sexta-feira, 31 de maio de 2013

Asco

EUGÊNIA RIBAS-VIEIRA


Dizer a América Latina é justamente se debruçar num contexto em que se combinam, de forma contraditória, sentimentos de adesão, identidade, e de dúvida, rejeição. A Editora Rocco lança o livro Asco: Thomas Bernhard em San Salvador. 
Este livro é uma queixa contra seu país de seu início ao seu final. Seu narrador, Vega, se vê forçado a voltar ao país para o funeral de sua mãe, que deixa como herança uma casa em Miramonte, cujo destino é Vega quem decidirá. Nosso narrador, contudo, quer se ver livre da herança e vendê-la o quanto antes, assim como da memória de seu país, que prefere desembuchar num bar, para o companheiro, Moya. 
A cerveja Pílsener é o motivo, impalatável, de uma série de desgostos. Das filas nas lanchonetes da Pizza Hut, à falta de leitura da população. Com o fluxo de pensamento comum ao autor Thomas Bernhard, o patriotismo de Vega dissolve-se em autoritárias negações, e aos poucos, a medida que fala, e, à medida da cerveja, se liberta de sua nacionalidade. Vega vive no Canadá, onde ensina história numa universidade. O leitor há de pensar, por mais que Asco não esclareça, o ensino de uma história em país estrangeiro sem raízes patriotas, uma história idiossincrática, de uma pátria como se não fosse. 
A pátria é íntima, afirma Vinícius de Morais, no poema Pátria minha. E em contato com a dor do tempo, Vega perpassa apenas por negações sobre sua terra natal. E não se para de falar mal, por mais que o objeto – San Salvador - seja único, destacado e poderoso em seu discurso. San Salvador lhe é motivo de desgosto, mas ainda está presente, e se reflete com a raiva nas escolhas de palavras. Um verdadeiro asco, que sublime, subjetiva-se num cidadão que não volta ao seu amigo para falar de si, para falar da perda de sua mãe. Sua única dor é o seu não-lugar, seu desterro voluntário e definitivo. 
Apesar de Asco ter recebido críticas árduas pelos salvadorenhos, do livro ser “uma bofetada na cara”, enxerga-se aí uma identidade, finalmente. Algo que poderia se sugerir de conjunto, do que poderia se chamar América Latina: sua interrupta crítica a si mesma . “Somos todos irmãos/ não porque dividamos/ o mesmo teto e a mesma mesa:/ divisamos a mesma espada/ sobre nossa cabeça” - Trecho de poema de Ferreira Gullar: “Nós Latino-Americanos”. 
Asco é um lançamento da coleção Otra Língua, organizada por Joca ReinersTerron. Dedicada somente a autores hispano-americanos, Otra Língua deseja lançar títulos ainda pouco conhecidos no Brasil, apesar de celebrados pela crítica internacional. Asco conta ainda com a tradução impecável de Antonio Xerxenescky e a leitura aguçada no posfácio de Adriana Lunardi.
*Eugenia Ribas-Vieira sempre trabalhou com livros. Depois de cinco anos de experiência no departamento editorial da Rocco, hoje trabalha com Jorge Bastos Moreno e auxilia em seus projetos literários.

PSICANÁLISE DA VIDA COTIDIANA Inveja que não mata, aleija


CARLOS VIEIRA
Uma noite de inverno, fria, seca, profundamente seca, com uma umidade baixíssima. O teatro repleto, numa daquelas noites que a expectativa era uma viagem ao sublime, ao supremo sentimento que a música erudita induz. O público, antes do começo, ouvia o preludiar dos instrumentos. Como qualquer aquecimento antes do exercício, os músicos preludiam, tocam fragmentos de escalas, arpégios, acordes, e frases musicais que atingem os vários registros dos seus instrumentos. Confesso que sinto uma afinidade pelos registros de notas graves, de tonalidade escura, depressiva e às vezes melancólica. Aliás, ser um pouco depressivo é um estado de alma que favorece a meditação, a contemplação, ao contrário de pessoas alegrinhas, hipomaníacas, gente de ação que acham o pensar uma bobice. 
O programa tinha uma peça, talvez, uma das mais lindas de W. A. Mozart – o Concerto para Clarinete K622, na tonalidade de Lá Maior, composto em 7 de outubro de 1791 quando o gênio tinha 35 anos. Nessa peça, alegre, aberta, de uma delicadeza tímbrica há um Adágio, um adágio que ficou para sempre: a expressão lírica, doce, amável e terna. Certa vez, Einstein disse que, após o apaixonado Karl Maria von Weber (outro compositor que tinha uma afinidade enorme com o clarinete, com vários concertos e um quinteto para o mesmo instrumento), Mozart foi e é a grandeza da simplicidade e do virtuosismo. 
Feito esse intróito quero falar da tragédia da inveja, esse sentimento que uma pessoa tem por uma qualidade de outra, que não é sua, mas que o faz desejar e sofrer por lhe faltar. Friso nesse escrito, não a inveja que ataca a outra pessoa, que denigre alguém que tem o que não se tem; escrevo sobre uma inveja que não mata, aleija. 
Ele, o segundo violino da orquestra, vivia num desconforto pelo fato de não se conceber primeiro violino, e com isso desenvolveu uma série de sintomas físicos e psíquicos. Nos concertos, como sabia sua partitura praticamente decorada, vivia o olhar seu parceiro, ali a seu lado e desejar seu lugar. Diga-se de passagem, o primeiro violinista de uma orquestra é, depois do maestro, a pessoa mais importante, inclusive aquele que pode, eventualmente substituir o regente e que antes do concerto, afina os músicos. 
Sofrimento, dor de raiz como dizia Vinicius de Moraes, sua inveja tomou proporções trágicas: começou a sentir tremores nas mãos e sensação de vertigem e dores precordiais antes e durante os concertos. A inveja quando não aponta sua ferina flecha em direção ao invejado, volta-se para aquele que inveja. A pessoa sente que não tem valor, apresenta um glissando decrescivo que a cada dia baixa mais a autoestima. 
Meu personagem chegou a pedir uma licença médica e iniciou, por indicação de um amigo, uma ajuda psicoterápica. 
A vida, na sua natureza transitória e finita mostra, às vezes, a ópera trágica da mortalidade! O primeiro violinista morre num acidente de trânsito! 
Ele, meu personagem soube e foi incapaz de comparecer ao velório. Sentiu-se culpado e perseguido por possíveis olhares persecutórios em sua direção. Na verdade, era ele que se acusava e se perseguia, talvez por fantasias mortíferas. Fantasias inconscientes conscientes de quem, por inveja, quer o lugar do outro e é capaz de pensar: “se ele morresse... que besteira, para com essas ideias pecaminosas. Deus me livre se isso acontecesse”. E aconteceu! A culpa de Tácito, afinal dei nome ao personagem, levou-o a uma depressão profunda a ponto de pedir mais licença, termina por abandonar a orquestra. “Jamais me recuperarei, bendita zelotipia, nome esquisito para esse mal que seca a gente, que deixa a pessoa sem valor algum, e mais, com um remorso interminável. Jamais me perdoarei, ou a forma de pagar é...” 
A inveja, o sentimento invejoso, esse “mau de raiz” secou a alma de Tácito, agora associei com a palavra tácito e fui ao dicionário de sinônimos e antônimos de Housaiss, lá está escrito: Taciturnidade – melancolia, depressão, misantropia, tristeza. 
O que Tácito e as pessoas não se dão conta é que uma alternativa para o sentimento invejoso é a possibilidade de extrair e desenvolver dentro de si – a Admiração. No ato de admirar uma qualidade alheia, a pessoa se sente bem, pode até usufruir do que o outro tem e, quem sabe conquiste o objeto da inveja. 
Termino lembrando de Manuel Bandeira, em sua Seleta de Prosa “Sorriso Suspenso, Cecília Meireles: Viagem” - “...Creio que Machado de Assis sorriria satisfeito a esta emoção que guarda um tão nobre tom de reserva ainda na extrema amargura. Veja-se, por exemplo, este ‘Retrato’”. 
Eu não tinha este rosto de hoje, 
Assim calmo, assim triste, assim magro. 
Nem estes olhos tão vazios, 
Nem o lábio amargo. 
Eu não tinha estas mãos sem força, 
Tão paradas e frias e mortas; 
Eu não tinha este coração 
Que nem se mostra. 
Eu não dei por esta mudança, 
Tão simples, tão certa, tão fácil: 
- Em que espelho ficou perdida 
A minha face?
As mãos de Tácito nunca mais tocaram em seu violino. E o violino espera uma admiração que jamais surgiu!
Carlos.A.Vieira, médico, psicanalista, Membro Efetivo da Sociedade de Psicanálise de Brasília e de Recife. Membro da FEBRAPSI e da I.P.A - London.

Arturo Sandoval "There Will Never Be Another You"

Cartas de Seattle: Encostadinha à prova de honestidade


Melissa de Andrade
Está lá na cartilha do departamento de trânsito: se bater em um veículo estacionado e o dono não estiver por perto, deixe um bilhete. E não é que o povo de Seattle deixa mesmo?
Não deveria ser motivo de espanto. Assumir responsabilidade sobre os danos causados não é só civilizado. É justo. Deixar o prejuízo que você causou para outra pessoa pagar e, por isso, se achar o maior esperto da parada é que deveria parecer surpreendente.
Honestidade no trânsito é característica de 67% dos motoristas de Seattle, diz pesquisa da empresa de seguros Pemco. Em caso de acidente e na ausência do dono do outro veículo, os condutores da região escreveriam nome e telefone em um pedaço de papel e deixariam em um local visível no carro danificado, como no para-brisas. Eu acho de bom tom colocar também um pedido de desculpas.
O Detran daqui ensina até a acrescentar data e hora, embora eu não entenda muito bem por que isso é relevante. A parte importante do recado é: “Assumo o que faço, mesmo quando eu tenho que pagar por isso”.

Foto: Chris Hearn @CC

Eu fui vítima de um fulano que integra os 33% dos que não têm consideração pelo bem alheio. O estacionamento era fechado e as vagas eram bem largas, mas o mau motorista conseguiu encostar no para-choque traseiro do meu carro, bem perto da roda. Encostar, não. Sabe aquele arranhão largo, de quem veio fazendo a manobra e foi levando a pintura do carro? Pronto. Mil e trezentos dólares para consertar. Não consertei. E só vi em casa, horas depois.
Poderia ter sido um conhecido meu. Ele se orgulha de ter escapado rapidinho quando encostou em outro carro. Depois de um segundo de hesitação, foi embora. “Ninguém viu mesmo”, justificou. Em alguns estados do país isso é considerado “abandonar local de acidente depois de colisão” e é passível de pena.
Na vizinha Portland, a chance de alguém fazer o mesmo é pouco mais de 50%, segundo a Pemco. Um total de 53% dos motoristas tende a deixar um bilhete avisando da imprudência. Não importa a competição que seja, se os números de Portland são piores do que os de Seattle, o povo daqui já fica felizinho.

Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.

Argentina legaliza dólares sujos. Nova lei também lava bilhões dos Kirchner.


A amantre de Nestor, Miriam Quiroga, conta que o casal roubava em parceria. 



CLIQUE AQUI para examinar as denúncias de Miriam Quiroga, ex-secretária e ex-amandte de Nestor Kirchner, que revelou em detalhes como o casal botava a mão em dólares para engordar a fortuna - e o que fazia com o dinheiro. A nova lei, legalizará a fortuna bilionária dos Kirchner. 

A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou, na noite de quarta-feira, um projeto que legaliza os dólares comprados no mercado paralelo. A justificativa para a liberação é a necessidade de o país recuperar divisas para investi-las nos setores energético e imobiliário, além de diminuir a diferença entre as cotações oficial e paralela do câmbio. Segundo o vice-ministro da Economia, Axel Kicillof, há 40 bilhões de dólares nas mãos dos cidadãos argentinos. Com isso, a Argentina é o país com a maior quantidade de moeda norte-americana per capita depois dos Estados Unidos, com 1 200 dólares.

. O governo anunciou o projeto no começo de maio, em um momento de tensão cambial. Naquele período, a diferença nas cotações entre o dólar oficial e o paralelo ultrapassava 100% - o dólar sem origem declarada começou a ser chamado de "dólar Messi", pois a unidade norte-americana equivalia a cerca de 10 pesos argentinos. Nesta quinta-feira, 30, cada dólar está contado a 5,278 pesos.

. Apesar de ser mais barato comprar dólares oficiais, a troca de moedas depende da autorização do governo, que tem controlado o câmbio para manter os recursos em solo argentino. Com a dificuldade para a compra de dólares "oficiais", o mercado paralelo agiu freneticamente explorando um segundo ponto frágil da economia local: o medo da desvalorização do peso.Com o projeto, quem tiver dólares e não souber a origem do dinheiro pode vendê-los ao governo de Cristina. Em troca, os cidadãos poderão comprar títulos do Tesouro, que vencem em 2016, com rendimentos de 4% ao ano e ligados aos setores energético e de construção civil.


. A oposição ao governo Kirchner fala em estímulo a lavagem de dinheiro e num convite a formação de um paraíso fiscal na Argentina.

* Clipping www.veja.com.br

Burger King dá presente para fãs comerem Whopper sem as mãos

Por  em 30 de maio de 2013



Para comemorar os 50 anos de Burger King em Porto Rico, a marca criou o acessórioHands-Free Whopper Holder que, preso no corpo, permite que qualquer um coma umWhopper sem usar as mãos.
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Usando um banco de dados da empresa, Burger King identificou os 50 consumidores mais leais à marca e os enviou o kit Hands-Free Whopper Holder de presente.
Em um mundo multitarefa, como usar as mãos para fazer todas suas atividades diárias e ainda conseguir saborear um Whopper?
O vídeo da campanha, acima em destaque, mostra pessoas completamente diferentes comendo um Whopper com o kit em suas atividades rotineiras. Do jogador de basquete ao guarda de trânsito, do tatuador a estudante, Burger King satiriza a vida multitarefas e democratiza a necessidade de comer um Whopper, sem importar a hora e o lugar.
Para quem quiser ter um, é preciso cadastrar o cartão de crédito no BK Rewards, um sistema de recompensa para os fãs mais assíduos – por enquanto, funcionando apenas em Porto Rico.
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O acessório, de material plástico, foi construído através de uma impressora 3D. Veja abaixo todo o processo.

PROFESSOR ITALIANO DIZ TER ENCONTRADO A TORÁ MAIS ANTIGA E COMPLETA

Videversus

Um professor italiano anunciou na quarta-feira ter identificado o que ele acredita ser o mais antigo pergaminho da Torá no mundo, contendo o texto integral dos cinco primeiros livros das escrituras hebraicas. Mauro Perani, professor de hebraico na Universidade de Bolonha, disse que especialistas e testes de carbono feitos na Itália e nos Estados Unidos apontaram que o livro teria sido redigido entre 1155 e 1225. Inicialmente se calculava que o pergaminho, em poder da Biblioteca da Universidade de Bolonha há mais de 100 anos, era de uma data a partir do século 17. Ele havia sido rotulado de "pergaminho 2". Há muitos fragmentos da Torá que são mais velhos, mas não pergaminhos completos, com todos os cinco livros. "Um judeu que era um bibliotecário na universidade examinou o pergaminho em 1889, para catalogação, e escreveu "século 17", seguido por um ponto de interrogação", afirmou Perani. Mas, nos preparativos de nova catalogação da coleção judaica da universidade, Perani, de 63 anos, estudou o livro e suspeitou que o bibliotecário tivesse feito um exame muito superficial em 1889, não reconhecendo a sua antiguidade. "Eu percebi que o estilo de escrita era mais velho que o do século 17, por isso consultei outros especialistas", explicou ele no comentário sobre o pergaminho, que mede 36 metros por 64 cm. Ele disse que o livro tem muitos recursos gráficos e outros que não eram mais utilizados pelos copistas de textos hebraicos no século 17.

Como fazer um plano de negócios


Aprenda a elaborar o documento e testar a viabilidade da empresa


Plano de negócios pequenas empresas
O planejamento é responsável por mais de 70% do bom andamento de uma empresa
O documento escrito no qual o empreendedor descreve em detalhes qual o negócio, como ele funciona e quais as metas da empresa, é um planejamento essencial para o bom andamento do empreendimento. Existem vários modelos de planos prontos que podem servir como guia, mas alguns pontos são essenciais em todos eles. O nível de detalhamento pode depender de qual será o seu uso. Um documento muito bem delineado pode ser aproveitado na hora da implantação da empresa, por exemplo. 

O planejamento é responsável por mais de 70% do bom andamento de uma empresa e o plano de negócios colabora para que isso aconteça. "Estudos feitos no Brasil mostram que a principal causa de falências em novos negócios se encontra em problemas gerenciais, que poderiam ter sido previstos e solucionados com planejamento adequado", diz Alex Taciano Müller, consultor e sócio da Ação Consultoria Empresarial e de Negócios. 

Antes de começar a colocar as informações no papel é importante fazer uma autoavaliação para ter certeza de se que leva jeito para ser um pequeno empresário. Esta avaliação também ajuda a compor um perfil dos sócios na apresentação da empresa. Existem três grandes blocos essenciais a serem explorados na elaboração do plano: apresentação da empresa, aspectos mercadológicos e aspectos financeiros. "O fundamental é tirar a ideia da cabeça e colocar no papel para testar a viabilidade no mercado antes de executar", explica Ênio Pinto, gerente da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae Nacional.

Apresentação da Empresa: deve conter desde os conceitos que justifiquem a criação da empresa até o modo como ela será estruturada. Nesta fase do projeto são estudados o histórico da empresa, seu planejamento estratégico e plano de operações, sua descrição legal, estrutura organizacional e equipe dirigente. Além disso, este ponto deve trazer uma descrição do produto ou serviço que será oferecido e seu diferencial.

Plano de Marketing: um detalhado estudo de mercado é pré-requisito para a elaboração desta parte. Analise o setor, a clientela, a concorrência, os fornecedores, as ameaças e oportunidades, os pontos fortes e fracos. "Empreender tem muito de sonho. Mas o sonho não pode ser embaçado, tem que ser muito factível", diz Nelson Ambros, diretor da Pool consultoria. Como as pesquisas de mercado costumam ser caras, a dica é procurar empresas juniores de universidades que oferecem o serviço por preços mais em conta. Com a análise mercadológica em mãos, faça uma apresentação das estratégias de marketing a serem adotadas pela empresa com o objetivo de otimizar seu desempenho organizacional. Elabore estratégias e projeção de vendas, política de preços e formas de distribuição. 
Plano Financeiro: esta é uma das partes mais importantes do plano. A maioria dos empreendedores tem dificuldades na hora de elaborar este elemento, por isso, vale buscar algum tipo de acompanhamento profissional. "Mas não podemos deixar de destacar a importância da participação do empreendedor na sua elaboração, pois o exercício, por si só, obriga a uma análise mais cuidadosa das ideias, identificando aquelas que, efetivamente, são boas oportunidades de negócio e as que não passam de boas ideias", diz Müller. 

Esta etapa é feita por uma análise do investimento. A projeção dos resultados para planejamento e acompanhamento dos resultados da empresa também deve ser feita. Ela deve ser composta por demonstrativos de despesas e receitas, investimentos, depreciações e seguros, impostos e taxas, alocação de recursos e demonstrativo de resultado por produto ou serviço. Se houver necessidade de pedir um financiamento, faça uma simulação e uma análise dos prazos de amortização, carências, juros e taxas disponíveis no mercado e seu impacto no projeto. 

Müller, da Ação Empresarial e de Negócios, destaca o quadro fontes e usos, que tem a função de controlar e prever a disponibilidade de recursos e colaborar na hora de pedir um empréstimo, por exemplo. Em fluxo de caixa, uma previsão da situação financeira do negócio pode servir de parâmetro de comparação e pode ser usada para avaliar o desempenho que foi previsto com o que realmente aconteceu. Isso ajuda a identificar e corrigir erros de planejamento o mais rápido possível. 

Conclua com uma análise financeira detalhada, usando indicadores contábeis como: ponto de equilíbrio, que possibilita uma análise entre receitas e custos gerados, pay back, que apresenta o tempo de retorno sobre o investimento, valor presente líquido (VPL), que testa se o saldo de fluxo de caixa futuro é realmente lucrativo quando trazido a valores atuais, taxa interna de retorno (TIR), que ajuda a descobrir o rendimento proporcionado pelo negócio em um determinado período, análise de balanço,que indica se a empresa será capaz de cumprir seus compromissos com acionistas e investidores. 

O grande objetivo deste tipo de projeto é verificar a viabilidade econômica e financeira. Serve também para que investidores conheçam os objetivos da empresa e seus pontos fracos e fortes. Ele deve funcionar como um norte para o empreendedor, por isso deve conter uma linguagem clara e objetiva. "Plano de negócios bom é sucinto, com informações relevantes e mensuráveis. Portanto, palavras como melhor, maior, mais desenvolvido devem ser evitadas", diz Pedro Mello, do Blog do Empreendedor

"Se este documento fosse obrigatório haveria uma minimização na mortalidade de negócios e facilitaria a captação de créditos", sugere o gerente da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae Nacional. Servir como um estudo de viabilidade que, se bem elaborado, pode evitar o fechamento da empresa, já é um bom motivo para fazer o seu plano de negócios.
Dez mandamentos do bom plano de negócios
1.    Invista tempo e dedicação em sua elaboração
2.    Considere sua atualização como uma tarefa de rotina
3.    Crie um modelo adequado ao seu negócio
4.    Seja criterioso e detalhista na definição de premissas
5.    Simule várias situações (realista, pessimista, otimista)
6.    Desconfie de resultados muito positivos
7.    Aplique o que foi definido no plano
8.    Desenvolva e implante um modelo de acompanhamento e atualização 
9.    Considere-o como um organismo vivo, em constante mutação
10.    Acredite, por melhor que seja seu plano de negócios, não acontecerá como o planejado

Fonte: Régis de Carvalho, consultor da Pool Assessoria Empresarial

Os 10 maiores poemas brasileiros de todos os tempos


Revista Bula
Pedimos a 50 convidados — escritores, críticos, professores, jornalistas — que escolhessem os poemas mais significativos de autores brasileiros em todos os tempos. Cada participante poderia indicar entre um e dez poemas. Nenhum autor poderia ser citado mais de uma vez. 40 poemas foram indicados, mas, destes, apenas 24 tiveram mais de três citações. São eles: “A Máquina do Mundo”, “Procura da Poesia”, “Áporo” e “Flor e a Náusea”, de Carlos Drummond de Andrade; “O Cão Sem Plumas”, “Tecendo a Manhã” e “Uma Faca Só Lâmina”, de João Cabral de Melo Neto; “Invenção de Orfeu”, de Jorge de Lima; “O Inferno de Wall Street”, de Sousândrade; “Marília de Dirceu”, de Tomás Antônio Gonzaga; “Cobra Norato”, de Raul Bopp; “O Romanceiro da Inconfidência”, de Cecília Meireles; “Vozes d’África”, de Castro Alves; “Vou-me Embora pra Pasárgada” e “O Cacto”, de Manuel Bandeira; “Poema Sujo” e “Uma Fotografia Aérea”, de Ferreira Gullar; “Via Láctea” e “De Volta do Baile”, de Olavo Bilac; “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias; “As Cismas do Destino” e “Versos Íntimos”, de Augusto dos Anjos; “As Pombas”, de Raimundo Correia; “Soneto da Fi­delidade”, de Vinícius de Moraes. Eis a lista baseada no número de citações. Por motivo de direitos autorais, alguns poemas tiveram apenas trechos publicados.


A Máquina do Mundo

(Carlos Drummond de Andrade)

E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco
se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas
lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável
pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar
toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.
Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera
e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,
convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas.
(Trecho de A Máquina do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade).


Vou-me Embora pra Pasárgada

(Manuel Bandeira)

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.


Poema Sujo

(Ferreira Gullar)

turvo turvo
a turva
mão do sopro
contra o muro
escuro
menos menos
menos que escuro
menos que mole e duro
menos que fosso e muro: menos que furo
escuro
mais que escuro:
claro
como água? como pluma?
claro mais que claro claro: coisa alguma
e tudo
(ou quase)
um bicho que o universo fabrica
e vem sonhando desde as entranhas
azul
era o gato
azul
era o galo
azul
o cavalo
azul
teu cu
tua gengiva igual a tua bocetinha
que parecia sorrir entre as folhas de
banana entre os cheiros de flor
e bosta de porco aberta como
uma boca do corpo
(não como a tua boca de palavras) como uma
entrada para
eu não sabia tu
não sabias
fazer girar a vida
com seu montão de estrelas e oceano
entrando-nos em ti
bela bela
mais que bela
mas como era o nome dela?
Não era Helena nem Vera
nem Nara nem Gabriela
nem Tereza nem Maria
Seu nome seu nome era…
Perdeu-se na carne fria
perdeu na confusão de tanta noite e tanto dia
(Trecho de Poema Sujo, de Ferreira Gullar).


Soneto da Fidelidade

(Vinícius de Moraes)

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Via Láctea

(Olavo Bilac)

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”


O Cão Sem Plumas

(João Cabral de Melo Neto)

A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.
O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão
ora o ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.
Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.
Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.
Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos povos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.
Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.


Canção do Exílio

(Gonçalves Dias)

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.


As Cismas do Destino

(Augusto dos Anjos)

Recife. Ponte Buarque de Macedo.
Eu, indo em direção à casa do Agra,
Assombrado com a minha sombra magra,
Pensava no Destino, e tinha medo!
Na austera abóbada alta o fósforo alvo
Das estrelas luzia… O calçamento
Sáxeo, de asfalto rijo, atro e vidrento,
Copiava a polidez de um crânio calvo.
Lembro-me bem. A ponte era comprida,
E a minha sombra enorme enchia a ponte,
Como uma pele de rinoceronte
Estendida por toda a minha vida!
A noite fecundava o ovo dos vícios
Animais. Do carvão da treva imensa
Caía um ar danado de doença
Sobre a cara geral dos edifícios!
Tal uma horda feroz de cães famintos,
Atravessando uma estação deserta,
Uivava dentro do eu, com a boca aberta,
A matilha espantada dos instintos!
Era como se, na alma da cidade,
Profundamente lúbrica e revolta,
Mostrando as carnes, uma besta solta
Soltasse o berro da animalidade.
E aprofundando o raciocínio obscuro,
Eu vi, então, à luz de áureos reflexos,
O trabalho genésico dos sexos,
Fazendo à noite os homens do Futuro.
(Trecho de As Cismas do Destino, de Augusto dos Anjos).


As Pombas

(Raimundo Correia)

Vai-se a primeira pomba despertada…
Vai-se outra mais… mais outra… enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada.
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada.
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem… Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.


Invenção de Orfeu

(Jorge de Lima)

1.
Um barão assinalado
sem brasão, sem gume e fama
cumpre apenas o seu fado:
amar, louvar sua dama,
dia e noite navegar,
que é de aquém e de além-mar
a ilha que busca e amor que ama.
Nobre apenas de memórias,
vai lembrando de seus dias,
dias que são as histórias,
histórias que são porfias
de passados e futuros,
naufrágios e outros apuros,
descobertas e alegrias.
Alegrias descobertas
ou mesmo achadas, lá vão
a todas as naus alertas
de vaia mastreação,
mastros que apoiam caminhos
a países de outros vinhos.
Está é a ébria embarcação.
Barão ébrio, mas barão,
de manchas condecorado;
entre o mar, o céu e o chão
fala sem ser escutado
a peixes, homens e aves,
bocas e bicos, com chaves,
e ele sem chaves na mão.
2.
A ilha ninguém achou
porque todos o sabíamos.
Mesmo nos olhos havia
uma clara geografia.
Mesmo nesse fim de mar
qualquer ilha se encontrava,
mesmo sem mar e sem fim,
mesmo sem terra e sem mim.
Mesmo sem naus e sem rumos,
mesmo sem vagas e areias,
há sempre um copo de mar
para um homem navegar.
Nem achada e nem não vista
nem descrita nem viagem,
há aventuras de partidas
porém nunca acontecidas.
Chegados nunca chegamos
eu e a ilha movediça.
Móvel terra, céu incerto,
mundo jamais descoberto.
Indícios de canibais,
sinais de céu e sargaços,
aqui um mundo escondido
geme num búzio perdido.
Rosa-de-ventos na testa,
maré rasa, aljofre, pérolas,
domingos de pascoelas.
E esse veleiro sem velas!
Afinal: ilha de praias.
Quereis outros achamentos
além dessas ventanias
tão tristes, tão alegrias?
(Trecho de Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima).