sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

FAÇA O BEM, EM SILÊNCIO



Um vídeo no Facebook despertou minha atenção: no metrô, um grupo filmou o amigo cedendo o lugar para uma idosa. Até aí, tudo bem — mesmo sendo um direito da senhora, não custa nada ser gentil. Porém, ao final do vídeo, o bom samaritano vai ao encontro dos amigos e é recebido com festa. Seu gesto foi celebrado como um feito heroico!
Se eu estiver errado, por favor, me corrijam, mas desde quando ser educado, ser gentil se transformou em ato nobre, digno de plateia e aplausos? Ser educado e gentil é, no mínimo, uma obrigação do ser humano.
Infelizmente, estamos vivendo em um mundo raso. Devido à carência generalizada, muitas pessoas necessitam cada vez mais da aprovação alheia para se sentir bem. Os aplausos, os elogios e a admiração nos dão enorme sensação de prazer. Consequentemente, gestos que, até então, eram considerados simples, estão sendo banalizados.
Cobramos de políticos e autoridades, saímos às ruas sedentos por justiça. Destacamos que queremos um país melhor, porém nossas atitudes são artificiais: o exibicionismo continua o mesmo. Educação, gentileza, solidariedade e gratidão são virtudes do nosso caráter; compartilhá–las deveria ser um gesto espontâneo, único, sem a necessidade de ser viralizado por meio de vídeos ou fotos. Aliás, desde quando atos solidários precisam de propaganda?
Exemplos não faltam. Independentemente da religião ou credo, grandes líderes se preocupavam mais com a resolução de problemas coletivos do que apenas dos individuais. Dispensavam o olhar alheio. Fama, fortuna e poder pouco lhes importavam. Preferiam o anonimato a cem anos de aplausos.
Não nascemos sujeitos morais, tampouco, cidadãos, mas devemos nos tornar sujeitos morais e sermos educados para a cidadania. Isto é, refletir sobre os nossos valores ajuda a nos tornarmos melhores.
Ora, em um mundo no qual as aparências e a competividade são exaltadas como valores supremos, como esperar que nossos líderes — ou nós mesmos —, pratiquem a educação, a gentileza, a solidariedade? A resposta não é simples. Entretanto, os maiores exemplos estão aí para ser seguidos, não apenas para ser citados. O egoísmo ainda é uma tendência acoplada a nós. O altruísmo, por outro lado, é uma cultura a ser cultivada.
Gestos banais não podem ser vistos como um luxo, ou seja, dar o lugar a uma velhinha não tornar você um bom samaritano!

O que é Leninismo?

Posted: 07 Jul 2016 04:32 AM PDT

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja

O que é o Leninismo, distinguindo-o do simples Marxismo? É uma doutrina de força absoluta e violência, com o objetivo de implantar uma ditadura de classe. Lenin, em 1920, definiuditadura da seguinte forma: “No conceito científico, ditadura, significa, nem mais nem menos, o Poder ilimitado, repousando inteiramente na violência sem limite e sem ser restringido por qualquer lei ou regras absolutas. Nada mais que isso”. É por isso que o chefe da Cheka (antecessora do KGB), Felix Dzerhinski, disse, em seu primeiro discurso: “Não pensem que estou à espreita de formas de justiça revolucionária. Não temos necessidade de justiça agora”.   
A perseguição de Lenin aos revolucionários sociais, que no final de contas estavam trabalhando para os mesmos fins, estava baseada na idéia de Karl Marx da necessidade da ditadura e da violência, que por sua vez se fundamentava na decepção pessoal de Marx pelo insucesso da Revolução de 1848. Assim, pois, ele considerava a perseguição e a prisão sem restrições dos social-democratas, como uma necessidade para a salvação da revolução. Quando, nas eleições de novembro descobriu que os bolcheviques estavam em minoria (bolcheviques, 9 milhões; revolucionários sociais, 20 milhões; num total de 36 milhões) e rejeitou o pedido dos ferroviários em prol de um governo de coalizão, 5 membros do Comitê Central pediram demissão e 11 dos 15 Comissários do Povo predisseram o “estabelecimento de um regime irresponsável”.
No Leninismo estavam presentes os seguintes elementos:
- detenções desumanas e aprisionamento dos socialistas não bolchevistas e dos líderes dos lavradores (1918-1922);
- Repressão aos Sindicatos (“Todo este inútil sindicalismo deve ser atirado na lata de lixo” - Lenin);
- Proibição de greves (1920, 1921, 1922 e Congresso do Partido);
- Direção central das fábricas (1921);
- Tiroteio contra trabalhadores desarmados (10 de janeiro de 1918);
- Subjugada a rebelião de trabalhadores e marinheiros (Kronstadt, 1921);
- O princípio de manter famílias como reféns (Rebeldes de Kronstadt, 1921);
- Atribuir a greve dos trabalhadores ao “trabalho dos intervencionistas coligados e dos espiões franceses” (1921);
- Opressão da Oposição Trabalhista e exigência de cessação de toda oposição dentro da liderança do Partido (1921);
- Exílio para a Sibéria e trabalhos forçados àqueles que forem ”reconhecidos como perigosos para a estrutura soviética”.
Desse modo Stalin teve muito com o que se guiar quando quis basear-se no “marxismo-leninismo”. A real contribuição do Stalinismo, distinguindo-se do marxismo-leninismo, consistiu em reforçar a unidade do Partido e o assassinato de toda oposição, o que Lenin não cometeu. Kruschev denunciou o Stalinismo, mas manteve os princípios do Leninismo.
Em suma, o Leninismo encarava o terror como uma medida necessária durante o período da revolução, na expectativa de uma sociedade sem classes, que logo surgiria. O Stalinismo olhava o terror como uma medida permanente “depois que o socialismo fosse concluído”. Há também aí uma diferença essencial: Lenin matou todos os seus inimigos; Stalin todos os seus amigos.
Há também uma diferença entre stalinismo e Alcaponismo: ambos assassinavam os cúmplices de seus crimes, mas Stalin foi mais longe e assassinou seus colaboradores de confiança – Yagoda, Yezhov – e amigos de toda a vida – Yenikdidze, Orjonikidze -, o que Al Capone nunca fez.
O marxismo não admite o papel do indivíduo. O Comitê Central negou formalmente que tivesse sido o trabalho de uma só pessoa sua revolução de 30 de junho de 1956, depois da denúncia de Kruschev: “Imaginar que uma só personalidade, mesmo tão proeminente como a de Stalin pudesse mudar toda a nossa ordem política e social, significaria entrar em profunda contradição com os fatos, com o marxismo e com a verdade...”. 

Se Marx se revolvesse em sua sepultura pelo que Stalin fez ao trabalhador, seria também uma forma de revolução silenciosa, porém não necessariamente mais macabra do que aquela que se realizou sobre a terra.
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O texto acima é o resumo de um dos capítulos do livro “O Nome Secreto”, da coleção “Espírito do Nosso Tempo”, de autoria de Lin Yutang, editado pela Editora Itatiaia Ltda, em 1961.


Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

FONTE - http://www.alertatotal.net/2016/07/o-que-e-leninismo.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+AlertaTotal+%28Alerta+Total%29