidade, designando pouca duração como os insetos da família dos efemerídeos que só vivem 72 horas após atingir o estado adulto, ou completando os 500 e tantos anos na idade das tartarugas.
Confúcio, na sua sabedoria, abordando a dicotomia do breve e do prolongado, ensinou: “Mil dias não bastam para aprender o bem; mas para aprender o mal, uma hora é demais”. Este pensamento derruba todos os argumentos cúmplices em favor da quadrilha que assalta o País, saqueando tudo o que encontra pela frente e esgotando a empresa ícone do povo brasileiro, a Petrobras.
Durante vinte três anos a hierarquia do Partido dos Trabalhadores combateu a corrupção na administração pública; mas bastou apenas um ano após a eleição de Lula da Silva e a ocupação do poder, para que sufocasse os princípios da ética e da moralidade. A virtude e a honradez “delles” duraram de 10 de janeiro de 1980 a 1º de janeiro de 2003…
Quanto à militância petista, que teve destacada atuação no capítulo histórico do impeachment de Collor, murchou com os abraços sorridentes do impichado com Lula e Dilma. Aplaudiu por sem-vergonhice ou silenciou por vergonha.
Em minha opinião, Lula esbanjou honestidade nos seus discursos, mas levou no bolso a gazua de assaltante, que usou com perícia e arte.
Como 50 milhões de patriotas brasileiros, sinto a ânsia de acabar com o festival de roubalheira que o PT e seus sabujos implantaram no Brasil; mas pacientemente me pego a um pensamento de Howard Fast: “Esperemos, esperemos. A História tem seu próprio modo de ser verídica”.
Sinto, porém, que é duro esperar pelo fim do reinado dos pelegos, da roubalheira desenfreada e da impunidade, porque o tempo pode ser desmedido. Pode vir em dez dias, um mês, quem sabe, um ano, que o povo nas ruas com apoio das forças vivas do patriotismo, acabe com a corrupção generalizada nas instituições republicanas.
Na batalha da paciência contra o tempo, há uma medida unipessoal; o cronista Pittigrilli escreveu que para uma criança uma semana tem a duração de um ano e para o velho o ano tem a duração de uma semana”…A explicação lógica para isto vem do gigante da literatura russa, León Tolstoi: “Para um menino de cinco anos, um ano é a quinta parte da sua vida; para um homem de oitenta anos, é a octogésima parte…”
Com essa divagação, abro e fecho um parêntese na minha permanente luta contra a corrupção lulo-petista e suas ameaças fascistas à liberdade de expressão. Quero homenagear as amizades feitas no Twitter com as sábias palavras de Machado de Assis: “Que importa o tempo? Há amigos de oito dias e indiferentes de oito anos”.

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