Reinaldo Azevedo
05/06/2012
às 6:35
Flagrados numa conspirata óbvia, petistas tentam negar as digitais num documento que evidencia a intenção deliberada de criminalizar o Judiciário, a Procuradoria-Geral da República e a imprensa. Mas vocês estão aí para espalhar a verdade dos fatos. Nada além da verdade!
Na edição da VEJA desta semana, reportagem de Daniel Pereira demonstra que a cúpula do PT preparou um documento com aqueles que eram seus alvos do partido na CPI do Cachoeira: além de políticos da oposição (é de rigor!), estão na lista a imprensa, o Judiciário — na pessoa do ministro Gilmar Mendes, do STF — e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Desde o primeiro momento, pois, os petistas estavam pouco se lixando se iam ou não caçar alguns corruptos que atuavam na administração federal e nos estados. O objetivo nunca foi esse! Até porque, convenha-se, eles já demonstraram que não têm nenhuma dificuldade de princípio em conviver com pessoas de, como posso chamar?, “moral não-contabilizada”. Ao contrário até!
Tudo aquilo que aos outros pode ser condenável ou indecente assume a condição de novo farol dos costumes quando praticado por um “companheiro”. Escolham os crimes contra o erário e a administração pública, de A a Z, e será possível encontrar companheiros praticando-os alegremente. Como são quem são, enquanto afrontam artigos em penca do Código Penal, saem acusando seus adversários de corruptos. Não é que estes não possam eventualmente ser gente de má índole — às vezes, são mesmo. O diabo é que, como diria uma das personagens citadas por Padre Vieira no “Sermão do Bom Ladrão”, certos petistas parecem querer acabar com todos os ladrões do mundo para roubar sozinhos…
É um escárnio! Uma banda — ou um bando — do petismo, sob a inspiração de Lula, quis usar a CPI do Cachoeira — isso está documentado e ficará, podem apostar, tudo ainda mais claro! — para dar um rapa nas instituições e, assim, proteger mensaleiros. Isso chegou a ser uma interpretação deste escriba tão logo o movimento se desenhou, lá no comecinho. Mas, depois, tornou-se uma confissão de Rui Falcão, presidente do PT, em vídeo já tornado célebre. O que não se tinha claro e provado até a edição de VEJA desta semana é que a farsa tinha sido meticulosamente preparada. Bem, minhas caras, meus caros, a gente tem de reconhecer mérito a quem tem méritos, certo? O PT É PROFISSIONAL NAQUELAS ARTES EM QUE COLLOR E PC FARIAS ERAM MEROS AMADORES!
Ontem, a canalha da rede financiada com dinheiro público tentava desesperadamente negar a evidência dos fatos. Reportagem do mesmo Daniel Pereira, em parceria com Gabriel Castro, encarregou-se de recolocar as coisas no seu devido lugar. Vocês sabem: ladrões de dinheiro público roubam também a reputação alheia e até os pingos dos “is”. Mas a gente vai e põe de volta. Desta feita, quem resolver exercer seu “lado Jobim” foi Jilmar Tatto (SP), o líder do PT na Câmara. Pois é… Aí é preciso matar a cobra e mostrar o pau… e a cobra! Informam os repórteres o que segue.
Num esboço de reação à reportagem, o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), resolveu negar os fatos: “VEJA fala de um documento do PT, mas não está assinado, é apócrifo”, disse ele à Folha de S.Paulo. Tatto mentiu. E quem prova isso? Jilmar Tatto.
Ouvido por VEJA antes da publicação da matéria, ele confirmou que o material havia sido produzido para o uso dos parlamentares petistas na Comissão Parlamentar de Inquérito. “Todos os servidores da liderança do PT na Câmara e dos gabinetes dos 84 deputados estão à disposição do partido na CPI”, disse.
O registro eletrônico do documento mostra, de forma incontornável, os responsáveis pela elaboração do manual: Luiz Fernando Liñares e Rebeca Albuquerque. Os registros oficiais confirmam que ele trabalha na liderança do PT no Senado e ela é a chefe de gabinete de Odair Cunha, o deputado petista que é relator da CPI do Cachoeira. Tatto sabia de onde veio o documento que oficializou a estratégia malsucedida do partido na CPI. Mas preferiu mentir. Ficam, então, reestabelecidos os fatos.
Procurada nesta segunda-feira, a assessoria de Jilmar Tatto reafirmou as declarações dadas por ele à Folha de S.Paulo. Mas adotou uma interpretação diferente, segundo a qual o petista apenas desmentiu, ao jornal, ter ordenado pessoalmente a produção do documento. O líder do PT está em viagem à China, incomunicável.
ManualO guia de ação produzido pela liderança petista, ao qual VEJA teve acesso, não deixa dúvida sobre as reais intenções do grupo mais umbilicalmente ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os alvos são os oposicionistas, a imprensa, o Ministério Público e membros do Judiciário que, de alguma forma, contribuíram ou ainda podem contribuir para que o mensalão seja julgado e passe, portanto, a existir oficialmente como um dos grandes eventos de corrupção da história brasileira.
O documento foca em especial Gilmar Mendes, que Lula tentou constranger, sem sucesso, em sua cruzada para adiar o julgamento do mensalão, conforme mostrou reportagem de VEJA da semana passada. São dedicados a Mendes quatro tópicos: ‘O processo da Celg no STF’, ‘Satiagraha, Fundos de Pensão, Protógenes’, ‘Filha de Gilmar Mendes’ e ‘Viagem a Berlim’. São todas questões já levantadas pelos mensaleiros e seus defensores e que, uma vez esclarecidas, se mostraram fruto apenas do desejo de desqualificar um integrante do STF que os petistas consideram um possível voto contra os réus do mensalão.
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