quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Adeus às Ilusões - Arnaldo Jabor





O Brasil está sem assunto. O governo nos surripiou, entre outras coisas, o “assunto”. Tirando a tragédia da água que pode nos secar, estamos condenados a comentar apenas essa crise política e institucional que vivemos. Descobrimos, de boca aberta, a falência múltipla dos órgãos públicos. O Brasil está sendo destruído diante de nós e não podemos fazer nada.

Os petistas no poder roubaram os melhores conceitos de uma verdadeira esquerda que pensa o Brasil dentro do mundo atual e se obstinam em usurpar um genuíno progressismo em nome de uma “verdade” deformada que instituíram. Quem quiser alguma positividade é “traidor neoliberal”, termo muito usado pelos “mestres” militantes que doutrinam milhares de jovens nas universidades.

A academia cultiva a “desigualdade” como uma flor. A miséria tem de ser mantida in vitro para justificar teorias velhas e absolver incompetência. Orgulham-se de um maniqueísmo esquemático, como se a verdade morasse no mais raso reducionismo. O capitalismo explica tudo e é tratado como uma pessoa: “Ihh... Parece que hoje o capitalismo acordou de mau humor” ou “esse capitalismo é mesmo cruel e incorrigível — não para de explorar os pobres”.

O filósofo João Pereira Coutinho disse outro dia na “Folha” uma frase ótima: “Oprimido e opressor não esgotam as relações humanas possíveis, mesmo as desiguais. A luta de classes é uma escolha política, não um dado natural” — na mosca. Somos tecnicamente uma “democracia”, que aliás é vivida como porta aberta para o oportunismo: “Ah... Na democracia tudo pode, é mais fácil roubar numa boa”. Achávamos a corrupção uma exceção, um pecado, mas hoje vemos que o PT transformou a corrupção em uma forma de gestão, em um instrumento de trabalho.

Várias vezes citei uma frase do Baudrillard, que explica a esquerda radical, e repito-a: “O comunismo hoje desintegrado tornou-se viral, capaz de contaminar o mundo inteiro, não através da ideologia nem do seu modelo de funcionamento, mas através do seu modelo de ‘desfuncionamento’ e da desestruturação da sociedade” — vide o novo eixo do mal da América Latina.

Essa zona geral do país começou com o nefasto Lula (o grande culpado de tudo) que teve a esperteza de transformar nossa anomalia secular em projeto de governo. Essa foi a realização mais profunda de seu governo: a adesão sem pudor do patrimonialismo burguês e o desenho de um novo e “peronista” patrimonialismo de Estado. Essa gente desmoralizou o escândalo, a indignação e a ética (essa palavra burguesa e antiga para eles). A maior realização deste governo foi a desmontagem da Razão.
Não é sublime tudo isso?

Nunca antes em nossa história alianças tão espúrias tiveram o condão de nos ensinar tanto. A cada dia, nós nos tornamos mais desesperados, porém mais sábios, mais cultos sobre essa grande chácara de oligarquias. Em nome da esperança, talvez tudo o que ocorre hoje nos ensine muito. Estamos progredindo, pois estamos vendo melhor a secular engrenagem latrinária que funciona nos esgotos da pátria. Há qualquer coisa de novo nesta imundície. A verdade está nos intestinos.

A verdade está sempre no avesso do que dizem. São hábeis em criar um labirinto de desmentidos, protelações e enigmas que vão desqualificando as investigações de coisas como a Petrobras e todos os crimes de seus aliados. E a mentira vai se acumulando como estrume durante anos e acaba convencendo muitos ingênuos de que “sempre foi assim” ou de que “erraram com boa intenção”.

Não só roubaram cerca de R$ 10 bilhões (até agora) desviados da Petrobras e de outros aparelhos do Estado, mas roubaram também nossos mais generosos sentimentos — não arredaram os pés dos velhos dogmas da era stalinista, como aliás os antigos comunas fizeram desde que se recusaram a votar nos social-democratas alemães, fazendo o Hitler subir ao poder.

Já em 1924, Stálin chegou a afirmar: “O fascismo e a social-democracia não são inimigos, mas irmãos gêmeos”. A verdade é que os petistas nunca acreditaram na “democracia burguesa” — eles se orgulham de se fingir de democratas para apodrecer a democracia por dentro.

Um professor emérito da USP “se entregou” e disse: “Democracia é papo para enrolar o povo”. Se bem que o “povo” nem sabe o que é isso e prefere mesmo um autoritarismo populista. Um país de analfabetos sempre espera um salvador da pátria. Estamos prontos para ditadores e demagogos; para administradores e reformadores racionais, não. Enquanto isso, intelectuais sonham com um socialismo imaginário, pois têm medo de ser chamados de reacionários ou caretas.

Continuam ativos os três tipos exemplares de “radicais”: os radicais de cervejaria, os radicais de enfermaria e os radicais de estrebaria. Os frívolos, os loucos e os burros. Uns bebem e falam em revolução; outros alucinam, e os terceiros zurram. Que cenário maldito...

A “presidenta” está pagando pelo erro de querer ser socialista-brizolista e dirigir um país, ah... capitalista. Ignorou Davos na reunião da cúpula da economia e foi à Bolívia se vestir de inca na posse do Morales. Dilma perdeu o controle da zona geral que Lula sabia “desorganizar” com esmero e competência. Dilma não é competente nem para desorganizar.

Não é apenas o fim de dois maus governos; é o despertar de um caos institucional que será mais grave do que pensávamos. Estamos diante de um momento histórico gravíssimo, com a união dos dois tumores gêmeos de nossa doença: a direita do atraso e a esquerda do atraso. Como escreveu Bobbio, se há uma coisa que une esquerda e direita é o ódio à democracia.

O Brasil evolui pelo que perde e não pelo que ganha. Sempre houve no país uma desmontagem contínua de ilusões históricas. Com a história em marcha a ré, estranhamente, andamos para a frente. Hoje, sabemos que somos parte da estupidez secular do país. Assumir nossa doença talvez seja o início da sabedoria. O Brasil se descobre por subtração, não por soma.

Chegaremos a uma vida social mais civilizada quando as ilusões chegarem ao ponto zero.


Arnaldo Jabor é Cineasta e Jornalista. Originalmente publicado em O Globo em 3 de fevereiro de 2015.

Agora a Petrobras ficou mesmo sem Graça. Meirelles vem aí?



2a Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Sexta-feira, o mundo saberá quem vai presidir a Petrobras no lugar de Graça Foster. O nome deve ter o aval da oligarquia financeira transnacional. Por isso, o mais cotado é Henrique Meirelles. Lula adoraria a indicação, mas Dilma não o tolera. Quem vai ocupar o cargo pouco importa: Luciano Coutinho, Rodolfo Landim, Roger Agneli, Alexandre Tombini, Antonio Maciel Neto, Nildemar Secches ou José Ruela. O vício de origem vai continuar: o governo continuará se metendo politicamente nas decisões da empresa muito endividada e com projetos travados por escândalos de corrupção.

Se Graça não jogasse a toalha, junto com outros diretores, os nvestidores minoritários da Petrobras entrariam com ações judiciais urgentemente, pedindo a nomeação de um "interventor" na companhia. O administrador temporário e provisório teria a missão de impedir que se materialize qualquer prejuízo ou dano à empresa e fundamentalmente aos acionistas minoritários, até que o governo da União, acionista majoritário, indique e uma Assembleia aprove os nomes dos novos diretores e conselheiros.

Dilma Rousseff novamente erra na mão e no prazo. A tensa reunião de ontem, que selou o destino da amiga Maria das Graças Foster e demais diretores da Petrobras, foi mais um exemplo do desespero do governo diante do risco concreto de o Petrolão ferir, mortalmente, a governabilidade de Dilma. Depoimentos de testemunhas de acusação nos processos da Lava Jato já relataram que o então diretor da área de Engenharia e Serviços da Petrobras, Renato Duque, mandou pagar parte da propina negociada nos contratos fechados com a Petrobras em forma de doação oficial ao PT. Tal denúncia já basta para um pedido e impeachment de Dilma.

Um parecer elaborado pelo jurista Ives Gandra Martins indica as razões jurídicas para proposição e admissão de um eventual pedido de impeachment contra Dilma Rousseff: “Há, na verdade, um crime continuado da mesma gestora da coisa pública, quer como presidente do conselho da Petrobras, representando a União, principal acionista da maior sociedade de economia mista do Brasil, quer como presidente da República, ao quedar-se inerte e manter os mesmos administradores da empresa. Considerando que o assalto aos recursos da Petrobras, perpetrado durante oito anos, de bilhões de reais, sem que a presidente do Conselho e depois presidente da República o detectasse, constitui omissão, negligência e imperícia, conformando a figura da improbidade administrativa, a ensejar a abertura de um processo de impeachment”.

O depoimento do empresário Augusto Ribeiro Mendonça Neto, dono da PEM Engenharia (Grupo Toyo Setal), deixou claro o quanto a diretoria da Petrobras tinha peso sobre as operações da companhia: “A diretoria da Petrobras tem um peso muito importante na operação da companhia. De modo que a posição de um diretor é absolutamente crucial para o andamento de uma companhia dentro das obras da Petrobras. Eles usavam este tipo de argumentação tanto para discutir as comissões quanto também o pagamento. Ele pode prejudicar se não convidar, ou retirar do processo licitatório com algum argumento, pode atrapalhar em muito o andamento dos contratos. Ajudar é difícil. Muitas vezes pedimos ajuda e eles não tinham poder de ajudar, mas de atrapalhar sempre tinham um poder importante. Era muito mais no sentido de atrapalhar do que de ajudar. Eu diria que seria inimaginável não contribuir”.

Outra denúncia pesada contra a diretoria da Petrobras veio de Julio Camargo - consultor ligado à Toyo Setal e à Camargo Corrêa. Indagado se “houve alguma solicitação de vantagem indevida por parte de algum diretor da Petrobras para obtenção do contrato deste consórcio?”, Julio Camargo respondeu que “sim” e citou especificamente Renato Duque e Pedro Barusco, braço-direito de Duque. O empresário Julio Camargo foi direto ao ponto: “Havia uma regra do jogo que se o senhor não pagasse propina à engenharia e ao abastecimento o senhor não teria sucesso ou o senhor não obteria contrato na Petrobras”.

Por todas essas denúncias formalizadas em depoimentos na 13a Vara Federal em Curitiba, o mercado não engoliu a esdrúxula "demissão programada" da diretoria da Petrobras. A presidenta Dilma Rousseff promete indicar, apenas em março, uma substituta para Graça Foster e seus companheiros. O mais estranho é que a empresa realizou uma assembleia geral no dia 30 de janeiro, dando amplos poderes aos mesmos diretores que, em menos de 48 horas depois, bota na rua da exoneração de cargos. Além disso, o Planalto do Palhasso informa que Dilma escalou o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para buscar, no mercado, quem tem condições de fazer parte do novo Conselho de Administração da companhia.

A pergunta que qualquer pessoa inteligente faz é: Como se demite uma administração coletiva a mando do controlador e se permite que os diretores prossigam na gestão por mais alguns dias sem comprometimento com a transparência ou os resultados advindos dos respectivos comportamentos? Em artigo, abaixo, neste Alerta Total, o desembargador paulista Carlos Henrique Abrão, emite uma opinião como jurista: "A contradição se encerra na circunstância. A demissão é plena. A CVM precisa ser comunicada, como a Bovespa, e assim o mercado precificar o que acontecerá definitivamente. Demitir com data marcada significa o mesmo que consentir com tudo que está sendo feito de errado para destruição do capital público, construído há décadas pela sociedade brasileira".   

Pode continuar usando a faixa


Por Dilma ficou sem Graça?

Foi patético que Dilma tenha firmado um acordo para que a amiga Graça e todos os diretores da Petrobras deixem os cargos apenas em março, logo depois da reunião do Conselho de Administração da empresa onde será apresentado o balanço financeiro referente a 2014.

A maior pressão de bastidores pela saída de Graça veio do inevitável risco de que ela venha a ser indiciada, junto com a diretoria da gestão de José Sérgio Gabrielli, por tudo denunciado no Petrolão.

Além da pressão do ex-presidente Lula da Silva, de Aloísio Mercadante e de parte da equipe econômica, Dilma resolveu tirar Graça já que ele vinha pedindo sistematicamente para sair do comando da estatal, sem ser atendida...

Primeira instância neles...

Pelo menos 81 parlamentares federais não reeleitos perderam o foro privilegiado e deixarão de responder processos no Supremo Tribunal Federal (STF).

As ações e inquéritos contra quatro senadores e 77 deputados irão para outras instâncias, tendo de ser analisados por outro juiz.

O fim dessa "dancinha do foro privilegiado" é uma das maiores demandas da sociedade brasileira no combate à corrupção no meio político.

Defenda-se como puder...


Retorno do Mangabeira

O ex-ministro Mangabeira Unger voltará, na quinta-feira, ao comando da Secretaria de Assuntos Estratégicos, substituindo o atual ministro Marcelo Néri.

Mangabeira esteve à frente da SAE ente 2007 e 2009, quando deixou o governo na ocasião para reassumir o cargo de professor na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Dilma só não explicou publicamente por que tirou Neri... 

Beijinho


Cachorrada


O retorno




© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 4 de Fevereiro de 2015.

CHARGE DO WALDEZ

Esta charge do Waldez foi feita originalmente para o

PT recebeu propina de R$ 4 milhões, revelam documentos


Segundo os papéis, o grupo Toyo Setal pagou, ao menos, R$ 4 milhões em propina, na forma de doação oficial ao partido

  • Roger Pereira
Roger Pereira
Direto de Curitiba
atualizado às 15h03

Comprovantes de doação feita pelo grupo ao PT Foto: Reprodução
Comprovantes de doação feita pelo grupo ao PT
Foto: Reprodução
Documentos entregues pelo engenheiro Augusto Ribeiro de Mendonça Neto em seu acordo de delação premiada revelam que o grupo Toyo Setal pagou, ao menos, R$ 4 milhões em propina, na forma de doação oficial ao Partido dos Trabalhadores. De acordo com os documentos apreendidos pelo Ministério Público Federal, três das empresas comandadas por Mendonça (Setal Óleo e Gás, Setec Tecnologia e PEM Engenharia) fizeram, entre outubro de 2008 e março de 2012,  29 doações ao partido, num total de R$ 4.160.000,00.
A grande maioria das doações foi feita ao diretório nacional do partido. Mas também foram beneficiados o PT da Bahia (R$ 100 mil doados pela Setec em outubro de 2008), de Porto Alegre (R$ 250 mil, doados pela Setal óleo e Gás em dezembro de 2011) e de São Paulo (R$ 250 mil, da Setal, em março de 2012).
Mendonça, que em depoimentos prestados ontem e na segunda-feira à Justiça Federal do Paraná confirmou o pagamento de propina para a obtenção de contratos com a Petrobras e a existência do “clube das empreiteiras” para negociar diretamente com a estatal, declarou ao juiz Sérgio Moro ter pago propina ao ex-deputado José Janene, aos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque e, a pedido de Duque, disse ter feito doações a campanhas ou a diretórios petistas como forma de pagamento das “comissões” negociadas na estatal.
O representante da Toyo Setal volta a depor nesta tarde, no terceiro dia de audiências, que, desta vez, ouvirá as testemunhas do processo relacionado às irregularidades que teriam sido cometidas pela OAS no âmbito da Operação Lava Jato. Além dele, voltam a depor o delegado Márcio Adriano Anselmo, o consultor Júlio Camargo, a contadora Meire Poza e o empresário Leonardo Meirelles.
Comprovantes de doação feita pelo grupo ao PT Foto: Reprodução
Comprovantes de doação feita pelo grupo ao PT
Foto: Reprodução
Comprovantes de doação feita pelo grupo ao PT Foto: Reprodução
Comprovantes de doação feita pelo grupo ao PT
Foto: Reprodução
Dispensada
Com depoimentos previstos para amanhã e sexta-feira, a geóloga Venina Velosa, ex-gerente da área de abastecimento da Petrobras, foi dispensada pelo Ministério Público Federal. Os promotores entenderam que o depoimento já prestado pela geóloga foi pouco esclarecedor e não trouxe contribuição para essa fase do processo, em que se apura a responsabilidade das empreiteiras pela formação de cartel e manipulação dos contratos com a Petrobras.
fonte - http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/pt-recebeu-propina-de-r-4-milhoes-revelam-documentos,6603d6adf655b410VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html

Depoimento de lobista confirma que Petrobras era um centro de extorsão

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015


É preciso saber qual é a natureza do jogo. Não estamos diante de uma questão sem resposta, se o ovo ou a galinha veio primeiro. O que veio primeiro foi um projeto de poder da companheirada. O resto foi um esforço para buscar as fontes de financiamento do assalto ao Estado.

O lobista Júlio Camargo, ex-conselheiro de administração da Toyo Setal, prestou depoimento, não sigiloso, à Justiça Federal do Paraná. E falou o óbvio: “Havia uma regra do jogo de que, se não pagasse propina às diretorias de Engenharia e Abastecimento, uma empresa não teria sucesso ou não obteria contratos da Petrobras. Não posso dizer que era 100%, mas pelo menos nos principais, não tenho dúvida”. 
A diretoria que ele chama de “Engenharia” é a de serviços, cujo titular era o petista Renato Duque. O titular da de Abastecimento era Paulo Roberto Costa. Eis aí: com o tempo, até pode ser que a corrupção tenha se naturalizado, mas as empresas sabiam que tinham de pagar o preço.
O Ministério Público quis saber como as empresas poderiam ser prejudicadas. Ele deixa claro que a quadrilha alegava os mais variados óbices técnicos. Vale dizer: o poder estava com a bandidagem.
O depoimento de Camargo, um dos que fizeram acordo de delação premiada, deixa clara a natureza obviamente política do jogo e que a estatal havia se transformado num centro de extorsão. Pior: a cada vez que um depoimento desses vem à luz, cresce a indenização que a Petrobras terá de pagar a investidores no exterior. Abaixo, segue o depoimento de Camargo. Por Reinaldo Azevedo

CHARGE DO SPON - Agora vai...


Cunha empareda governo e agiliza reforma política que o PT não quer


O novo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), emparedou o governo já em seu primeiro dia no comando da Casa. Cunha driblou o PT e permitiu o avanço de uma emenda constitucional com propostas de reforma política não prioritárias para o partido, entre elas um teto de despesas de campanha, a instituição do voto facultativo, a criação de cláusulas de barreira e o fim da reeleição para cargos do Executivo. Apesar dos esforços de deputados petistas e da base aliada, decidiu-se em votação simbólica que o projeto reúne os requisitos formais para seguir em tramitação. Agora, será criada uma comissão especial para discutir o mérito da matéria. 

O nó da questão para o PT é o financiamento privado de campanha – prática que o partido do governo sonha em proibir. Os petistas alegam que vetar doações eleitorais de empresas significaria também dar fim aos esquemas de caixa dois e aos laços entre políticos e grandes companhias – como as empreiteiras, atualmente no centro da Operação Lava Jato. Durante reunião do Diretório do PT, no fim de 2014, a presidente Dilma Rousseff chegou a dizer que a origem da corrupção está no financiamento privado de campanha, classificado por ela como “a semente de um processo incontrolável”. 
O argumento ignora o fato de que a derrama de dinheiro público nas campanhas não eliminaria o incentivo para que as legendas e os políticos continuassem a buscar dinheiro de maneira clandestina para alimentar suas atividades. Tampouco declara que o PT seria o maior beneficiário do financiamento público exclusivo.  Atualmente, cabe ao partido a fatia mais gorda do fundo partidário – o fundo que financia as atividades de agremiações políticas. Esse dinheiro, que é público, é dividido entre os partidos conforme o número de votos para a Câmara e o tamanho da bancada de deputados eleitos. O PT elegeu o maior número de deputados em 2014.
Ao longo de tumultuada sessão desta terça-feira, o líder do PT, Vicentinho (SP), não escondeu o receio de ver a bandeira petista derrotada. Pela proposta em discussão, o financiamento de campanha pode ser privado, público ou uma combinação dos dois, a critério do partido. O projeto também institucionaliza as chamadas doações ocultas, repasses que são feitos diretamente para o caixa dos partidos e não para os candidatos. “Falta apenas um voto para acabar com o financiamento privado. O fim do financiamento dos grupos econômicos torna esta Casa mais independente”, disse o petista. Ele fazia referência ao julgamento sobre financiamento de campanhas que transcorre no Supremo Tribunal Federal. A votação ainda não foi encerrada por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. Falta um único voto para que a tese do financiamento público exclusivo saia vencedora. 
Cunha decidiu levar a proposta ao plenário após a matéria ficar engavetada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por iniciativa de deputados do PT. É nessa comissão que é analisada a admissibilidade das matérias. Como o projeto não tinha andamento há mais de um ano, Cunha invocou o prazo de cinco sessões estipulado pelo regimento da Câmara para que a admissibilidade de um tema seja apreciada.  “O objetivo não é atropelar e impor nenhum tipo de matéria. É dar uma resposta à sociedade”, disse, ironizando o fato de que, embora essa seja uma bandeira de campanha de inúmeros políticos – entre eles a própria presidente Dilma –, os deputados “fogem” na hora de votar a reforma política. 
Mudanças
A reforma política em discussão abre espaço para doações de recursos por entidades sindicais – hoje proibidas de doar – a fundos especificamente arrecadados para fins eleitorais e propõe que seja fixado em lei um valor máximo para as doações de pessoas físicas e jurídicas. Pelas regras atuais, empresas podem doar até 2% do seu faturamento bruto do ano anterior à eleição. No caso de pessoas físicas, a limitação é 10% do rendimento do ano anterior ao pleito. 
No conjunto de propostas sobre mudanças político-eleitorais ainda estão o fim da reeleição para presidente, governador e prefeito e a criação de federações partidárias em que as coligações de partido formadas para a disputa de eleições para deputado e vereador devem permanecer juntas até o fim da legislatura. Por Reinaldo Azevedo

CHARGE DO DUKE

Duke, hoje no O Tempo (MG)

São descobertos escritos que revelam a vida dos judeus exilados na Babilônia por Nabucodonosor


Povo de Israel - "Eles não eram escravos", disse o historiador. "Nabucodonosor não era um governante brutal em relação a isso. Ele sabia que precisava dos judeus para reanimar a economia babilônica".

A descoberta de antigas placas de argila no Iraque está esclarecendo a vida cotidiana dos judeus exilados na Babilônia, há cerca de 2.500 anos. São mais de 100 tabuletas, cada uma do tamanho da palma da mão de um adulto, que mostram os detalhes e acordos feitos entre judeus expulsos de Jerusalém e o rei Nabucodonosor, por volta de 600 a.C.

"Nós começamos a ler as placas e em poucos minutos estávamos absolutamente atordoados. Elas preenchem uma lacuna crítica na compreensão do que estava acontecendo na vida dos judeus na Babilônia mais de 2.500 anos atrás", disse Filip Vukosavovic, especialista na Babilônia antiga, Suméria e Assíria.

Nabucodonosor, um poderoso governante da Babilônia, foi a Jerusalém várias vezes enquanto procurava espalhar seu reino. Uma dessas visitas coincidiu com a destruição do primeiro templo de Jerusalém em 586 a.C., onde ele forçou o exílio de milhares de judeus.

"Eles não eram escravos", disse Vukosavovic. "Nabucodonosor não era um governante brutal em relação a isso. Ele sabia que precisava dos judeus para reanimar a economia babilônica." Um exemplo disso foi Daniel, um homem posicionado em Deus que se tornou o braço direito de Nabucodonosor.

As tabuletas também detalham a vida de uma família judaica ao longo de quatro gerações, começando com o pai, Samak-Yama, passando para seu filho, depois o neto e o próximo neto com cinco filhos, todos com nomes hebraicos bíblicos.

"Nós até sabemos os detalhes da herança feita para os cinco bisnetos", disse Vukosavovic. "Por um lado são detalhes chatos, mas por outro, você aprende muito sobre quem são essas pessoas exiladas e como viviam."

Vukosavovic descreve as placas como o complemento de um quebra-cabeça de 2.500 anos. Enquanto muitos judeus voltaram para Jerusalém, quando os babilônios permitiram sua libertação após 539 a.C., muitos outros ficaram e construíram uma vibrante comunidade judaica, que durou dois milênios.

A exposição das peças está acontecendo no Museu Terras Bíblicas, em Jerusalém.

Fonte: Guiame, com informações de Reuters

Graça Foster renuncia à presidência da Petrobras



Executiva e mais cinco diretores deixam a estatal. Novos executivos serão eleitos em reunião do Conselho de Administração na próxima sexta-feira
 Veja.com

A presidente da Petrobras Graça Foster (Evaristo/AFP/VEJA)

A presidente da Petrobras, Graça Foster, e cinco diretores da companhia renunciaram ao cargo e novos executivos serão eleitos em reunião do Conselho de Administração que será realizada na sexta-feira. As renúncias foram comunicadas pela própria estatal nesta quarta em um ofício ao mercado.

A saída da diretoria acontece em meio às investigações de um escândalo bilionário de corrupção e a dificuldade da atual gestão da companhia para quantificar os prejuízos com fraudes em contratos de obras durante anos. 

Ações – As ações da Petrobras voltavam a disparar nesta quarta-feira reagindo à renúncia de Graça. Na terça, rumores sobre a saída da agora ex-presidente da estatal levaram os papéis da Petrobras à maior alta em 16 anos.

Às 11h desta quarta, os papéis preferenciais da companhia subiam 6%, enquanto as ações ordinárias avançavam 6,33%. No mesmo instante, o Ibovespa tinha valorização de 0,51%. 

"Qualquer mudança na companhia tem viés benéfico, pois mostra que o governo está empenhado em fazer de tudo para que ela não perca o grau de investimento", disse o gerente de renda variável da Fator Corretora, Frederico Ferreira Lukaisus, logo após a notícia. 

Em relatório a clientes, antes do anúncio, comentando os rumores sobre a iminente saída de Graça Foster, o analista Frank McGann, do Bank of America Merrill Lynch, ponderou que encontrar substitutos não será fácil. Para McGann, será fundamental a nova diretoria combinar força técnica e um maior nível de independência do que o visto nos últimos anos. 



Substituto - O governo busca um executivo para comandar a estatal que preferencialmente seja ligado ao setor de petróleo, afirmou à Reuters na terça-feira uma fonte do governo. O objetivo é ter uma nova diretoria composta por nomes do mercado e também da empresa, disse a fonte. 

A presidente Dilma Rousseff procura definir ainda em fevereiro o nome para comandar a estatal, após ter aceito a demissão de Graça Foster em uma reunião em Brasília na terça-feira, afirmou a fonte. 

A próxima diretoria terá a missão de apresentar o balanço do quarto trimestre auditado até o fim de abril, já com baixas contábeis necessárias devido ao escândalo de corrupção. Caso não cumpra o prazo, a diretoria terá que conversar com credores para a postergação dos resultados. No entanto, há credores que acreditam que a empresa já pode ser declarada inadimplente em bilhões de dólares em dívida, mesmo tendo divulgado os resultados atrasados do terceiro trimestre dentro de um prazo autoimposto.

Novos sustos na conta de luz - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE


CORREIO BRAZILIENSE - 04/02

O consumidor que se acostumou com o adicional de R$ 3 em cada 100 kWh que gastar não deve achar que esse é o único preço que terá de pagar pelo erros do governo no setor elétrico. É que a falta de água nos reservatórios é só mais um motivo para os aumentos que vieram e para os que, ainda neste trimestre, virão.

As trapalhadas do primeiro governo Dilma Rousseff no setor elétrico foram o ponto de partida para a desarrumação geral que deixou as concessionárias da geração em sérias dificuldades. Todos se lembram da presidente anunciando, em rede de televisão, em setembro de 2012, que o governo havia promovido uma expressiva redução nas tarifas de energia elétrica pagas por todos os brasileiros.

Tomada de maneira inadequada e em momento inconveniente, a decisão, além de gerar perda de caixa nas geradoras, estimulou o consumo, quando já eram claros os sinais de que o país entrava em temporada de pouca chuva, da qual não sabia a duração nem a intensidade. As mudanças fizeram parte de um plano que incluiu a polêmica antecipação da renovação dos contratos de concessão, fato que inibiu investimentos das concessionárias privadas e constrangeu as estatais.

Foi nesse quadro que se agravou a crise hídrica, forçando o acionamento quase total e permanente das usinas térmicas. Essas usinas, por consumirem combustível fóssil (derivado de petróleo), geram energia mais cara do que a das termelétricas. Por isso, só devem ser usadas emergencialmente ou em caso de secas severas. Pego desprevenido pela seca, o governo acionou as térmicas em vez que fazer uma campanha de racionalização do consumo ou, até mesmo, um racionamento administrado para afetar menos a população.

Depois de abusar da crítica ao racionamento ocorrido entre julho de 2001 e fevereiro de 2002, no segundo mandato do tucano Fernando Henrique Cardoso, o governo Dilma Rousseff ficou refém desse discurso e jamais admitiu que o país tem estado à beira de um apagão. Isso o impediu de agir racionalmente ante a realidade da seca.

A necessidade de fazer um ajuste fiscal severo para recolocar as contas públicas em nível aceitável impede o governo de continuar varrendo o custo da desarrumação do setor elétrico para debaixo de tapete do Tesouro Nacional, como fez até o ano passado. Agora, tudo começa cair na conta do consumidor. A primeira alteração foi a adoção das bandeiras tarifárias: verde se estiver tudo bem, amarela como sinal de perigo, e vermelha, quando todos terão de pagar pela diferença do custo da energia gerada pelas térmicas. O que o consumidor precisa saber é que o governo já cogita aumentar a sobretaxa representada pelas bandeiras. A vermelha pode subir 50% ou mesmo 100% já no mês que vem.

A segunda notícia ruim para o consumidor veio ontem. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abriu a temporada 2015 de ajustes de tarifas. Os percentuais assustam e contradizem o que o novoministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, vinha dizendo. A agência autorizou os primeiros reajustes do ano para seis distribuidores, cinco de São Paulo e um da Paraíba. Em alguns casos, o aumento superou os 40%, como o da CPFL Jaguari: 45,7% em média, com as indústrias de maior pagando 48,85% a mais. É sempre possível dizer que a pior energia é a que falta, mas o consumidor tem o direito de saber por que razão vai pagar mais caro para a luz continuar acesa.