MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br )
“A única razão para o tempo é para que não aconteça tudo no mesmo instante.” (Albert Einstein)
Einstein demonstrou que o tempo é relativo, numa dimensão variável conforme o espaço; seja, não é uma linha reta e imutável. Comprovamos essa relatividade na política brasileira assistindo a derrocada do projeto dos vinte anos de poder petista, por si só, implodindo pela incompetência e corrupção.
Esta conjuntura desastrosa foi considerada em editorial do jornal britânico ‘Financial Times’ como um “filme de terror sem fim”. O realismo dos ingleses é tenebroso; tentando a mesma definição da situação nacional, prefiro a versão hollywoodiana de alta comédia através do filme de 1993 dirigido por Harold Ramis, ‘Feitiço do Tempo’.
A produção foi registrada como historicamente significativa pelo National Film Registry dos Estados Unidos. Adoro e recomendo aos amigos. Não me canso de assistír a correta interpretação de Bill Murray e Andie MacDowell.
Já vi umas dez vezes a história do repórter do tempo de canal de TV, Phil Connors (Murray), um chato de galocha que foi fazer a cobertura do Dia da Marmota na cidadezinha interiorana de Punxsutawney. A Marmota é sua homônima, também se chama Phil, e profetiza o fim ou a continuidade do Inverno.
Com a sua equipe, a produtora Rita (Andie MacDowell) e o câmera Larry – que não suportam seu egocentrismo –, grava a cerimônia tradicional, mas fica preso em Punxsutawney por causa de uma nevasca; daí em diante fica repetindo o mesmo dia várias vezes. Sempre que acorda no dia seguinte, não é o dia seguinte, mas a repetição do Dia da Marmota.
A esta situação estranha de déjà vu, comparo com a degringolada do Partido dos Trabalhadores com seus membros e simpatizantes assistindo a cada dia o repeteco dos roubos do Erário pelos seus companheiros, descobertos pelo Ministério Público Federal e a Polícia Federal.
Começou muito antes, mas a nova série – a Lava-Jato – já está na 16ª temporada, no capítulo da Radioatividade, que ultrapassa o assalto e a ruína da Petrobras, com um trailer para a extorsão no setor elétrico, outra versão do ‘Mensalão’ e do ‘Petrolão’. É o começo do ‘Eletrolão’, que já levou um vice-almirante e vários executivos de empreiteiras para a cadeia.
Eu imagino como se sentem os membros da esquerda caviar acordando diariamente às seis horas da manhã com o rádio-relógio repetindo o estribilho da música de Lobão, trazendo notícias de mais corrupção descoberta pela PF.
São pelegos de sindicatos, diretores de fundos de pensão, grandes empreendedores com crédito no BNDES e ocupantes de cargos governamentais com altos salários. Estão no alto dos seus apartamentos de milhões de dólares, de frente para o mar, com a boca escancarada cheia de dentes mastigando slogans socialistas.
Deve ser um pesadelo repassar cotidianamente situações vergonhosas de um projeto que foi deturpado pela ideologia troncha da pelegagem. Não será confortável identificar-se com os ladrões do patrimônio público. Creio ser um castigo reviver situação de acumpliciamento com um partido que se tornou uma organização criminosa.
A cidade de Punxsutawney dos petistas pode ser Pelotas, Ponta Grossa, São Bernardo, Uberlândia, Maceió, Natal, Parnaíba ou Belém… Eles ficam sentados nas suas poltronas, esperando que a Marmota anuncie o fim do Inverno; mas, em vez disso, o animal sapiens sai da toca anunciando que não vai colocar meta.Vai deixar a meta aberta, e quando atingir a meta, dobrará a meta. Ele não entenderá, mas aplaudirá irracionalmente.
Estes extemporâneos esquerdistas deveriam fazer como o repórter do Feitiço do Tempo, que reviu seu egocentrismo. Para escapar da nevasca criminosa do lulo-petismo, precisam repensar a dialética idealista, a gravidez do sectarismo bastardo, o ruminar das idéias de Gramsci e a cumplicidade maléfica com o PT-governo em nome de um tempo que a muito ficou no passado…
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