A edição de VEJA desta semana revela mais um capítulo do episódio  conhecido como Caixa de Pandora, escândalo que atingiu o coração da  capital federal há dois anos e resultou na prisão do então governador do  Distrito Federal, José Roberto Arruda, na renúncia do vice-governador,  Paulo Octávio, e na cassação de vários parlamentares. O esquema de  desvio de mais de 1 bilhão de reais dos cofres públicos foi delatado por  Durval Barbosa.
Em entrevista a VEJA, Barbosa diz que o atual governador do Distrito  Federal, Agnelo Queiroz, e o ex-advogado-geral da União e atual ministro  do Supremo Tribunal Federal (STF) José Antônio Dias Toffoli tiveram  acesso antecipado a áudios e vídeos que comprometiam adversários  políticos. Segundo o delator, o governador recebeu uma amostra do  material e se comprometeu a envolver a Procuradoria-Geral da República e  a Polícia Federal nas investigações. Em troca, prometeu ao Barbosa uma  secretaria em seu governo, caso eleito em 2010.
Em depoimento à polícia na semana passada, Durval discorreu sobre as  tentativas de assessores do governo de comprar seu silêncio. Segundo o  ex-secretário, o diretor-geral da Polícia Civil, Onofre Moraes, ofereceu  150.000 reais ao jornalista Edson Sombra para que nenhum detalhe do  envolvimento de petistas fosse revelado. Sombra é amigo do peito de  Durval e diz que a conversa foi gravada. Moraes nega ter oferecido  dinheiro.
Repercussão - Para o senador Demóstenes Torres  (DEM-GO) a situação de Agnelo Queiroz deve se complicar, caso Durval  apresente as gravações. “A fita aparecendo, o governador fica em uma  situação difícil de se sustentar no cargo porque teria armado tudo em  beneficio próprio”, disse. “A participação do petismo para divulgação do  material mostra o caráter político e criminoso a partir do governador  Agnelo.”
Para o democrata, a Procuradoria-Geral da República deve investigar o  caso. Arruda era filiado ao DEM quando o escândalo veio à tona. Na  época, foi expulso pelo partido. Para Torres, as novas denúncias não  significam que o ex-governador deveria ficar impune, mas revelam que o  PT também teve participação no caso.
O presidente do PPS, Roberto Freire, lamentou a história da política  brasiliense: “Infelizmente Brasília está com uma elite politica há muito  tempo envolvida em escândalos, malfeitorias, e bandalheira.”
Defesa - Procurado por VEJA, Agnelo disse que se  limitou a assistir aos vídeos. Durval Babosa, no entanto, conta uma  versão diferente. Para mostrar o arsenal que tinha em mãos, segundo ele,  foram entregues a Agnelo dois CDs com áudio de funcionários do então  vice-governador negociando benefícios de empresários em troca de  propina. Durval ressaltou que as gravações serviriam de prova para que o  Ministério Público Federal entrasse no caso.
A chegada dos procuradores federais, no entanto, foi precedida pela  participação especial de Dias Toffoli. O delator confirmou que pediu a  uma de suas assessoras, Christiane Araújo, que entregasse os áudios ao  atual ministro do STF, com quem ela tinha uma relação de muito próxima.  Christiane, que cumpriu sua função, mais tarde chegou a trabalhar na  campanha da presidente Dilma Rousseff, graças à relação próxima que  tinha com o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Toffoli  nega que tenha recebido as fitas.
O inquérito da Operação Caixa de Pandora está em curso no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Fonte: Veja / Bog do Odi