sexta-feira, 29 de junho de 2012

OBRA-PRIMA DO DIA - PINTURA Hieronimus Bosch e seu pincel provocador


Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
29.6.2012
 | 12h00m
Conforme prometido para hoje agendei alguns detalhes ampliados das telas que passaram por aqui de segunda a quinta: Ecce Homo, O Ilusionista e As Tentações de Santo Antão.
Para acompanhar esse desfile, traduzi e adaptei outro pequeno trecho do excelente siteApparences:
O Diabo e o Inferno no mundo de Bosch
Para Hieronimus Bosch e seus contemporâeos, o diabo era uma realidade quotidiana, para não dizer permanente. Morrer tendo na consciência um pecado mortal era perder o Céu para sempre. O diabo e o inferno faziam parte da perspectiva escatológica de cada indivíduo e de toda a sociedade.
Os sermões de Jacobus da Voragine (autor da Legenda Áurea), por exemplo, que foram publicados em 1489, tratam do tema. Eis um resumo de sua visão sobre a atividade dos diabos:
"Saibam que os demônios que dominam o mundo são quatro: Lúcifer, Asmodeu, Mammon e Belzebú. Lucifer é o príncipe do orgulho. Aqueles que se vangloriam de sua classe social, de sua beleza física, de seu poder e de sua riqueza herdarão de Lúcifer os suplícios eternos no Inferno. Asmodeu reina sobre a luxúria; ele detesta a pureza e adora o adultério e a fornicação. Seus filhos, aqueles que vivem em adultério e em pecado, são muito numerosos e também serão enviados para o Inferno. Mammon reina sobre a cupidez. Esse vício leva o homem a amar mais os bens terrestres que a Deus; ele não se importa com a maneira como enriquece: usura, roubo, trapaças ou violência para tirar dos pobres o pouco que têm. Belzebú é quem comanda o ódio e a cólera; ele gere a má vontade e os desejos malsãos. Todos os pecadores que sucumbem às tentações desses quatro príncipes do mal serão danados".
Era desse modo que viam o diabo, nos sermões, mas também nas farças e nas burlas. O povo ria do diabo, mas ria como a criança que, no escuro, começa a assobiar ou a cantar para vencer o medo. A veemência com a qual os pecadores e os autores de tratados moralisantes se dirigiam à sua audiência e a seus leitores não existe mais em nossos tempos.
Recheada de sofismas e de ingenuidades, sua linguagem obsoleta pode até incomodar. Mas se hoje os pregadores e os escritores dessa época estão ultrapassados e não despertam o medo, seu pensamento, enxugado dos exageros verbais, fazem pensar... Bosch, ao contrário, nunca deixou de fascinar e provocar.

 A turba ululante que escolhe Cristo para ser crucificado (Ecce Homo)

O frade dominicano 'descuidista' (O Ilusionista)

A criança que ri do tolo (O Ilusionista)

Detalhe do painel esquerdo das Tentações de Santo Antão

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