quinta-feira, 21 de novembro de 2013

PIZZALATO? - Mara Bergamaschi


Já se passou uma semana da prisão dos condenados pelo STF no escândalo do mensalão e nenhuma palavra do governo Dilma foi proferida oficialmente a respeito do sumiço do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. Até o Senado italiano já cuida do caso, mas a principal iniciativa do Executivo brasileiro foi mandar a foto do foragido para a Interpol.cesar
Nem o ministro da Justiça, nem o diretor da Polícia Federal (PF) ou delegado graduado, muito menos o Itamaraty, haviam dado qualquer satisfação pública sobre as providências para localizar e eventualmente extraditar Pizzolato.
Finalmente ontem à noite, em nota, a Secretaria Nacional de Justiça afirmou que a extradição é, em tese, possível – cabendo ao STF solicitá-la.
Entrevista de autoridade? Nenhuma. Mesmo depois de o Ministério Público Federal (MPF) já ter cobrado em ofício que a PF investigue e preste informações sobre o paradeiro do réu. 
Condenado pela unanimidade do STF a 12 anos por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Henrique Pizzolato teria escapado para a Itália, via Paraguai-Argentina. Aliás, até o momento, só o MPF fez alguma ação institucional contra o ex-diretor do Banco do Brasil.
Quem acompanhou casos semelhantes – como a fuga de PC Farias, pivô do Collorgate, para a Tailândia em 1993, ou do ex-banqueiro Salvatore Cacciola para a Itália em 2000, escândalo Marka/Banco Central, durante o governo FHC -, lembra do barulho e movimentação que suscitaram. Coube, por exemplo, ao superintendente da PF no Rio trazer PC, extraditado, de Bangcoc. Por comparação, o silêncio do governo PT em relação a um foragido da Justiça parece atípico.
A forma discreta de se cumprir os mandatos de prisão contra os réus do mensalão – sem a violência das algemas, o personalismo de policiais e o assédio da imprensa – parece ter se estendido, indevidamente, a Pizzolato. Ele infringiu, até o final, as regras, mas está sendo tratado como sentenciados que se entregaram nas primeiras horas, dentre eles Genoíno e Dirceu. Pizzolato há tempos demonstrou ser bem menos tenaz e fiel.
Em 2005, durante depoimento à CPI dos Correios, ele tomou a iniciativa de envolver o falecido Luiz Gushiken, na época ministro de Lula, no mensalão. Depois, recuaria das acusações.
A fuga do ex-notório militante do PT – antes de chegar ao BB, Pizzolato esteve no comando da campanha de Lula em 2002 – continuará a repercutir no noticiário. Por enquanto, a imprensa brasileira é o único setor que parece estar no encalço do mais novo foragido internacional.

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