LONDRES E RIO – Nunca tantos estrangeiros estiveram interessados em comprar uma propriedade no Brasil. O país acaba de conquistar o terceiro lugar no ranking dos mais procurados pelo site TheMoveChannel.com, especialista no mercado de imóveis internacionais desde 1999, mantendo-se na lista dos dez principais destinos dos compradores há 12 meses consecutivos.
A popularidade brasileira estaria em boa medida ligada à proximidade da Copa do Mundo, de acordo com a última pesquisa feita pelo site no mês passado. Às vésperas do torneio, o país teve uma fatia inédita de 5,9% das buscas realizadas a partir do TheMoveChannel.com, perdendo apenas para os tradicionais líderes do ranking: Estados Unidos (14,63%) e França (6,54%), que se mantiveram no topo, apesar de registrarem estabilidade de demanda.
PAÍS SUBIU SEIS POSIÇÕES EM UM MÊS
Além de ter subido seis posições em um único mês, a fatia do Brasil entre as consultas realizadas no site disparou e, no mês passado, foi 50% maior do que a média do semestre anterior. E o sonho dos gringos de ter a casa própria no Brasil pode até continuar a aquecer o mercado. Segundo o site, os preços das propriedades que estão sendo pesquisadas subiram 82% em comparação com o mês de maio do ano passado.
— O Brasil foi um dos líderes no time dos 10 mais no ano passado. O mercado americano pode estar ainda na liderança, mas o número de consultas sobre propriedades vem caindo na medida em que os compradores buscam outros mercados. O Brasil está no lugar para onde o dinheiro está indo — disse o diretor da empresa, Dan Johnson.
Há 74 imóveis brasileiros listados noTheMoveChannel. O mais barato é um terreno em um condomínio na Ilha de Itamaracá, em Pernambuco, de 7,3 mil libras (cerca de R$ 23 mil), e o mais caro uma casa de seis quartos no Rio que custa o equivalente a R$ 46 milhões.
O maior foco de interesse dos gringos está no Nordeste, com destaque para dois dos estados que receberão os jogos do mundial. O Rio Grande do Norte foi alvo de 44% das consultas (entre as cidades estão Natal e São Miguel do Gostoso), seguido por Ceará, com 34% (destaque para Fortaleza e Cumbuco). Mas há imóveis também de Rio de Janeiro, Paraty, São Paulo e Florianópolis.
Os imóveis franceses estão em segundo na lista dos mais procurados, com uma parcela de 6,6% das consultas. Em quarto lugar, vem a Espanha, um dos países que mais sofreram os efeitos das turbulências financeiras internacionais e que aumentou a sua participação no total das consultas de 3,81% em abril para 5,8% em maio. Embora tenha perdido espaço no total de buscas, a demanda por imóveis em Portugal continua crescendo. A sua fatia no total passou de 3,92% para 5,28%.
Os incorporadores brasileiros percebem esse movimento. Lançado no início de 2013, o Grand Hyatt Residences — empreendimento na Barra que oferece unidades residenciais com a possibilidade de usar os serviços do hotel que também está sendo construído no local — teve grande procura de gringos este ano. Há unidades reservadas para russos e um hondurenho, além de uma venda fechada para um argentino, que comprou os três imóveis mais caros. Todos são investidores com diversos imóveis ao redor do mundo e vêm voltando seus olhos também para o Brasil.
— Para essas pessoas, poder usar o serviço do hotel é um grande diferencial, já que elas não precisam ter qualquer preocupação com a manutenção — acredita Rodrigo Stallone, gestor do projeto do Grand Hyatt Residences. — Não tenho como afirmar se essa procura é um reflexo da Copa, mas acredito que a proximidade do evento fez sim com que os investidores estrangeiros voltassem a olhar para o Brasil.
ALTO LUXO, MERCADO PROMISSOR
É no Grand Hyatt que fica a cobertura de mil metros quadrados que é um dos imóveis mais caros à venda na cidade: R$ 60 milhões. O apartamento já despertou interesse de brasileiros, russos e até de um nigeriano, mas, ao menos por enquanto, continua no mercado.
Ingleses, franceses e chineses também demonstram interesse nos imóveis cariocas. Afiliada da Christie’s Real Estate desde 2007, a imobiliária Judice & Araújo tem entre seus clientes investidores de diversas nacionalidades.
— Em 2010, a economia brasileira ia muito bem e a procura dos estrangeiros era até maior. Hoje, eles estão mais cautelosos. Ainda assim, o Rio continua sendo um mercado promissor. Em especial, no alto luxo — avalia Frederico Judice, diretor da empresa.
* Colaborou Karine Tavares
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Post originalmente publicado em O Globo.
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