- Planejamento foi iniciado em 2009. Até o fim deste ano, deverão ser feitas as primeiras vistorias em prédios com mais de 4.645 metros quadrados
RIO - Em 2030, pouco do famoso skyline de Nova York terá mudado. Afinal, 85% dos prédios que estarão em pé na cidade dentro de 17 anos, já estão lá. Há muitos anos. Por dentro das construções, no entanto, quanta diferença. Incentivados por políticas públicas que incluíram a criação de quatro leis sobre consumo de energia, os proprietários estão investindo em retrofits para melhorar a eficiência energética de seus edifícios. O objetivo é reduzir em até 30% a emissão de gases causadores do efeito estufa.
Para isso, o planejamento foi iniciado lá trás, em 2009, com a implantação gradativa dessas leis. Até o fim deste ano, deverão ser feitas as primeiras vistorias em grandes prédios (com mais de 4.645 metros quadrados). O objetivo é observar se seus sistemas de energia estão funcionando bem, o que deve ser repetido a cada dez anos. Já a lei que obriga edifícios comerciais a instalarem medidores individuais será implementada até 2025. Outras duas regras já estão implantadas. A Lei de Aferição obriga todos os prédios a medirem anualmente o seu consumo. E o Código de Energia estabelece os padrões de eficiência dos equipamentos de iluminação, aquecimento e refrigeração para novas construções e reformas.
— Estamos falando de um universo de mais de 13 mil propriedades e mais de 185 mil metros quadrados. Aplicar uma legislação ampla que pudesse abranger todas as nuances desses prédios construídos em épocas tão diversas era nosso maior desafio — afirma John Lee, diretor para prédios verdes e eficiência energética da Secretaria de Planejamento a Longo Prazo e Sustentabilidade da prefeitura de Nova York.
Lee vem ao Brasil este mês para participar do 6° Simpósio Brasileiro de Construção Sustentável, em que vai falar sobre a promoção de políticas públicas de incentivos para retrofit. Organizado pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), o simpósio acontece em São Paulo, no dia 17, e discute soluções para a sustentabilidade de edifícios, bairros e cidades.
— Nova York tem uma necessidade maior que a nossa de reduzir o consumo de energia, porque suas matrizes são ligadas ao CO2. Mas podemos aprender com sua experiência de políticas de incentivo — acredita Erica Ferraz de Campos, diretora do CBCS.
Para Lee, o modelo baseado em análise e informação do consumo de energia pode ser exportado. Mas é preciso que cada país leve em conta suas necessidades e condições locais para definir seus próprios objetivos em prol de cidades mais sustentáveis.
Enquanto em Nova York as leis são baseadas num modelo extremamente poluente — o quase um milhão de prédios nova-iorquinos polui mais que o trânsito da cidade, já que usa aquecimento a óleo —, o Brasil tem uma matriz limpa, prioritariamente hidrelétrica. Mas falha ao reproduzir modelos de prédios pouco eficientes a seu clima.
— Há 30 anos construímos prédios envidraçados que viram estufas. Precisamos levar em conta a luz solar, a carga térmica, posicionar corretamente a fachada — exemplifica Pedro Rivera, arquiteto e diretor do Studio-X, braço carioca da Universidade de Columbia.
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