quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

TEXTOS NOTÁVEIS Winston Churchill: 'Nunca desistam, nunca, nunca, nunca'



Em 29 de outubro de 1941, Winston Churchill compareceu à cerimônia anual da escola onde estudou, Harrow. Dez meses antes ele ali estivera e as condições de seu país eram assustadoras. A Inglaterra enfrentava sozinha a fúria dos bombardeios nazistas; estava desarmada e muito pouco preparada para o horror que se abatia sobre a ilha e que ele, Churchill, sabia que só ia aumentar. Agora, como ele lembrava aos rapazes, o país já não estava absolutamente só, estava mais preparado e mais forte, e ele pensava que a rapaziada pudesse estar intrigada com aquela aparente calmaria.
(...) Precisamos aprender a ser igualmente bons contra o que é agudo e rápido como contra o que é cruel e prolongado. Sempre foi dito que os britânicos são melhores nessa última situação. Eles não esperam viver de crise em crise; não esperam que a cada dia surja uma nobre chance de guerrear; mas quando embora vagarosamente decidem que algo tem que ser feito e resolvido, então, mesmo que leve meses – ou anos – eles o fazem.
Outra lição que podemos tirar ao recordar o ambiente de nosso encontro de então, e o de hoje, é que as aparências muitas vezes enganam e como bem disse Kiplingprecisamos “lidar com o Triunfo e a Derrota. E tratar esses dois impostores do mesmo jeito”.
Não podemos calcular pelas aparências como as coisas se passarão. Muitas vezes a imaginação torna tudo pior do que é; no entanto, sem imaginação, pouca coisa pode ser feita. Os imaginativos vêm mais perigos do que talvez existam; certamente muito mais do que os que enfrentarão; mas também são os que precisam rezar por mais coragem para enfrentar tudo o que imaginaram.
Para todos, com certeza, o que atravessamos nesse período – estou me dirigindo à Escola – certamente desses dez meses extraímos uma lição: nunca desistirnunca desistirnuncanunca, nunca, – em nada, seja grande ou pequeno, importante ou irrelevante – nunca desistir a não ser diante das convicções da honra e do bom senso. Nunca ceder à força; nunca ceder ao aparente poder excepcional do inimigo.
Estávamos sozinhos um ano atrás e para muitos países parecia que nossa conta estava fechada, estávamos acabados. Todas essas nossas tradições, nossas canções, a história da nossa Escola, esta parte da História deste país, estavam acabadas, encerradas, liquidadas.
Mas quão diferente é nosso espírito hoje. A Grã-Bretanha, pensavam outras nações, passou uma esponja em sua lousa. Mas, ao contrário, nosso país enfrentou o golpe. Não houve hesitações, nenhuma intenção de desistir. E no que pareceu quase um milagre para aqueles de fora dessas Ilhas, apesar de nós nunca termos duvidado, agora estamos em posição de poder dizer que estamos certos que precisamos somente perseverar para vencer.
(...) Não falemos em dias negros: melhor nos referirmos a difíceis. Estes não são dias escuros; são dias brilhantes – os maiores que nosso país jamais viveu; devemos agradecer a Deus por nos ter sido permitido, a cada um de nós de acordo com seu papel, tornar memoráveis estes dias na História de nosso povo.

Sir Winston Leonard Spencer-Churchill (1874/1965), Primeiro-Ministro do Reino Unido por duas vezes, de 1940 a 1945 (durante a II Guerra Mundial) e depois de 1951 a 1955, foi político, orador, historiador, ensaísta, jornalista, oficial do Exército Britânico e pintor. Prêmio Nobel de Literatura em 1953.

Nenhum comentário:

Postar um comentário