quarta-feira, 3 de abril de 2013

Jamais uma segunda chance



Carlos Chagas
Insistiremos até o dia em que nos faltar saúde ou faltarem computadores: é preciso mudar as leis penais. Estabelecer prisão perpétua, sem benefícios ou regalias de qualquer espécie para autores de crimes hediondos. Senão em jaulas, que seriam facilmente abertas, celas de absoluto isolamento para os que seqüestram, estupram, torturam e matam em ritmo cada vez maior em todo o território nacional.
Ainda agora foi uma professora, em Brasília, seqüestrada no estacionamento de um centro comercial, conduzida em seu próprio veículo para um parque e lá estrangulada. Tinha acabado de comprar ovos de Páscoa para os dois filhos pequenos.
Fazer o que com um degenerado desses? Claro que submetê-lo a julgamento rápido, sem as firulas jurídicas injustificáveis até para autores de crimes menores e aprisioná-lo para o resto da vida. Obrigá-lo a trabalhar para pagar as refeições oferecidas pelo poder público e deixá-lo isolado da sociedade. Fosse na China e já teria recebido sua bala na nuca. Aqui, pelo menos deveria estar confinado para sempre.
A finalidade da pena, discute-se faz tempo, seria preservar o futuro ou reparar o passado? Tanto faz, desde que cumprida com exatidão.
Em nome dos direitos humanos, logo esse monstro estará em liberdade. Cumprirá um sexto dos anos de reclusão a que tiver sido sentenciado, se antes não o agraciarem com outros recursos. Retornará ao convívio social, certamente para reincidir, como acontece com a maioria dos criminosos beneficiados pela lei, ou se para vangloriar-se da fama negativa a que fez jus.
Cabe não apenas ao Congresso mudar os Códigos Penal e de Processo Penal. Judiciário e Executivo também carregam toneladas de responsabilidade pela insegurança que nos atinge. Se quiserem, também as organizações da sociedade civil.
Educar é a solução, generalizou-se no país, e realmente é. Servirá, o aprimoramento do ensino, para uma comunidade crescer melhor e não ser levada ao crime pelo estado de necessidade. Mas certas práticas inumanas transcendem a injustiça social. Não merecem o benefício da dúvida da recuperação. Já foram cometidas.
O único perdão devido a seus praticantes deve ser o dom da vida. Pouco importa se vão arrepender-se ou recuperar-se. Perderam esses direitos junto aos semelhantes. Poderão ir para o paraíso ou para as profundezas, ao morrer, se acreditarem em outra existência. Nesta, porém, importa cortar-lhes qualquer oportunidade. Jamais se lhes poderá oferecer uma segunda chance.
OMISSÃO DA CIÊNCIA
A presidente Dilma passou o dia de ontem no Ceará, anunciando iniciativas para minorar os efeitos da seca. Recursos públicos serão outra vez distribuídos pelas regiões assoladas pela falta de chuva, espera-se que sem ser desviados como sempre tem sido.
Há, no entanto, uma questão maior e ainda inconclusa. A ciência avançou como nunca, desde que o mundo é mundo. Na Medicina, nem se fala. Mas também na Física, na Química, na Astronomia, com lugar de destaque para as indústrias bélicas, nucleares e tudo o mais. Por que diabo, então, não se investe num setor que beneficiaria a Humanidade mais do que todos? Fala-se da possibilidade de fazer chover onde não chove. Senão de contestar, ao menos de colaborar com a natureza para combater a seca. Impossível não será.
Só que falta empenho às forças científicas, certamente pela falta de lucro explicito e imediato numa atividade dessas. Os laboratórios produzem remédios fantásticos, ganhando muito dinheiro com sua comercialização. Os reatores nucleares preparam cada dia mais mortíferos artefatos atômicos, forma de manutenção da segurança das nações para, pelo menos, intimidar o adversário.
De fazer chover, porém, através de pesquisas profundas na atmosfera e investimentos maciços no setor, não cogitam. Realizações desse tipo só ajudariam países e regiões assoladas pela seca, geralmente pobres. Sem retorno financeiro imediato.
Houve tempo, já se vão quase cem anos, que apareceu no Brasil um certo professor Janot Pacheco, apregoando uma solução hoje considerada primária, de bombardear as nuvens com cobalto ou coisa que o valha. Virou objeto de curiosidade e de chacota na imprensa, sequer conseguiu ser recebido pelos políticos capazes de apóia-lo.
Seu espírito bem que poderia iluminar universidades, pesquisadores, empresas e governos. Agora, lucro, mesmo, no caso de sucesso na arte de fazer chover, só para os pobres camponeses do agreste nordestino. Melhor destinar-lhes verbas que raramente verão…

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