domingo, 12 de maio de 2013

QUEM SE ACOSTUMA A TIRAR NOTA 6 NUNCA VIRA LÍDER



Conheci um dirigente que dizia sempre, ao longo da vida, não precisa tirar 10, se ficar com 6 passa de ano, e a gente vai mais longe. Eu observava esse executivo. Ele tinha uma vida normal, era feliz, sempre calmo. Poderia até dizer que sua qualidade de vida era superior ao time que se esforçava e lutava pra alcançar os 9 e os 10 da performance empresarial. Mas, depois das reuniões de objetivos, dos planos, dos entusiasmos das convenções de vendas, nos bastidores, ele vinha paciente e calmo , e sussurrava no meu ouvido: “não esquenta Tejon, o importante é tirar 6, ligeiramente acima da mediana, o resto é para transtornados”.
Com essa conversa ele criava uma real dúvida na minha cabeça, afinal, ótimo ser humano, pessoa correta, simpática, amiga. Mas, como o Deus “Cronos”, o Senhor do tempo cobra inexoravelmente a sua conta. Com o passar dos anos o tempo usado no estacionamento da vida foi apresentado na forma inapelável da realidade: fui assistindo esse dirigente ficar pra trás, ser demovido, ser colocado “por pena”, das estruturas dos demais dirigentes, em função de pouca importância. O pessoal dizia, ele é ótima pessoa, mas que problema, só faz o mais ou menos, nunca apresenta performances elevadas. E, com a chegada de novas gerações, já o “zum zum zum” corria de que ele seria demitido.
Então, num completo desespero, esse amigo de jornada me chamou e disse que não entendia o que estava ocorrendo, ninguém queria mais trabalhar com ele, seu estado de humor estava alterado, ficava irritado, perdia a calma, discutia veementemente. Esse dirigente da nota 6 vivia agora como “cão sem faro”. Tinha perdido o rumo. Já aos 50 anos, o que acontecia é que suas repetidas notas 6 ao longo do boletim da vida, serviram para trazê-lo até aqui; mas infelizmente não o categorizavam para assumir postos elevados na diretoria, e muito menos para transformá-lo num empreendedor.
A moral da história? Nada contra as notas 6 da vida, mas muito cuidado, podem virar um vício, o cérebro se acostuma, e você pode acreditar que viver na mediocridade salva. Pode esconder você dos enfrentamentos da vida por um bom tempo, mas não impedirá o seu faceamento com a realidade das competências em algum estágio do seu ciclo de vida. Não há um caminho para a felicidade e a qualidade. Ao contrário. Qualidade e felicidade são o único caminho.
José Luiz Tejon Megido
Publicitário, jornalista e escritor de 28 livros em autoria e coautoria
Autor do blog Cabeça de Líder, da Revista Exame
Professor de MBA da ESPM e da FGV.

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